
The King of Limbs(2011), lançado este mês vai por aí. É um exercício radioheadiano de mesmice salvo por algumas faixas nas quais o talento de Yorke vem à tona. Permito-me detonar um ídolo, exatamente por ele ser isso para mim. E com os ídolos criamos um tipo de intimidade que nos possibilita falar bem com a mesma facilidade com que xingamos. E pela primeira vez ouço um disco do grupo que definitivamente não me desce bem, assim como uma vodca de segunda e de nome suspeito, tipo Roskoff(assim com dois “efes” para parecer original). Tem aquela incômoda esquisitice do instransponível ouKid A(2000) e a inspiração curta quando parte para os momentos mais caretas e deglutíveis.
Escute a ótima “Little by Little”:

Nem naquelas faixas que poderiam ser um oasis em meio à pirotecnia musical do Radiohead, o disco instiga. As duas baladas, com engenharia sonora um pouco, digamos, mais convencional, “Codex” e “Give up the Ghost”, esta a melhor das duas, estão longe da poética e melodia arrebatadoras já demonstradas anteriormente pelos britânicos em suas primeiras obras. Essas duas canções, lentas e tristes, reforçam, pelo menos, aquilo que todo o álbum evidencia: Yorke revela-se sem artifícios um interprete vigoroso e refinado. Mesmo com todo o choro e esquizofrenia que suas composições exigem.
Veja o clip de “Lotus Flower”, com Yorke surtando:
Mas, não é apenas a voz de Yorke um dos alentos desse disco frustrante. Duas faixas demonstram o talento do Radiohead em criar gemas musicais. Exatamente naquela hora em que vislumbramos um certo equilíbrio entre a modernidade orgânica e barulhenta típica da banda e a vontade de fazer uma melodia mais pé no chão, assoviável. É assim com a fantástica “Little by Little”, cujos primeiros acordes lembram um xote(!) e que traz, lá pela sua metade, breaks melódicos de arrepiar. E também com “Lotus Flower”, que começa tensa e urgente para depois contagiar com sua inebriante melodia. Se todas seguissem essa toada teríamos, provavelmente, outra obra memorável. Infelizmente, a sensação desse The Kings of Limbs é de uma bola na trave. Dá até para ouvir o urro de decepção da torcida.
Cotação: 3
Chegue em The King of Limbs:
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