
9, A Salvação foi produzido por Tim Burton, criador talentoso dos também acinzentados e excepcionais A Noiva Cadáver e Sweeney Tood, só para citar seus trabalhos mais recentes e tenebrosos. A inclinação para o macabro, para uma estética explicitamente dark desse cultuado diretor está refletida no filme de Acker. Aliás, foi Burton, encantado com o que viu, quem resolveu desafiar esse cara a transformar o seu inspirado curta-metragem 9, indicado ao Oscar de animação em 2005, num longa.

Na história, 9 é um desses bonecos que ganha vida em um laboratório de um cientista. Ele descobre que está no planeta terra depois que máquinas e homens se digladiaram até a morte. Logo, junta-se a acuados congêneres seus, saídos da sombra, que optam pela luta de guerrilha para poderem sobreviver. Anti-belicista este longa de animação não se cerca de altruísmo, como o também em cartaz Up-Altas Aventuras, mas carrega nas tintas em sua crítica à ganância e a irracionalidade da humanidade, que se auto-destrói em nome do poder e do ego. Acerta na mensagem. Deixa o coração apertado e, mais importante, faz refletir, papel que o cinema deveria exercer com mais assiduidade.

Esse mundo destruído, os personagens esteticamente simples, pálidos e sem graça, não geram, claro, grande simpatia, mas são soberbamente construídos. A computação é primorosa, mesmo tendo contra si a utilização de poucas cores, praticamente o preto e o marrom e seus semitons. A trilha de Danny Elfman acentua a atmosfera carregada e as vozes de Elijah Wood, como 9, John C. Reilly, Jennifer Connelly, Christopher Plummer, Crispin Glover, Fred Tatasciore e Martin Landau... bem, dessas não posso falar já que, infelizmente, em Boa Vista só tive acesso à versão dublada do filme. De qualquer forma, mesmo sem ser uma obra-prima, 9, A Salvação, é recomendável para nossa educação sentimental e para quem curte animação inteligente e de bom gosto. Deixe-se surpreender.
Cotação: 3
Vai aí um aperitivo?
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