
Pullovers tem dez anos de estrada e uma fidelidade ao indie rock, inclusive na opção de cantar somente em inglês, o que sempre achei uma tremenda bobagem, traída somente agora com este quarto trabalho. Na verdade, de 1999 para cá, a banda, muito cultuada nas internas, mudou, evoluiu e manteve apenas em sua formação, o cérebro, poeta e vocalista do grupo Luiz Venâncio. Para chegar à clara maturidade teve, olha só que ironia, que cantar em português!

Falar de Tudo o que Sempre Sonhei é falar de uma pequena obra-prima. Na investida em um rock com influências da MPB, a banda acerta em cheio, lembrando até em certos momentos Los Hermanos. E com méritos. Melodias doces e criativas infestam o álbum, com muita guitarra dedilhada, bateria marcada, cordas e piano, tudo bem orquestrado e com refinamento matemático. Bom ouvir e reouvir para sentir a inserção precisa dos instrumentos de cordas e a riqueza melódica das composições. Repare na delicadeza de “Lição de Casa” e na introspecção beirando o trip hop da arrepiante “Quem me dera houvesse Trem”.

Outro bom achado poético é a letra de “Marinês”, a bem contada história de uma suburbana que luta pra crescer na vida, mas desfaz todos os planos diante do olhar apaixonado de um “mano” nos corredores do metrô. E também a construção concreta dos versos de “O que dará o Salgueiro?”, que não tem, raríssima exceção, melodia à altura da letra ou, por fim, o despachante discurso da circense “Tchau” que fecha, definitiva, o disco. “Tudo que eu Sempre Sonhei” é álbum pra fazer história, um dos grandes e inspiradores lançamentos do ano.
Cotação: 5
O download pode ser feito gratuitamente no site da banda: www.pullovers.com.br . Passe lá que vale a pena.