
Naquele show intimista em Brasília, a platéia cantava a maliciosa “Teresa da Praia”, a linda “Viva meu Samba”, tadução exata do brasileiríssimo ritmo, e a gaiata “Piston de Gafieira”. Billy Blanco compunha com sentimento popular. Em um Rio dourado, marcado pelas noitadas, foi o síndico da farra, elencando matreiro as regras das pistas da alegria, como em “Estatuto da Gafieira” (“O ambiente exige respeito/Pelos estatutos da nossa gafieira/ Dance a noite inteira, mas dance direito”) e “Estatuto da Boite”(“ O estatuto não prevê, mas eu lhe digo/Traga a sua mulher de casa e deixe em paz a do amigo”). Bom sujeito, ele. A música do cara, pra trilhar romances pianinhos ou pra dançar, tinha mesmo telecoteco. Hoje, a figuraça morreu. Grande pena. Nessas horas, só nos resta dizer, com a alma triste e enlutada: vai com Deus, Billy.
Para lembrar o mestre segue algumas provas de sua grande arte.
O vídeo com Juli Mariano cantando “Estatuto de Boite”:
A bela letra de “Viva meu Samba” e uma versão matadora da mesma com Zé Renato, uma das mais belas vozes masculinas da MPB. Cante junto:
Venho do reino do samba
Brilhar no asfalto
E na forma de samba
Vem o morro também
Faço da minha tristeza
Um carnaval de beleza
Que as outras terras não tem
Toda riqueza do mundo
Não vale um terreiro
Onde eu faço o meu samba
Com simplicidade
Com as pastoras na rua
Com um pedaço de lua
E a palavra saudade
Violão
Pandeiro
Tamborim na marcação
E reco-reco
Meu samba
Viva meu samba verdadeiro
Porque tem
Telecoteco
E olhe aí a incrível Elza cantando “Estatuto da Gafieira”: