
Espalhafatosos e pretensamente glam, o
Abba(o quarteto fantástico aí do lado) saiu da fria Suécia para conquistar o mundo nos fins dos anos 70 e início dos anos 80. Disco e pop até a tampa, o grupo fez metade da humanidade dançar com babas irresistíveis como “Dancing Queen”, “Honey, Honey” e “Fernando”. Mas, mamma mia, quem poderia imaginar que o som bregoso dos suecos fosse resistir ao século 20? E ainda gerar filhotes nas décadas seguintes. Pois é, os tais escandinavos deixaram um grande rastro de fãs, hoje na faixa dos 40 e 50 anos, e alguns seguidores que transformaram a influência em música. Aliás, boa música. Estamos falando de
Music Go Music.
Quem tem saudade dos suecos podem dar agora uma sobrevida a antiga paixão.
Music Go Music é um trio californiano que cometeu um álbum, o primeiro do grupo, que traz claramente a marca e o estilo do
Abba. Synth pop pras pistas carregado de romantismo e melodias inspiradas, o álbum segue a linha revivalista que está se tornando uma característica da música feita nessa década. Quem diria, o futuro, parece, está no passado tal a quantidade de bandas que vão beber em vigorosas fontes que brotaram em outras épocas. Umas dão com a cara no muro, outras mostram que aprenderam bem a lição. Neste caso específico,
Music Go Music se lambuzou na onda retrô e se deu muito bem no bacana
Expressions (2009).

A banda californiana é formada por
Gala Bell(voz),
Kamer Maza(teclado) e
Torg(baixo). Os dois primeiros, na realidade, são pseudônimos de
Meredith e
David Metcalf, mulher e marido por trás do bom grupo
Bodies of Water.
Music Go Music é um projeto paralelo onde o casal e
Torg deságuam seu amor pela disco pop que arrastou tanta gente em outros tempos. O trio abusa do sintetizador e da bela e afinada voz de
Meredith Metcalf, cujo timbre lembra realmente, como já foi citado pela crítica,
Debby Harry. Ela esquenta popices como a deliciosa “Light of Love”, musiquinha dançante que já está no ipod de muitos europeus. É
Abba puro. Repare no teclado que introduz a música e no corinho feminino melodioso e diga o contrário se for capaz. Os ecos da banda sueca podem ser ouvidos ainda na bem legal “I Walk Alone” com seu poderoso refrão e na animadíssima “Explorers of the Love”, com sua bateria e teclados monolíticos que fazem a cama para a vocalista invocar o sol e os mais afoitos a assumirem a pista de dança.
Mas, não podemos ver
Music Go Music e esse
Expressions como um simples decalque de
Abba. Em muitas composições temos os elementos e diferenciais de quem afinal vive no século 21 e deixa-se levar saudavelmente por outras influências sonoras. O psicodelismo, por exemplo, mostra as asinhas na climática “Love, Violent Love” e na ótima “Reach Out”, com o trio pesando um pouco mais a mão na guitarra e baixo que dividem espaço com um sintetizador ora onírico ora selvagem, alternando o andamento que torna a música um verdadeiro achado.

Tão inspirada quanto “Reach Out” é a longa (nove minutos!) “Warm in the Shadows”, com bela melodia e memorizável refrão. As duas são provas incontestes de que o retrô pode muito bem ser trabalhado com frescor, sem parecer um mero deja vu.
Music Go Music conseguiu essa mágica e fizeram de
Expressions(cuja capa é aterradora, como podem ver aí do lado) um revival vigoroso e sem cheiro de mofo de um período em que a galera se esbaldava nos salões de dança sem medo do futuro. Álbum certeiro para animar gregos e troianos. Abbrace sem preconceito. Abba is not dead.
Cotação: 4
Go Music Go:
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