quarta-feira, 8 de abril de 2009

Vôo corajoso

Todo ano aparece uma leva de novas cantoras brasileiras, algumas a reboque de uma produção que descaracteriza a artista, e outras que se oferecem ao público sem efeitos especiais e com muita coragem. Tiê faz parte desse último time. A bela mocinha lançou recentemente seu primeiro trabalho Sweet Jardim, bem acústico e low-fi, amparado apenas pela voz pequena da paulistana, um violão, uma guitarra aqui, um piano acolá e outros poucos instrumentos.

Sweet Jardim é uma surpreendente lição de simplicidade e talento. Com ecos de folk, apesar da cantora negar essa tendência, Tiê mergulha em letras confessionais com melodias suaves e despretensiosas. E talvez seja isso que encante. Como em “Passarinho”, onde ela brinca com o próprio nome na poesia montada em melodia marcante: “Quando mamãe olhou pra mim, ela foi e pensou, que um nome de passarinho me encheria de amor. Mas passarinho, se não bate a asa logo pia, e eu, que tinha um nome diferente, já quis ser Maria”. E complementa faceira: “Ah, como é bom voar.”

Tiê se investe de romantismo, sem qualquer acento piegas, em quase todas as suas letras. A compositora fala de si mesmo, revelando sem medo clássicos desejos, como na bela “Chá Verde”, onde canta e toca piano, acompanhada de um coro de vozes de amigos: “Mas o que eu penso mesmo, é encontrar alguém, que me dê carinho e beijos, e me trate como um neném. Me trate muito bem”. Também em “Te Valorizo” (veja clip na barra de vídeo ao lado), uma das melhores do álbum, ela aguarda alguém que a encha de beijos. Será que ninguém se habilita?

Nada supera, contudo, o acerto da melodia e letra de “A Bailariana e o Astronauta”, uma das mais tocantes e inspiradas do CD. A tristeza de música, arredondada por sutis cello e vibrafone, é contrabalanceada pela poesia, uma bem contada história de amor e esperança. Tiê, com sua voz mansa e que lembra a da mineira Fernanda Takai, tem habilidade para arquitetar composições que tocam a alma. E com Sweet Jardim ela empreende um vôo musical que pode levá-la longe.

Cotação: 3

Voe junto, mas antes copie e cole:

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terça-feira, 7 de abril de 2009

De volta ao começo

De volta as resenhas de disco, a primeira em 2009, depois de um longo e tenebroso inverno. E começo com o último de uma banda que sempre me agradou, And You Will Know us by The Trail of Dead, apesar da instabilidade criativa desses texanos. Acho superbacana o Source, Tags & Codes, discaço de 2002, aliás, o preferido – e com razão – dos fãs mais fiéis.

Os caras lançaram no início deste ano um trabalho chamado The Century of Self, no qual recobram, a meu ver, parte da energia que caracterizou o início da carreira da banda. Pra quem não conhece, os norte-americanos do You Will Know... primam por uma sonoridade multifacetada, onde guitarras distorcidas e barulheira sônica promove um inusitado e inesperado casamento com orquestrações e pianos delicados.

E não é que os sujeitos tomaram um chá de inspiração e se recuperaram das bobagens que produziram nos últimos três anos. The Century of Self começa com “Giants Causeway”, música instrumental de primeira, grandiloqüente e melodiosa, assim como aconteceu na abertura da já citada obra-prima Sources Tags & Codes.

O bom sinal anima o ouvinte. Até porque, as três músicas seguintes, “Far Pavillions”, “Isis Unveiled” e “Halcyon Days”, com destaque para a última, encontra a banda afiada, fazendo sua típica musica com muitas quebras de andamento, melodia pegajosa, arranjos redondos e buliçosos. Tem espaço até para citação da clássica Bolero, de Ravel, em uma delas, sem falar nas viagens psicodélicas que remetem aos loucos anos 70.

Lá pelo meio, o disco vai perdendo um pouco a força e ganhando apelo pop (!) quando entra no universo das baladas. Não que a banda tenha que ser sempre esfuziante, mas ela é mais eficiente quando faz barulho. Ainda mais com o agravante do vocal de Conrad Keilly, com timbre parecido com o de Perry Farrell, do Jane’s Addiction, não ser lá muito marcante. Mas, há que se chamar atenção para as lindas “Inland Sea” e “Ascending”, duas das melhores do disco.

Entre mortos e feridos, The Century of Self é um sopro de renovação dessa banda que ganhou lugar cativo no coração de muita gente. Mesmo não sendo uma brastemp, dá pra ouvir com gosto.

Cotação: 4

Vá lá no ctrl C ctrl V:

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quinta-feira, 2 de abril de 2009

Dando a cara a bofete

Roberto Carlos de cueca samba canção fica mal na foto? Que nada. Pelo menos é o que pode ser percebido no divertido site http://www.sleevefacebrasil.blogspot.com/. A idéia é simples e funciona muito bem. Pegue uma capa ou mais do bom e velho vinil, “acople” ao seu corpo ou de um amigo e peça alguém para fotografar. O resultado são fãs ou meros tiradores de onda emprestando parte do corpo para personificar um ídolo da música pop.

Impossível não abrir um sorriso vendo a moçoila dando uma de Chispita(alguém lembra?) ou um marmanjo imitando o Johnny Mathis segurando um fofo ursinho de pelúcia na mão ou até mesmo nosso “rei” Roberto (foto acima), na pele de um criativo fã, numa situação nada nobre. Tudo feito com composições de capas de disco. Um grande barato. Vá no blog, que foi uma dica do krebão (valeu, cara), e se divirta.

sexta-feira, 20 de março de 2009

Falta Melodia

Luiz Melodia um dia foi considerado “marginal” pela Música Popular Brasileira oficial, numa dessas classificações burras de quem precisa departamentalizar tudo nesta vida. Ele e mais uns loucos bons de verbo e atitude como Jards Macalé, Tom Zé, Sérgio Sampaio, Wally Sailormoon e Torquato Neto. Uma turma da pesada contaminada pelo vírus do inconformismo. Fins de 60, plenos anos 70 de porralouquice e experimentações sonoras em que os citados “marginais” eram peças chaves.

Melodia esteve em Brasília nesta quinta-feira, 19 de março, falando sobre suas criações e influências. Era o projeto Caminhos Poéticos da Canção, do Centro Cultural do Banco do Brasil. Entre a execução contida de algumas pérolas de seu cancioneiro, como “Estácio Holy Estácio”, “Estácio Eu e Você” e “Fadas”, ele falou um pouco desse tempo em que compor músicas era se preocupar menos com o mercado e mais com a arte de fazer poesia e melodias marcantes.

O artista foi considerado "marginal" por um e outro conservador porque, vindo do morro carioca, teimava em fazer variações em sua música que não passavam absurdamente, segundo os críticos da época, pelo samba. Gênero que, no final das contas, fez com que ele mergulhasse no mundo da música. Os ouvidos abertos do músico permitiram com que abusasse genialmente de tudo aquilo que lhe tocava a alma: jazz, blues e rock. Samba ele deixaria para fazer mais tarde na vida.

A mistura melodiosa de raízes negras culminou numa obra com acento personalista e que até hoje mantém um fiel público cativo. “Foi por sua causa que eu deixei de ouvir a Xuxa”, disse na platéia interativa uma fã das mais alvoroçadas. Uma prova de que ser “marginal” pode ser um belo remédio para curar pragas e ouvidos maleducados.

A autenticidade de Luiz Melodia faz falta hoje em dia. Poucos incomodados com a preguiça latente da nova geração de músicos tentam fazer composições com conteúdo e aura. Perguntado pela ex-fã da Xuxa o que achava da produção atual da MPB, Melodia perdeu o rebolado e disse por entre os dentes, talvez com medo de ferir suscetibilidades, “meio fraquinha, né...”.

Quem for olhar com mais acuidade o que se produz hoje na MPB, pelo menos o que chega às prateleiras das lojas, há de concordar com o negro gato. É mesmo: o que está faltando hoje em dia é melodias, macalés, toquartos e sampaios. Falta Melodia. Muita Melodia.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Terra que bode come, nada brolha

O senhor sequelado na porta daquele primeiro andar pintado de um vermelho esquisito. Os olhos voltados para a rua sem querer enxergar nada. Uma noite qualquer em Chaval, na divisa do Ceará com o Piauí. A noite em descompasso com o relógio, andando lerda, desafiando os sentidos. Um restaurante encrustrado na casa de interior pronto pra rescender os sabores mágicos do sertão. Tudo tão familiar e eu e meu irmão postados ali, com uma fome de titã rebuscando o passado, enlevados com o que víamos e ouvíamos.

A clientela misturada ao cotidiano da casa e seus habitantes, estes bem a vontade diante de tudo. O espaço deles, dominado desavergonhadamente. Nós dois ali, estrangeiros, curiosos com tamanha autenticidade e naturalidade da família de dona Fátima, a tia Fátima, dona da casa e de mãos de ouro. Pedimos o frugal, mas a tia ofereceu o especial: uma galinha caipira. "As partes mais humildezinhas", disse. A iguaria, feita com maestria, atiçou o paladar com seu sabor de alho e ervas sertanejas.

A farra do paladar só era interrompida com o senhor que, de quando em vez, era instigado a abandonar sua placidez para pescar, em câmera lenta, uma cerveja de dentro do freezer. Ele, que pouco falava, era um farol de bondade na sala com suas mesas arrumadas matematicamente e cobertas com toalhas coloridas. E ela, nossa tia boa de fogão, uma mulher que se incendiava com o verbo. Língua acesa. Várias histórias contadas, frases memoráveis, como "terra que bode come, nada ali brolha(brota, no dizer da senhorinha)". E a noite, feito criança, não se cansava de brincar com as horas.

Noite mágica essa, onde os sentidos, reféns de um tempo perdido que teimava em se perpetuar, fizeram uma grande festa. Fim de papo. E o resto é só memória e poesia.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Que venga el toro

O blog entra em 2009 de cara nova. Renova-se no aspecto e também no conteúdo. Deixa de ser apenas uma página de impressões musicais minhas e de meus amigos colaboradores. Vai crescer em pretensão porque abre-se para outros assuntos e visões do mundo. De cinema a literatura. De gastronomia a esportes. De fatos que mexem com todos nós ou simplesmente aqueles que nos instigam individualmente.

O Todoouvido vira um blog com mais personalidade, porque é na abrangência e na exposição de múltiplas idéias que seus autores mostram-se mais completos e transparentes.

A música, contudo, continua sendo a menina dos olhos(ou seria dos ouvidos?) do blog. As novidades fonográficas, os álbuns que tocam a alma ou que tornam-se hype mundo afora, a banda que comercialmente vinga ou aquela que continua na obscuridade, apesar de seu potencial artístico, enfim, continuaremos de ouvidos bem abertos.

Que venha 2009, bufando e vigoroso como um touro na arena. Venha com disposição. Porque a gente está preparado para traçá-lo.

quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

10 mais do Krebão

Com uma certa demora, mas ainda em 2008, seguem os 10 discos que mais me chamaram a atenção neste ano. Por não ter ouvido, posso ter deixado escapar muita coisa elogiada nas listas de revistas especializadas em música: Ting Tings, Glasvegas, Foals, Sigur Rós. Outras, escutei pouco mas não me impressionaram pra entrar nas melhores: TV On The Radio, Vampire Weekend, Santogold, MGMT, Fleet Foxes. E tem aquelas que escutei nos últimos dias, como The Kills e The Last Shadow Puppets (e que gostei, mas preciso escutar mais, assim como Killers e Keane, que numa primeira audição me decepcionaram). Perfeccionismos a parte, eis as listas:

Internacionais
1)
Metallica – Death Magnetic
Essa tava fácil: depois do fraco Saint Anger, o Metallica se redimiu e surpreendeu com petardos sonoros a muitos que já não davam nada para a banda (inclusive eu).

2) Muse – H.A.A.R.P.
Sei que é um disco ao vivo, sem inéditas, mas temos que dar um desconto, pois o Muse faz um dos melhores shows da atualidade.

3) The Kooks – Konk
Nada de novo, mas é tudo tão certinho que dá gosto (ou melhor, prazer) escutar.

4) The Hush Sound – Goodbye Blues
Uma surpresa, não conhecia essa banda: bela voz da vocalista e músicas boas para ouvir em uma viagem de carro.

5) Black Keys – Attack and Release
Outra banda que não conhecia e que me agradou de imediato: rock/blues vigoroso.

6) REM – Accelerate
O velho REM de volta ao rock básico, direto, sem frescuras.

7) Kaiser Chiefs – Off With Their Heads
Estão crescendo e fazendo ótimos shows: mantiveram o estilo de músicas grudentas, fáceis de ouvir.

8) Raconteurs – Consolers Of The Lonely
Um degrau acima do álbum anterior, quando estrearam. Superaram bem o "desafio do segundo disco".

9) The Fratellis – Here We Stand
Idem ao comentário anterior. Animação ao nível máximo, com músicas quase frenéticas (e duas baladinhas também, por que não?)

10) Panic At The Disco – Pretty Odd
Nessa eu talvez mereça uns xingamentos e até me arrependa depois. Pra mim são inofensivos, e provavelmente seja esse o mérito: músicas melódicas, sem vocais gritados, pra escutar descompromissadamente.


Nacionais
1) Skank - Estandarte
Competência e experiência a serviço da boa música.

2) Volver – Acima da Chuva
3) Marcelo D2 – A Arte do Barulho
4) Moptop – Como se Comportar
Três bandas com álbuns inferiores aos que lançaram antes, mas com patamares diferentes: o Volver amadureceu em relação a sua ótima estréia e cadenciou mais o som; D2 nunca mais fará outra “Batida Perfeita”, mas não decepciona; e do Moptop eu esperava mais, mas ainda podem crescer com seu som a La Strokes.

5) Macaco Bong – Artista Igual Pedreiro
6) Pata de Elefante – Um Olho no Fósforo, Outro na Fagulha
Música instrumental não é muito a minha, mas não é só no nome da banda que têm animais (no bom sentido, como o velho Edmundo – desculpem o trocadilho infâme): os instrumentistas são realmente feras e fazem um som potente e bem azeitado.

7) Curumin – Japan Pop Show
Som funkeado, contagiante, bem produzido, bom pra dançar. Letras curiosas, pra dizer o mínimo.

OBS: deveria ser 10 discos, mas escutei pouca música feita aqui em 2008...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Choro sincero

Antony Hegart foi um dos caras que mais me sensibilizaram nos últimos anos. A voz preciosa e precisa, de timbre único, me pegou de jeito quando ouvi o super-elogiado I Am the Bird Now(2005), que na época entrou na lista dos melhores do ano de várias revistas especializadas. Muitos não gostam do exagero e da teatralidade do artista, que exercita sua androginia à beira do piano e destilando canções passionais. Gosto de sua coerência, coragem e afinação. É um cantor e compositor de que sempre espero muito.

Antony & the Johnsons vão lançar na segunda quinzena de janeiro de 2009 o terceiro disco de estúdio: The Crying Light. Já caiu na rede. E é peixe grande. O grupo é daqueles que dividem opiniões. Ou se gosta ou se odeia. Pra quem torce o nariz, é melhor nem ouvir o álbum, mais difícil que o anterior. Mais triste e lamentoso. O título, assim como a capa, uma foto dramática do performer japonês Kazuo Ohno, foram escolhidos, assim, à perfeição. A palavra cry e suas derivadas estão em muitas das letras desse trabalho. Ele chora até pelo dia luminoso e pelo sol, como em "Daylight and the Sun"

A voz de Antony, um choro sincero, continua linda e tocante. As músicas, porém, um pouco menos inspiradas do que no trabalho que o tornou conhecido. Ainda assim, The Crying Light é uma ode à beleza. Canções como “One Dove” , “Aeon” e “Another World” tem melodias acachapantes. Os arranjos cuidadosos são minimalistas: muito piano e algumas cordas e bateria ao longe, emoldurando a melancolia das composições.

Em raros momentos, Antony Hegart se permite uma certa vivacidade e balanço, como em “Epilepsy is Dancing”. Em outros, mostra que sua convivência com a islandense Björk, com quem veio cantar este ano no Brasil, rendeu frutos, a exemplo da experimental “Dust and Water”. Um álbum para se ouvir com carinho e cuidado.

Com toda tristeza do disco, fico feliz em me despedir de 2008 com a postagem desse álbum. Que ele traga, com sua espirituosidade, todas as alegrias que merecemos em 2009. Que ano que vem a música nos inunde com todo seu poder de transformação.

Vá, sem choro nem vela:

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Cotação: 4

sábado, 27 de dezembro de 2008

Inferno dantesco

Assisti no dia de natal a um filme nada natalino: Gomorra. Essa palavra nos remete imediatamente ao templo da luxúria documentado no antigo testamento. Local de muito sexo, drogas e rock'n'roll. Só que a Gomorra do título tem mais a ver com a babel violenta da Scampia, um bairro periférico da cidade de Nápoles, na Itália, marcado por um conjunto habitacional vertical feio de dar dó. Aqui reina a Camorra, máfia das mais desumanas daquele país de sangue quente.

O filme de Matteo Garrone carrega nas tintas. Um soco no estômago. Com um estilo meio documental, o diretor mostra como as pessoas pobres daquela periferia napolitana são reféns da violência e do medo. Scampia é o maior território de venda a céu aberto de drogas. Um mundo a parte. Lembra um pouco os morros do Rio de Janeiro comandados pelos traficantes. Só que sem um pingo de poesia, com mais virulência e sem a maravilhosa paisagem do mar para dar um refresco.
Segundo os créditos finais do filme, a Camorra mata um indivíduo a cada três dias. Mortes descaradas e esperadas. São jovens, mães, adultos e crianças corrompidas. Alguns conseguem escapar do olho grande e da vigilância dos mafiosos. Muitos poucos. Quem trai a organização, que se fortalece com o tráfico de drogas pesadas e até o negócio de aterros clandestinos para lixo radioativo, tem destino cruel, como são as imagens de Gomorra. A polícia pouco consegue fazer. Uma batidinha aqui, outra acolá. A força da mafia de Nápoles é maior e mais aterrorizante.

Com luz natural(algumas das cenas são filmadas com pouquíssima iluminação ou até nenhuma), o filme é perturbador, principalmente pela falta de perspectiva de pessoas que vivem à margem da felicidade. Acompanhar as cinco histórias paralelas que Gomorra oferece é dar de cara com uma realidade que poucos conhecem. O mundo é cruel. E nesse caso específico, não tem Natal que arrefeça a aridez mostrada nesse longa. É preciso ter disposição e sangue de barata para não ficar mexido com o filme. Recomendado para quem quiser ver o lado escuro de uma Europa, o outro lado de um continente que não é só cartões postais e prosperidade.

Bateu na trave

Os escoceses do Glasvegas chamaram a atenção da crítica em 2007 com a música “Daddy’s Gone”, com uma levada que remetia ao grandiloquismo do The Smiths e às guitarras sujas do Jesus and Mary Chain, influências confessas da banda. Em 2008, gerada a expectativa, lançaram o CD sem título que acabou entrando na lista dos melhores do ano de algumas publicações especializadas. Não era pra tanto.

Glasvegas não corresponde às expectativas criadas pela crítica, apesar do grupo liderado por James Allan, vocalista e guitarrista, ir de encontro à linha mais melodiosa típica das bandas daquele país que fizeram sucesso no meio indie, como Belle & Sebastian. Também não chegam ao exercício experimentalista de outro conterrâneo, o excelente Mogwai. O grupo, que conta ainda com Rab Allan (guitarra e backing vocal), Caroline McKay (bateria) e Paul Donoghue (baixo), prefere a praia revivalista.

E nesse revivalismo há ecos de guitarras menos comportadas(olha o Jesus and Mary Chain aí, gente) em contraponto a uma bateria marcadinha e careta. O contraponto torna-se interessante em composições como “Geraldine”, música de trabalho do disco, mas acaba cansando pela repetição. Um certo gosto pelo rock bubblegum dos anos 50 e 60 impera em músicas como “It's my own cheating heart tha” e “Polmont on my mind”.

Melhor mesmo é ficar com as climáticas “Flowers e Football Tops” e “Go Sguare Go”, marcadas por cordas tensas, e a linda balada “Ice Cream Van”. Com seu debut, o Glasvegas não disse ainda a que veio, mas há aqui sinais de que essa banda pode fazer ainda um disco vigoroso. É esperar.

Vá de:

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Cotação: 3

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Santo Klaus

De quando em vez a gente se depara com algumas gratas surpresas no fértil terreno da MPB. É o caso do, até então para mim desconhecido, pernambucano Kiko Klaus. O artista lançou recentemente o superinteressante O Vivido e o Inventado(2008), um álbum mestiço onde mistura inteligentemente influências regionais e o que ele aprendeu em suas andanças pelo mundo.

O Vivido e o Inventado é daqueles trabalhos passionais e generosos no qual percebe-se claramente a entrega do seu autor. Dessa superexposição é possível ver o quanto a Espanha, onde Klaus tocou com vários artistas, deixou um lastro em sua produção. Os acordes flamencos aparecem na bela “A Hora”, com traços marcantes do maracatu de sua terra natal e uma temperatura emotiva que lembra “Corsário Negro”(Aldir Blanc/João Bosco), com sua poesia rasgada.

Diverso, o álbum se ampara ainda nos ritmos da infância de Klaus, como na ciranda “A Caminho do Mar”, com letra lúdica e intensa, onde há espaço, sem exageros, para barulhinhos eletrônicos que tornam a música ainda mais atraente. O Nordeste se faz presente ainda na linda “Varanda”, um reggae-sertão com doce infusão de sonoridades típicas daquela região pero sem perder a modernidade.

Guloso, Kiko Klaus, cujo timbre de voz é uma mistura de Gonzaguinha com Zeca Baleiro, vai ainda, sem escorregar, de trip hop, na atonal “Altar”, que lá pelo meio descamba para atabaques de candomblé mantendo a bela estranheza. E encanta com sambinhas de boas lavras, como o “Samba Chora”, com arranjo bacanérimo, e “Caminhão”, uma das melhores do disco. Enfim, um novo nome chega para marcar tento na MPB. Um gol de placa de Klaus, que sugere aos bons ouvintes acompanhar com atenção a carreira desse pernambucano.

Se ligue:

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Cotação: 4

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

10 mais do Dr.Tímpano

Fim de ano e é aquela história: difícil fugir da listinha dos 10 melhores álbuns do ano. Como não sou de ferro, lá vai a minha. Aliás, as minhas: a gringa e a nacional, as duas sem ordem de importância. Manda a sua também, Krebão.

De fora

1.- The Last Shadow Puppets - The Age of Understatement
2.- Coldplay - Viva La Vida
3.- Fleet Foxes - Fleet Foxes
4.- Sigur Rós - Með Suð í Eyrum Við Spilum Endalaust
5.- The Kills - Midnight Boom
6.- Devotchka - A Mad & Faithfull Telling
7.- Santogold - Santogold
8.- Racounters - Consolers of the Lonely
9.- Nick Cave and the Bad Seeds - Dig, Lazarus, Dig!!!
10.- Elbow - Seldom Seen Kid

Daqui

1.- Fernanda Takai - Onde brilhem os olhos Seus
2.- Virgínia Rosa - Baita Negão
3.- Cida Moreira - Angenor
4.- 3 na Massa - Na confraria das Sedutoras
5.- Wado - Terceiro Mundo Festivo
6.- Pedro Luís e a Parede - Ponto Enredo
7.- Zeca Baleiro - O Coração do Homem-Bomba
8.- O Rappa - 7 Vezes
9.- Alcione - De Tudo o que eu Gosto
10.- Macaco Bong - Artista Igual Pedreiro

Dias de sol

Dr.Tímpano explorando o login do Kleber

Parece que voltamos à década de 80 com seus sintetizadores pops e bateria com batidinha básica. É assim que me senti ao ouvir Perfect Symmetry (2008), o terceiro disco dos ingleses do Keane. A banda volta descaradamente ao passado sem perder a contemporaneidade. E faz um álbum bem alegre a bacana. Bom para as pistas mais descoladas e, quando desacelera, para se emocionar.

Diferentemente do que havia feito antes nos grandiloquentes Hopes And Fears(2004) & Under The Iron Sea(2006), o Keane resolveu fazer um trabalho mais dançante, que lembra o Bowie dos anos 80 e até, no que isso tem de positivo, Duran Duran. A turma usa e abusa dos sintetizadores como na música de trabalho “Lovers are Losing” e em “Spiralling”, que abrem o disco jogando o som para cima.

Os sintetizadores grudam no ouvido como os refrões. Bons melodistas, os rapazes do Keane capricharam. “Again and Again”, a mais oitentista das composições e “You Haven’t Told me Anything”, esta com um tecladinho deliciosamente brega, são das melhores da lavra do grupo. Para quem gosta de músicas mais lentas, “Playing Alone” e “Love is the End” são melodias açucaradas e ternas, com o vocalista Tom Chaplin derramando emoção sem perder a linha.

Perfect Symmetry é, sem dúvida, o melhor trabalho do Keane e um dos bons lançamentos do ano.

Cheque:

http://sharebee.com/b6e01d3e

Cotação: 4

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Como água pra chocolate

Pense numa tarde a beira de um lago iluminado pela serena luz de um estupefaciente entardecer. Aí, você põe pra rolar o Dark Captain Light Captain. O debut da banda inglesa, intitulado Miracle Kicker(2008), é desses disquinhos melancólicos, carregado de doçura e algumas pitadas de psicodelia. Bom praquele cenário descrito no início do texto. Um folk que nos remete, pelos bons arranjos vocais, ao que fazia Simon e Garfunkel na época da melosa "Bridge over Trouble Water".

Se você não tem preconceito com o folk descarado, deixe-se levar. A moçada do DCLC sabe fazer um bom cozido musical. A lisergia presente em músicas como "Miracle Kicker" e "Parallel Bars", onde uma guitarra repetitiva e os vocais afinados de Dan Carney, lider da banda, Giles Littleford (guitarra), Mike Cranny (baixo) e Laura Copsey envolvem completamento o ouvinte. A bateria a cargo de Chin Of Britain harmoniza-se obedientemente com a proposta zen do disco.

Em algums momentos, a turma sobe um pouquinho o tom, como na ótima "Jealous Enemies", com a delicada voz de Laura Copsey sobressaindo-se magicamente. Em todas as composições, as cordas de Carney e Littleford emolduram onipresentemente as melodias. A introdução de "Circles", por exemplo, e, principalmente, de "Remote View", a mais bonita do disco, deixam bem claro o domínio das guitarras e violões com acento folk. De chorar pela pungência. Uma bela estréia que aponta prum claro futuro.

Dê uma alô ao capitão:

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Cotação: 4

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sou umbigo

Sou fã do Los Hermanos. Nunca escondi isso, apesar da patrulha ideológica de alguns amigos. Mas, a banda se foi e os seus integrantes resolveram seguir, logicamente, suas carreiras solos. Marcelo Camelo é o primeiro a dar a mão à palmatória. A se desnudar, sem o apoio de um coletivo, caso de Rodrigo Amarante, que faz parte da ótima Orquestra Imperial com um CD já lançado. Por isso mesmo, Sou (2008), de Camelo, era um trabalho bastante esperado no mercado fonográfico.

O resultado dessa espera não é exatamente revigorante. Com Sou, Marcelo Camelo faz um trabalho refinado e em tom menor, sem arroubos criativos e na direção do umbigo do artista. Muito calminho o disco, que chega a remeter, em alguns momentos, a música de ninar, como é o caso das versões instrumentais de “Saudade” e “Passeando”. Trilha sonora para dias calmos e de coração aberto. Com se um filme zen passasse em frente de nosso olhos.

Sou é uma espécie de continuação, tirando todo o apelo radiofônico, do já em câmera lenta 4, último trabalho dos Los Hermanos. “Téo e a Gaivota” é, por exemplo, uma composição serena, com ecos orientais, e carregada de deliciosas obviedades na letra, como na hora em que diz que “todo ser humano pode ser humano”. A atmosfera lenta é devidamente reforçado pelo acompanhamento dos paulistanos, endeusados no underground, do Hurtmold, um dos acertos do álbum.

Desacerto foi a escolha de Mallu Magalhães, com sua vozinha miúda, para cantar a linda “Janta”, uma balada açucarada que desanda com a participação da moçinha. Mas, Camelo volta a ganhar pontos com a abolerada “Doce Solidão”, talvez a música mais encantadora de Sou, com seu pegajoso assovio no início e uma grande melodia. O disco falha, contudo, no excesso de melaconlia e intimismo, uma opção do artista, que torna a audição letárgica. Sobrou coração e faltou pulsação.

Sinta toda a história:

http://w15.easy-share.com/1701729826.html

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Cotação: 3

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tiro n’água

Seven Mary Three nunca conseguiu dar o seu pulo do gato. Conheci o som desses norte-americanos tardiamente, mas a partir da mesma fonte que a maioria teve, o álbum de estréia American Standard(1995), que trouxe o único sucesso do grupo, a ótima “Cumbersome”. Gostei muito do que ouvi. Voltei a ter contato com a banda com The Economy of Sound(2001), mas a magia gerada antes não era mais a mesma.

A decepção que The Economy of Sound me trouxe se repete em Day & Nightdriving (2008), o sexto disco lançado tempos depois que o Seven Mary Three colocou as barbas de molho. A parada estratégica não ajudou muito o grupo que já vinha produzindo um trabalho pífio. Em 2001, Jason Ross, o vocalista com timbre parecido ao de Eddie Vedder, o post-hippie do Pearl Jam, já não contava com o companheiro Jason Pollock, colega de universidade e parceiro de composições. O último CD parece ressentir-se dessa parceria e, pior ainda, de boas idéias.

Falta a Day & Nightdriving a jovialidade garageira que acompanhou a banda em seus trabalhos dos anos 90. Tudo bem que os músicos amadureceram, não têm as mesmas preocupações e inquietudes, mas bem que poderiam ter mantido a verve roqueira que conquistou muitos fãs, principalmente nos Estados Unidos. Sem gás, o grupo parte para um lado mais country, alt-country para ser mais honesto, como antevê a capa do disco. Caso das chatinhas “Dreaming Against Me” e da mela cueca “Strangely at Home Here”.

Mas, ainda há ecos do bom rock da banda, ainda que tímido, na boa “Last Kiss”, com seu refrão engenhoso, e na lenta e bonita “Hammer and a Stone”, que lembra a cultuada banda American Music Club. Raros momentos em que a voz abençoada de Jason Ross encontrou criações a altura de sua potência. Ainda não foi dessa vez que o Seven Mary Three voltou às graças com o seu público. A gente espera a próxima tacada.
Se quiser, vá:
Cotação: 2

domingo, 12 de outubro de 2008

Tambores de guerra

Não lembro de ter lido em algum lugar. Mas, o fato é que esse carioca da gema chamado Pedro Luís é filho de santo forte. E se seu amor pela batucada, evidenciado desde o início de sua carreira pelo feliz acompanhamento do combo A Parede percursionistas e músicos de mão cheia – é um sinal de que ele sempre teve um pezinho na África, com o lançamento do bom álbum Ponto Enredo(2008), o artista finca de vez os dois pés no inspirador continente africano.

Ponto, para quem não sabe, dentro da cultura iorubá é o batuque hipnótico presente nos rituais de terreiros de macumba. Ponto Enredo, o álbum, vai na raiz ancestral dos tambores africanos e toma um banho radical. Vira um disco conceitual nessa busca da batida perfeita, onde mistura as típicas batucadas tribais, os pontos, com o samba.

O resultado dessa mistura, talvez uma procura pelos pontos de intersecção do ponto de macumba e do samba obviamente sem qualquer intenção antropológica do artista, é interessante e revela um Pedro Luís, um de nossos mais talentosos compositores, rendido despudoradamente aos velhos tambores de guerra. Uma rendição, contudo, que não perde de vista a carga de contemporaneidade e a miscigenação de influências bem características dos músicos de sua geração.

E desde o início, na suingada “Santo Samba”, Pedro Luís e a Parede já mandam o seu recado e atacam com um batuque vibrante. “Do jeito que as coisas andam. Os santos estão pirando. Não dão conta da demanda”, alertam. Mas, nem por isso, deixam a felicidade de lado. “O samba é um santo remédio para quem quer viver”, remendam depois. A música chama para a festa misturando samba e, de uma forma mais suave, ponto de macumba.

Mas, ponto forte mesmo vem a seguir com a música que dá nome ao disco, “Ponto Enredo”. O uso da percussão e os elementos seminais do candomblé, como trovão, água de cheiro, ervas remetem ao terreiro, mas a melodia e uma guitarra sensual traz modernidade e beleza à canção. A iconografia iorubá está também em “Mandingo”, um outro “ponto samba” envolvente e que mostra um Pedro Luís completamente senhor de si em sua arte de criar composições competentes.

Competência inclusive para tocar no rádio. “Ela tem a beleza que eu Nunca Sonhei” é samba de roda, de raiz, um partido cantado junto com Zeca Pagodinho prontinho para virar sucesso. E também arriscar um rock mais à esquerda, como na ótima “Tem Juízo Mas não Usa”.

E esse é Pedro Luís, quatro discos depois da estréia e com pelo menos uma obra prima, Astronaura Tupy(1997), livre para mergulhar radicalmente na sua paixão pelos tambores mas sem medo de ser feliz em composições populares. Ponto Enredo é bola dentro, uma goleada de nossa brasilidade.

Vá de batucada:

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ou:

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Cotação: 4

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Margot gosta de complexidade

Gosto de bandas pretensiosas. Independentemente do resultado de suas buscas, elas tentam pelo menos ter uma identidade própria, uma sonoridade diferenciada. A norte-americana Margot and the Nuclear So and So’s segue essa trilha. Richard Edwards, o vocalista e líder do grupo, faz assumidamente o que se convenciona chamar de art-rock. E nesse caso, leia-se arranjos complexos, melodias mais rebuscadas e pretensão.

Em Not Animal(2008), um dos álbuns do último projeto do grupo, que conta com um lado B, o vinil Animal, Margot, aprofunda sua música emocional e barroca. Antes havia lançado apenas o disco The Dust of Retreat (2006) sem muita repercussão. No meio do caminho entre o pop e o indie cabeça, o trabalho mais recente busca coesão. E quase chega lá. Excetuando as derrapadas, como nas poucas inspiradas "Hello Vagina" e "As Tall as Cliffs", o trabalho tem lá sua solidez, com composições boas de ouvir com um headphone de qualidade, para buscar os barulhinhos e detalhes dos arranjos.

A complexidade dos arranjos, bem costurados, está presente na orgástica "Cold, Kind and Lemon Eyes", que começa sussurrante, com instrumentação tímida, até ganhar contorno épico do meio em diante tirando o ouvinte do eixo. Repare na surpreendente orquestração de violinos em perfeita harmonia com uma guitarra mais pesada e no coro suave. Fascinante.

Outro bom exemplo da consistência musical de Not Animal está em "A Childrens Crusade on Acid", de melodia climática e que lembra um pouco Radiohead pré Ok Computer e na bacanuda "Page Written on a Wall", com inserção de metais com influências mexicanas, microfonia e vocal desesperado que resumem bem a inquietação criativa do grupo. Pretensões de lado, dê ouvidos a Margot. Vale a pena.

Arrisque:

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Cotação: 3

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Esquenta

Já que The Hives está no Brasil (e hoje em Brasília), nada melhor que um aperitivo do que está por vir. Supervisionado por vários produtores – entre eles, Pharrell “Neptune” Williams, The Black And White Album foi lançado em 2007 e traz algumas diferenças significativas em relação aos discos anteriores: basta ouvir as estranhas “Giddy Up” e “Puppet On A String” ou “A Stroll Through Hive Manor Corridors” (esta, uma “não-música”, que deve ser usada nos shows para deixar o público esperando por uma paulada sonora). Dessas que têm tecladinhos, as mais razoáveis são “It Wont Be Long” e “Bigger Hole To Fill”. Já “T.H.E.H.I.V.E.S” é bem funkeada e tem, inclusive, voz em falsete. Definitivamente, programações eletrônicas, barulhinhos de vídeo-game, abuso de teclados, não parecem com os The Hives anteriores. E, no geral, não funcionou muito bem.

Mas, felizmente, essa guinada para o dance/ eletrônico também suaviza os gritos do vocalista e, ao mesmo tempo, não exclui por definitivo o lado mais energético e arrebatador da banda. Prova disso é a seqüência das três primeiras faixas do disco: a matadora “Tick Tick Boom”, a excelente “Try It Again” (com seu corinho de backing vocals) e a dançante “You Got It All...Wrong”. Depois ainda tem “Hey Little World” (muito boa), “Return The Favour” (bacana), “Square One Here I Come” (com seu riff básico e eficiente de guitarra) e “You Dress Up For Armageddon” e “Well Alright” (parecem com The Fratellis).

Bom show a quem for hoje no Arena! Enquanto isso:
http://www.zshare.net/download/182393590a836ad1/

Cotação: 3

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Novidade?

E lá se vão 11 (!!!) anos desde o lançamento de Urban Hymns e do grande sucesso “Bitter Sweet Symphony”... Não sei exatamente o por quê, mas sempre achei um saco essa música, e isso acabou me fazendo torcer o nariz para o Verve. Quando conheci “Sonnet”, “Lucky Man” e “The Drugs Don´t Work”, do mesmo disco, diminui minha repulsa e fui conhecer um pouco mais da banda, mas não adiantou muito, pois, pra mim, Verve vai ser sempre sinônimo de músicas enjoativas, loooongas, quase sonolentas. É o caso, por exemplo, da quase hipnótica “Numbness”, uma das faixas de Forth (2008), que marca o retorno da banda após nove anos de separação.

Apesar disso, “Valium Skies” se salva, pois termina antes que comece a ficar chata. “Rather Be” tem uma melodia interessante. Algumas músicas destoam do estilo de som da banda, como “Love Is Noise”, com sua levada meio dançante, e a pesada “Noise Epic”. Já na faixa bônus “Chic Dub”, o Verve arrisca um leve dub, que tem tudo a ver com o estilo viajandão da banda. Ah, e “Judas” vai indo bem até quase o fim. No mais, nada que me empolgue, nem que lembre as melhores do Urban Hymns, citadas anteriormente.

Boa sorte:
http://www.mediafire.com/?sharekey=10264b26e89b42d6ab1eab3e9fa335ca82d4d0253b95b0ba

Cotação: 2