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O quinteto de Washington encontrou seu ponto de equilíbrio |
Veja clipe de
"Heaven":
The Walkmen é um dos queridinhos daqueles que respiram o rock alternativo. Mereciam, já há algum tempo, pelo talento e contundência do repertório, estar de fora desse restrito circuito. Heaven é provavelmente a melhor chance que a banda tem para fincar sua bandeira em novos territórios. Nesse sétimo álbum (os caras estão há uma década na estrada), Hamilton Leithauser(voz), Peter Bauer(baixo), Paul Maroon(guitarra) e Matt Barrick(bateria) aproximam-se mais do pop e, seguindo o caminho já proposto no ótimo Lisbon, fazem um de seus trabalhos mais calmo e acessível. Isso é ruim? Não. O grupo não abdicou necessariamente de sua sonoridade sincera, enraizada num rock de garagem metido a besta e com irrequieta alma indie. Apenas refinaram essas características, caprichando ainda mais nas letras e nas melodias. É como se essa galera de Washington resolvesse entrar definitivamente nos trilhos do mainstream, como se quisessem agora tocar em mais ipods, entrar na lista das canções mais baixadas, porque, enfim, ser reconhecido é da natureza humana e faz um bem danado pra qualquer um.
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Sétimo disco do grupo cativou crítica e público |
Ouça "We Can't Be Beat":
"We Can't Be Beat" faz parte da lavra
de grande baladas que contribuem para formar o grosso e substancioso caldo orgânico que é Heaven. Inspiradas na mesma medida,
"Southern Heart" e "Line by Line" são como impactantes pausas
para respirar dentro de um disco que tem uma levada, no geral, mais ligeira. A
onírica "No One Ever Sleeps", que fecha o trabalho, está incluída no
segmento "desacelera". Tocante, romântica e inspirada, a canção nos
projeta para uma outra época, para uma paisagem outonal. Não coincidentemente,
a faixa conta com a participação de Robin
Pecknold, da barroca e fantástica banda Fleet Foxes. A leveza e poesia dessas composições comprovam a
facilidade do The Walkmen de fazer
baladas matadoras. Elas contudo apenas preparam o espírito para o que o álbum
tem de melhor, o rock de garagem sem arestas, gorduras e encorpado por uma insuspeitada elegância.
Algo que pode ser visto na emblemática "Heaven", escolhida para ser a
primeira música de trabalho. Grudenta, de pegada forte e garageira tem tudo
para virar um hit. Traz aquela energia típica de quem está começando a
carreira. E Heaven tem essa cara de
recomeço, de virada mesmo.
O "lado A" do disco é preenchido com
esse energia, com músicas mais dançantes, respeitáveis riffs de guitarra, com
refrões marcantes e boas doses de inspiração. Acompanhe a ótima sequência
iniciada por "Nightingales" com melodia rascante e guitarras
despretensiosas, num dos arranjos mais rocker e animado do CD. Repare aqui nos breaks com sininhos que reforçam o
acerto sonoro da criação. Logo a seguir, a extremada "The Witch" traz
um teclado marcante e uma instrumentação quase teatral. "Song for
Leigh", com sua sonoridade simples, é envolvente e completamente
harmonizada com o disco, como um bom vinho tinto e uma boa carne vermelha. "Love
is Luck" é assim meio Beach Boys,
meio anos 50, com seu saboroso jeitão rockabilly. Essa boa leva de músicas mais
do que traduz essa grande fase do The
Walkmen. Com Heaven, Leithauser e companhia chegam enfim ao
equilíbrio e vitalidade de uma música que sempre esteve acima da média e se
habilita agora, definitivamente, a fazer parte da coleção de álbuns de quem
curte esse tal do roquenrou.
Cotação: 5
Sinta-se no céu:
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