A terra dos cangurus de vez em quando nos surpreende com sua música. Do jurássico AC/DC, que pousou no Brasil neste fim de ano com seu metal baba, a The Vines, uma das boas bandas surgidas nessa década, passando por Midnight Oil, Wolfmother e Hoodoo Gurus, entre outras mais conhecidas, a moçada da Austrália bate a nossa porta com um sonzinho de qualidade que ultrapassa merecidamente as fronteiras da super ilha. O caso mais recente é de uma turma de Melbourne batizada The Temper Trap e que chamou atenção dos caçadores de novidades com Conditions(2009), álbum de estréia com bons achados e que tem no convincente senso pop e na voz em falsete de Dougy Mandagi seus maiores trunfos.
Há quem tenha classificado The Temper Trap como indie rock e até mesmo art-rock, mas acho que a galera australiana está mais para um indie pop, só para confundir um pouco mais a cabeça de quem adora uma segmentação. Mas, deixando esse tipo de definição de lado, o melhor mesmo é se ater a deliciosa busca do vocalista Dougy e de seus parceiros(o bom guitarrista Lorenzo Sttillito, o baixista Jonathon Aherne e o baterista Toby Dundas) por uma musicalidade objetiva que mescla popices a uma tendência glam, traduzida na intensidade da voz do líder da banda e nos arranjos bem trabalhados. E aqui tem os dedos e as mãos de Jim Abyss, produtor do trabalho e que já emprestou seu talento para discos de peixes grandes como Kasabian, Arctic Monkeys e Ladytron.
O lado pop se faz presente principalmente nas músicas mais dançantes e diretas, como “Fader”, uma das mais fracas do disco, com seu teclado datado, batida de bateria básica e corinho que lembram os anos 80. Feita pra tocar no rádio. E também na bacanuda “Rest”, com um refrão hipnótico e a interpretação irresistível, rasgada de Dougy, que dão ares de dance a essa poderosa canção. Rivaliza com “Science of Fear”(veja o clip abaixo), a mais rocker e com melodia inspirada do CD, candidata, entre as que ouvi, a uma das melhores e mais pegajosas canções do ano. Reparem no ótimo arranjo e na empolgante guitarra de Lorenzo. Uma prova inequívoca que esses meninos não estão para brincadeira.
Os australianos também sabem carregar no clima quando desaceleram. Perdem um pouco o pique em duas canções que tem seu forte nas mudanças de andamentos. Caso de “Down River”, com construção lenta e melodia mais arrastada, com um saxofone triste pontuando a canção, mas que ganham peso no refrão e no final com ajuda de bonito arranjo de cordas. A outra é “Love Lost”, que engana o espectador com seu teclado e palminhas no início, que sugerem uma sacode pista, mas acaba não saindo do lugar, apesar da guitarra e do gás que pega um pouco mais adiante. The Temper Trap volta a ganhar crédito na bela balada “Soldier On”, na qual sobressai a afinada voz de Dougy em tocante e preciosa composição.
Conditions é, enfim, uma dessas estréias realmente surpreendentes e que merecem a atenção daqueles que gostam de boa música. Ainda mais num ano em que o rock andou meio bambo das pernas. E também porque senti nesse início de carreira do grupo, o que é mais complicado, claros sinais de maturidade inventividade. O destemor em encarar o universo pop, tão difícil de ser conectado com talento pela maioria das bancas, e a voz marcante do vocalista já valem o investimento nos poucos mais de 40 minutos do álbum. E aí é esperar para ver se a galera de Melbourne confirma mais adiante as boas intenções. Recomendo. Cheio de esperança.
Este blog é uma manifestação de amor à música. Não tem caráter comercial, mas apenas o de compartilhar um gosto pessoal por grupos, bandas e artistas de todo o mundo. A idéia não é detonar a indústria fonográfica, como alguns blogueiros acreditam que possam fazer ao postar discos. Sugiro que esse blog sirva como mera pesquisa e, se gostar dos trabalhos comentados, procure comprar. É um mimo que você faz ao artista.
As cores da festa
Fantasiaram o Centro Cultural Casa de Taipa para a sua festa de aniversário de um ano. Tanto verde e amarelo tornaram nossa paixão pela cultura ainda mais vibrante.
Verão
As pranchas apontam o caminho do sol. Alegria refletida na areia, Verão pra não mais esquecer. Natal, dezembro de 2011.
Rio na boa
Rio da vida, que não ri de mim. Rio porque sei que assim eu sei que vivo melhor. Porque tudo o mais se ilumina em minha volta. Rio pra te fazer feliz. Catingueira - Sobradinho - DF - Brasil. Outubro de 2011
Lavrado iluminado
Um arco-iris no meio do lavrado e um fim de tarde banhado de luz. As vezes, a visão do paraíso está mais perto do que imaginamos. Mucajaí-RR. Agosto de 2011.
Missa do Vaqueiro
O vaqueiro do sertão nordestino, seco e encouraçado, carrega uma fé ardente como o sol que o incandeia. Exemplar de bravura que o Brasil precisa conhecer melhor. Suas missas em cidades do interior são rituais a parte. Meu amigo Flávio Aquino clicou esse momento mágico em Piranhas(AL), numa de suas muitas viagem Nordeste profundo adentro. Roubei essa de seu álbum no Facebook.