
Difícil, para quem não tem preconceitos com qualquer gênero cinematográfico, não gostar de um desenho animado de tamanha boa intenção e pretensão artística. Ainda mais quando o roteiro, simples e inventivo, tem elementos de sobra para encantar crianças e adultos, mesmo utilizando-se de lugares mais que comuns. Lá estão o velho castigado pelas inevitáveis perdas provocadas pelo impiedoso tempo e a criança em estado puro de energia, representação icônica do novo e da esperança. Os dois com níveis de expectativas diferentes na vida, mas que se encontram em torno de uma mesma paixão que os vai unir: o desejo pela aventura.

Aqui entra o contraponto que vai gerar o conflito emocional e toda a afetividade presentes no filme. Inesperadamente, Fredricksen é obrigado a levar um “fardo” na sua surpreendente viagem em direção ao desconhecido, o garotinho Russel, um escoteiro com traços nipônicos cujo sonho, por sua vez, é ganhar um distintivo. É a única premiação que falta na coleção do menino para que ele ganhe a honra de ser, na hierarquia do escotismo, um “grande explorador”. A química dos sonhos acaba abrindo as portas no filme para um relacionamento antes marrento, mas depois terno e altruísta.

É alta tecnologia a serviço de uma fábula contada com alegria e emoção. E, o que é melhor, com ares nostálgicos que remetem à era de ouro do cinema norte-americano. Os sensacionais cinco minutos iniciais, praticamente sem diálogos, reforçam ainda mais esse clima. O espírito de aventura, um mundo desconhecido no meio do continente sulamericano, dois insuspeitos e simpáticos “indiana jones”, os coadjuvantes que fogem da linha do tradicional, tudo isso colabora para aquela sensação que rende uma grata e saborosa sessão. Fascinante para as crianças e divertida para os adultos. Mais um grande desenho animado, que tem tudo para entrar na lista de clássicos de uma parceria que está reinventando a história da animação na sétima arte.
Cotação: 4
Veja o trailer legendado do filme:
http://www.youtube.com/watch?v=ydmQXtfnnFY