
O “assinar” aqui é no sentido lato da palavra. A assinatura dos três está muito pulsante e evidente nesse projeto gráfico que traz fotos de Lynch e músicas elaboradas por Sparklehorse e Danger Mouse. Não vi o livro, somente fotos esparsas, algumas das quais ilustram essa resenha.

Dark Night of the Soul traz Sparklehorse e Mouse afinadíssimos, ampliando os laços musicais que já haviam testado com sucesso em Dreamt for Light Years in the Belly of a Mountain (2006), último álbum de Linkous. Os dois mantém no disco a identidade que os fizeram respeitadíssimos – cada um em seu campo – casando a programação eletrônica orgânica do engenheiro do Gnarls Barkley com a musicalidade complexa do mentor do Sparklehorse.

Mesmo com esse equilíbrio o disco é desiquilibrado. Os autores da obra conseguem ser orgânicos em cada peça, mas não exatamente no repertório que oferecem, que vai de músicas mais palatáveis a outras que travam o cérebro. A fusão de um produtor racional com um artista viajandão produz momentos sublimes que podem beirar, inclusive, o pop. Casos de “Revenge”, música lenta e sensual, na qual o Flaming Lips rasga o coração do ouvinte, ou nas competentes “Jaykub” e "Everytime I'm With You", as duas com melodias acachapantes interpretadas com paixão por Jason Lytle, a alma do extinto Grandaddy.
Pop também, mas numa linha mais roqueira é “Little Girl”, uma música vibrante que conta com o participação fundamental de Julian Casablancas, do Strokes. O refrão é um achado sonoro. Boa pra cacete. Nessa linha mais pé no chão e “popular” está também "Daddy's Gone", na qual Mark Linkous divide o vocal com uma tímida Nina Persson, a voz feminina do Cardigans, numa música de doer a alma.

Dark Night of the Soul é, enfim, um álbum que ganha o ouvinte pela diversidade, arranjos densos e pela qualidade das composições. Um disco rico e memorável de músicos que tem algo a mostrar. A inteligência aqui, pode ter certeza, é a grande alma do negócio.
Cotação: 5
De bandeja. Sirva-se à vontade:
http://sharebee.com/ddf490a2