
É preciso ouvir Different Gear, Still Sppeding sem o ranço da pretensão que Liam naturalmente sugere em tudo o que faz. Até porque esse comportamento moleque do artista não passa de uma armadilha para confundir o ouvinte, para camuflar exatamente o que o álbum tem de melhor: a simplicidade. O trabalho é, em sua maior parte, uma espécie de back to black, um retorno ao rock and roll bruto naquilo que ele tem de mais roots, de mais negro e pulsante: a alegria. Longe do irmão Noel, na época do Oasis megalomaníaco na arquitetura da instrumentação e mais ousado na construção das letras, Liam entregou-se sem vergonha à festa.
Ouça “Four Letter Word”:

que se repete em “Bring the Light” – a “Beatles and Stones”, homenagem didática aos mestres recorrentes, passando pelo rockão sessentista de “Standing on the Edge of the Noise”, tudo parece remeter aos antigos. Até nas menos aceleradas, como a deliciosa “Milionaire”, há um quê de iê-iê-iê e cha lá lá que não escondem a reverência de Liam aqueles que realmente deram estofo ao rock como o conhecemos hoje.
Mas tá lá no disco também inspiradas baladas, nas quais é possível escutar ecos de seu próprio passado, aquela identidade oasiana com sua raiz e chupação fincadas em Beatles e o Lennon da carreira solo. A grande “The Roller”, que cresce a cada audição, é um decalque descarado da sonoridade do garoto de Liverpool mais revolucionário, morto precocemente. Um decalque brilhante e contagiante. O vírus melódico do Oasis pode ser visto, por sua vez, em canções pegajosas e de fácil assimilação, casos das tocantes “Kill for a Dream” e “The Morning Son” e ainda nas mais ritmadas “Wind Up Dream”, uma das melhores do CD, e “Tree Ring Circus”, as duas com refrões memoráveis.
Veja o clip de “The Roller”:

Cotação: 4
Pra baixar a edição japonesa com dois bônus tracks:
http://www.mediafire.com/?k5v048p13z02wnj