
Assim como Froes, Bruno Morais integra o grupo de modernos músicos paulistas que tem um pé no passado e o outro no futuro. Um voluntarioso equilibrista que quer ganhar o público médio, mas sem perder de vista a ousadia e o exercício de uma assinatura própria. Apropriando-se de metais vibrantes e coros despretensiosos de amigos em boa parte das músicas, o paulistano constrói em A Vontade Superstar um repertório que surpreende pela unidade e segurança.

Como todo bom moderno, Morais não nega influências musicais, mas consegue dar a elas um sabor e frescor típicos daqueles que pensam a música com inteligência. Caso da bacanérrima “O Mundo é Assim”, onde um violão dedilhado compartilha o arranjo esperto com uma monocórdica bateria acendendo o interesse pela melodia. Ou da mais difícil “Bombeiro Vermelho”, onde os metais se contrapõem ao vocal, com sonoridade elaborada que resvala no reggae.
A dualidade entre o pop e a experimentação estão presentes na atonal música “Aparelho Sensível” e também na animadinha “Continuar”, que lembra o alagoano Wado com sua guitarra funkeada ou no trip hop que fecha o disco, com belas letra e música. O despojamento pop, se é que podemos chamar assim, pode ser visto aqui e ali, meio que embrionário, na sucinta “O Mito dos Corações Partidos” e seu corinho primaveril e no ótimo sambinha triste “Hoje eu vou te Acordar”.
A Vontade Superstar é um disco com vontade de ser marcante, uma clara evolução do que foi apenas pincelado no bom Volume Zero (2005), primeiro álbum do artista. E Morais chegou lá, com promessa de ir ainda mais longe.
Cotação: 4
Link solitário para ouvir o disco:
http://lix.in/-3da567