Delphic é uma banda esperta. Chegou cheia de gás, deixando bem claro que não brinca em serviço e está disposta a se firmar no animado segmento electro rock. Os garotos de Manchester estréiam com um CD, Acolyte(2010), que mexeu positivamente com a crítica neste começo de ano. A banda ficou recentemente em terceiro lugar numa lista do sistema de comunicação britânico BBC que arrisca nomes que podem marcar o cenário musical neste fim de década. Tanta badalação, é claro, deixa qualquer um com o pé atrás. Afinal, a mídia adora superlativizar o trabalho de alguns eleitos. O grupo em questão não é essa maravilha toda, mas até que teve competência para fazer um álbum redondo e com algumas músicas realmente pegajosas e bem produzidas.
Delphic é James Cook (vocal), Matt Cocksedge (guitarra), Dan Theman (drums) e Richard Boardman (programação eletrônica). O quarteto bebeu da fonte revitalizadora de grupos como o saudoso New Order e o superestimado, na minha opinião, Klaxons para produzir um electro rock sem grandes vôos mas com carisma, além de clips bem produzidos que fazem a alegria dos videomaníacos. Na verdade, essa galera ampara-se na utilização precisa de sintetizadores, em maior profusão, e guitarras para criar aquele clima dançante e com tons modernos que marcou os anos 90 da década passada. É, no fundo, mais electro que rock. “This Momentary”, que tem um vídeo rodando em alta rotação na internet, é um bom exemplo dessa pegajosa pegada eletrônica. O sintetizador se sobrepõe a uma guitarra climática numa canção melodicamente bacana, com vocoder e vozes marcando passo forte, seduzindo o ouvinte desavisado.
Esse lado mais electro se faz presente sintomaticamente em dois momentos bem diferentes no disco, que mostram um grupo experimentando suas ondas particulares. Se em “Red Lights” assume uma postura mais dance total, com sonoridade deja vu e feita desavergonhadamente para as pistas – “Eu não consigo parar as luzes vermelhas”, dizem, numa metáfora ao “verme” que se instala naqueles alucinados por um remelexo – na longa(8 minutos!) e quase instrumental “Acolyte”, revela engenhosidade e um talento promissor para compor. Nessa última, as vozes dobradas entram como mais um instrumento numa música e a tecladeira cheia de ginga invoca inapelavelmente os deuses da dança. Tensão que se repete, ainda mais elevada, na agitada “Halcyon”, uma das melhores e mais legais do álbum.
As guitarras, a porção rock, diz alô de forma mais explícita e estanque em composições interessantes. Uma delas é “Doubt”, que, aliás, com seu refrão pegador, foi a primeira música de trabalho de Acolyte. Pulsante e bem acabada, como todo o disco, diga-se de passagem, o petardo tem realmente alma rocker e um bom equilíbrio entre cordas e sintetizador, que, afinal, caracteriza o gênero musical que a banda defende. Os demônios do rock and roll passeiam ainda em “Clarion Call”, que começa calma e aos poucos vai explorando efeitos eletrônicos, como de um telefone ocupado, num amálgama crescente e eficiente de sons, e na boa “Counterpoint”, num raro momento em que a bateria e o vocal expõem mais virilidade.
A excelente produção do álbum não esconde porém uma certa frouxidão musical, sentida nas entrelinhas de músicas dispensáveis como “Submission”, uma balada sem graça e pouco inspirada, ou ainda em “Ephemera”, com seus dois minutos de clima estranho e robótico, composição que é exatamente o que seu nome diz, risível. Essas derrapadas, somadas a sensação de que há um certo maniqueísmo e cerebralismo no engenho dos arranjos, é que me fazem ficar com a pulga atrás da orelha. Posso estar sendo com isso, eu mesmo, estupidamente cerebral. Se livrando desse ranço e olhando para Acolyte de forma mais serena e menos dura, dá para dizer, contudo, que é um disco que merece uma escutada. O grupo tem, com certeza, ziriguidum para fazer os viciados nas “luzes vermelhas” se esbaldarem.
Este blog é uma manifestação de amor à música. Não tem caráter comercial, mas apenas o de compartilhar um gosto pessoal por grupos, bandas e artistas de todo o mundo. A idéia não é detonar a indústria fonográfica, como alguns blogueiros acreditam que possam fazer ao postar discos. Sugiro que esse blog sirva como mera pesquisa e, se gostar dos trabalhos comentados, procure comprar. É um mimo que você faz ao artista.
As cores da festa
Fantasiaram o Centro Cultural Casa de Taipa para a sua festa de aniversário de um ano. Tanto verde e amarelo tornaram nossa paixão pela cultura ainda mais vibrante.
Verão
As pranchas apontam o caminho do sol. Alegria refletida na areia, Verão pra não mais esquecer. Natal, dezembro de 2011.
Rio na boa
Rio da vida, que não ri de mim. Rio porque sei que assim eu sei que vivo melhor. Porque tudo o mais se ilumina em minha volta. Rio pra te fazer feliz. Catingueira - Sobradinho - DF - Brasil. Outubro de 2011
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Um arco-iris no meio do lavrado e um fim de tarde banhado de luz. As vezes, a visão do paraíso está mais perto do que imaginamos. Mucajaí-RR. Agosto de 2011.
Missa do Vaqueiro
O vaqueiro do sertão nordestino, seco e encouraçado, carrega uma fé ardente como o sol que o incandeia. Exemplar de bravura que o Brasil precisa conhecer melhor. Suas missas em cidades do interior são rituais a parte. Meu amigo Flávio Aquino clicou esse momento mágico em Piranhas(AL), numa de suas muitas viagem Nordeste profundo adentro. Roubei essa de seu álbum no Facebook.