Pois é, alguns leitores desse blog devem pensar: rock da Islândia? Temos alguns exemplos relativamente famosos de bandas deste país que conquistaram renome internacional. Para lembrar: Björk e Sigur Rós. Como esses dois, a Múm faz um som experimental, cerebral, onde a utilização de instrumentos diferenciados e a melodia quebrada e que explora a atonalidade tornam a audição mais complexa. Mas, é um desafio que vale a pena encarar. Afinal, somos ratos ou homens? E Sing Along... não está exatamente entre aqueles trabalhos chatos nos quais o artista fala mais pro seu umbigo do que pros tímpanos de nós, pobres mortais.
Desde 2000, quando lançaram Yesterday Was Dramatic - Today Is OK, a Múm caminha pelo terreno do experimentalismo, de um rock que luta contra rótulos. O primeiro álbum que ouvi deles foi o elogiado Go Go Smear the Poison Ivy (2007), no qual a instrumentação e canções chegaram a me assustar. Coisa de doido, pensei logo ao primeiro impacto. Neste quinto trabalho, a turma parece ter arrefecido um pouco a sanha experimental. Há, inclusive, instantes em que eles soam até mesmo convencionais (como se isso fosse possível em se tratando desse grupo), como em “Blow Your Nose”, uma linda canção de ninar com um violoncelo cortante, e “If I were a Fish”, toda climática e com tessitura de sonho.Múm faz uma espécie de trilha sonora para filmes de fantasias, do tipo O Labirinto do Fauno e da encantadora série O Senhor dos Anéis. As canções são quase todas delicadas, algumas beirando a melancolia, como a quase folk “Last Shapes Of Never”, uma das mais bonitas do CD, e a estranha “Illuminated”, com uma orquestração de cordas de arrepiar. Mas, a grande maioria do álbum é feita mesmo de canções serenas, que não invocam tristeza, apenas magia. Casos do samba de criolo doido "The Smell Of Today Is Sweet Like Breastmilk In The Wind” e de “Show Me”, na qual ficam evidentes os toques de eletrônica sutis – e que fazem algumas publicações rotularem erradamente o grupo como “eletrônico” – que permeiam todo o trabalho da banda.
Colaboram para esse clima mágico e sedutor(prepare-se para nomes impronunciáveis), a voz fantástica e aveludada de Kristín Anna Valtýsdóttir, acompanhada em vários momentos pelo coro masculino de Ásthildur Valtýsdóttir e Olof Arnalds, este responsável também pelos trompetes e teclados, e ainda os bons instrumentistas Hildur Guðnadóttir (cello e vocal) e Samuli Kosminen (percussão).
Cotação: 4
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