Aguardava com expectativa, assim como a maioria daqueles que assistiram a novela criada em torno do The Vaccines, o lançamento do primeiro álbum dessa banda que virou hype no meio da galera. A exemplo do Arctic Monkeys, o quarteto londrino se utilizou da internet para conquistar milhares de fãs espalhados pelo globo. Essa turma foi despejando, numa seqüência curta, quatro músicas com forte apelo pop, roquezinhos crus e diretos que pegaram na veia da molecada ligada na rede. Em cinco meses a banda virou notícia nas principais revistas especializadas em música e teve aquelas quatro canções reproduzidas nas rádios rock mais influentes da gringolândia. Até que lançou, depois do estardalhaço, o disco com título esperto, que brincava com o sentimento de espera que produziram afoitamente: What Did you Expect From the Vaccines?(2011), na tradução, o que você esperava do Vaccines?
1 minuto e 20 segundos de punk music. Ouça "Wreckin'bar(Ra Ra Ra)":
O que esperar de uma banda com menos de um ano de vida e que provocou alguma embriaguez e elogios desmedidos antes mesmo de lançar um trabalho concreto, um disco cheio? É preciso muito cuidado nessa hora. O melhor mesmo é se despir daquela expectativa, esquecer os aplausos antecipados e ver What Did you Expect From the Vaccines? como o debut de um grupo que não tem a pretensão, pelo menos no trabalho agora exposto a todos, de revolucionar o rock. Vamos deixar de lado também as comparações com Strokes, Libertines, Interpol e o diabo contemporâneo a quatro. Afinal, se fazem um som que lembra em alguns momentos estas bandas citadas é porque todos os que querem conquistar o mercado precisam de referenciais. E é bom que, no caso do The Vaccines, as influências sejam aquelas.
Vídeo da bacana "If you Wanna":
Admito que na primeira, segunda e terceira audição não vi nada demais no som desses quatro garotos, que listo agora, pra conhecimento dos meus poucos, porém amigos e fiéis leitores: Arni Arnason(baixista), Freddie Cowan(guitarra/voz), Pete Robertson(bateria) e Justin Young(voz/guitarra), que, dizem as más línguas, é o mais marrento e falastrão deles. O problema é que lá pela décima audição continuei com a mesma impressão. Os caras começam o disco botando pra quebrar com a pegada punk de “Wreckin’Bar(Ra, Ra, Ra)”, rock urgente que chama pra pista. Assim como a bem bacana “If you Wanna”, garageira e trepidante, canção que reforça a vocação do álbum para a despretensão e provoca a comparação com Strokes. Boa de toda. Dá vontade de sair dançando pela sala, mesmo sem qualquer aditivo.
Esse gás adolescente e pegada dançante, o rock básico e direto, estão presentes ainda na honrosa “Blow It Up” e na irresistível “Post Break-Up Sex”, composição de qualidade que selou o interesse da crítica pela banda. Aí, fechamos o ciclo das canções que abriram na web as portas para a ascensão vertiginosa do The Vaccines. Todas as quatro músicas comentadas até agora tem lá suas virtudes. São legais, sim, mas não têm aquele diferencial que faça a gente realmente se arrepiar. Não sei se isso é coisa de quarentão exigente que já ouviu muita coisa boa e está sempre a espera do novo redentor(sem qualquer conotação religiosa, viu!) do rock. O fato é que a sonoridade febril do quarteto traz aquela sensação de algo já ouvido antes. As outras seis músicas, com exceção da classuda “All in White” e sua energia contagiante, despertam, pelo menos no cara desconfiado que escreveu essa resenha, interesse menor.
What did you Expect from the Vaccines? tem ligeiros 35 minutos. Tem o dinamismo da internet, a dinâmica do nosso cotidiano e indústria cultural que constrói e destrói coisas belas, lembrando o meu guru Caetano Veloso. E, pensando nesse rolo compressor capaz de induzir a sociedade a amar ídolos venais e biafras, temo pelo futuro dos meninos do The Vaccines. Que não sejam mais um simulacro, fogo de artifício que encanta em poucos segundos e depois desvanece sem deixar rastro. Acredito que, nessa minha, realçada mais uma vez, teimosa fé na humanidade, a banda possa, sem querer cobrar muito, evoluir e oferecer um trabalho mais consistente e perene da próxima vez. Que a história ratifique minha esperança para a felicidade de quem, como eu, ama pra danar o rock and roll. Afinal, tempo é o que não falta a esses garotos.
Este blog é uma manifestação de amor à música. Não tem caráter comercial, mas apenas o de compartilhar um gosto pessoal por grupos, bandas e artistas de todo o mundo. A idéia não é detonar a indústria fonográfica, como alguns blogueiros acreditam que possam fazer ao postar discos. Sugiro que esse blog sirva como mera pesquisa e, se gostar dos trabalhos comentados, procure comprar. É um mimo que você faz ao artista.
As cores da festa
Fantasiaram o Centro Cultural Casa de Taipa para a sua festa de aniversário de um ano. Tanto verde e amarelo tornaram nossa paixão pela cultura ainda mais vibrante.
Verão
As pranchas apontam o caminho do sol. Alegria refletida na areia, Verão pra não mais esquecer. Natal, dezembro de 2011.
Rio na boa
Rio da vida, que não ri de mim. Rio porque sei que assim eu sei que vivo melhor. Porque tudo o mais se ilumina em minha volta. Rio pra te fazer feliz. Catingueira - Sobradinho - DF - Brasil. Outubro de 2011
Lavrado iluminado
Um arco-iris no meio do lavrado e um fim de tarde banhado de luz. As vezes, a visão do paraíso está mais perto do que imaginamos. Mucajaí-RR. Agosto de 2011.
Missa do Vaqueiro
O vaqueiro do sertão nordestino, seco e encouraçado, carrega uma fé ardente como o sol que o incandeia. Exemplar de bravura que o Brasil precisa conhecer melhor. Suas missas em cidades do interior são rituais a parte. Meu amigo Flávio Aquino clicou esse momento mágico em Piranhas(AL), numa de suas muitas viagem Nordeste profundo adentro. Roubei essa de seu álbum no Facebook.