
O Vivido e o Inventado é daqueles trabalhos passionais e generosos no qual percebe-se claramente a entrega do seu autor. Dessa superexposição é possível ver o quanto a Espanha, onde Klaus tocou com vários artistas, deixou um lastro em sua produção. Os acordes flamencos aparecem na bela “A Hora”, com traços marcantes do maracatu de sua terra natal e uma temperatura emotiva que lembra “Corsário Negro”(Aldir Blanc/João Bosco), com sua poesia rasgada.
Diverso, o álbum se ampara ainda nos ritmos da infância de Klaus, como na ciranda “A Caminho do Mar”, com letra lúdica e intensa, onde há espaço, sem exageros, para barulhinhos eletrônicos que tornam a música ainda mais atraente. O Nordeste se faz presente ainda na linda “Varanda”, um reggae-sertão com doce infusão de sonoridades típicas daquela região pero sem perder a modernidade.
Guloso, Kiko Klaus, cujo timbre de voz é uma mistura de Gonzaguinha com Zeca Baleiro, vai ainda, sem escorregar, de trip hop, na atonal “Altar”, que lá pelo meio descamba para atabaques de candomblé mantendo a bela estranheza. E encanta com sambinhas de boas lavras, como o “Samba Chora”, com arranjo bacanérimo, e “Caminhão”, uma das melhores do disco. Enfim, um novo nome chega para marcar tento na MPB. Um gol de placa de Klaus, que sugere aos bons ouvintes acompanhar com atenção a carreira desse pernambucano.
Se ligue:
http://rapidshare.com/files/169837293/kiko_klaus_o_vivido_e_o_inventado.rar
Cotação: 4