
Lembra
Raimundos, da boa fase, e também
Chico Science e um pouco os alucinados
Móveis Coloniais de Acajú. Lembra, na verdade, aqueles grupos que, sem vergonha, liquefazem as influências hardcore num emaranhado musical que, ainda assim, trazem um carimbo próprio.
Gilbertos Come Bacon vem de Planaltina, usando uma velha fórmula, para mexer, em seu disco de estréia, com o amuado rock candango.
Primeiro lançamento do ano da gravadora brasiliense, GRV Discos,
Gilbertos Come Bacon(2009) veio ao mundo porque a banda homônima ganhou o I Festival Universitário de Música de Brasília. Foi o prêmio. Para o grupo e para os fãs de um rock mais veloz e, aqui, ponto pra lá de positivo, com tutano. Os sete meninos e a menina, uma baixista, da banda fazem um som urgente, com letras que investem no discurso social com o verbo solto, que beira em certo momento e sem pudor a escatologia.

Esse desapego ao hardcore tradicional é francamente assumido pelo grupo. Eles batizam sua música de “rabicóre”, que pode ser visto como uma mistura orgânica de guitarras pesadas e aceleradas com uma instrumentação sem amarras que têm a percussão e a levada rap – no diálogo dos vocalistas Eduardo e João – como elementos mais marcantes. Por isso é som para quem não está em dieta, com muito tempero. Uma feijoada explosiva.
No mar de influências em que a banda mergulha, é possível ouvir um
Raimundos com neurônios na bacana “Minha Casa”, cuja letra faz uma comparação quase concretista do corpo humano com a casa. O mix radical de
Chico Science e Nação Zumbi é visível em “Sorriso de Plástico”, com sua percussão esperta bem casada com o rap. O skacore que municia o
Móveis se faz presente na ganchuda “Piolho”, que tem participação especial e bem humorada do imprevisível Tom Zé.
Gilbertos Come Bacon não tem a pretensão de inovar. A banda faz o que os grupos citados anteriormente exercitaram, mas com uma liberdade que leva a intervenções sonoras diferenciadas e produz um som que não soa como cópia. Mérito também das letras politizadas que escapam do panfletarismo, como em “Adulteraram”, que fala do mau uso do poder ou na bem sacada "Gilbertos", sobre um cara que para ser “considerado” tenta parecer com um gringo. Um boa estréia de uma banda que merece ser acompanhada com interesse.
Cotação: 3
Fico devendo o link para o disco, mas como aperitivo lambuze-se com esse torresminho:
http://www.myspace.com/gilbertoscomebacon
Ou para mais informação, vá em:
www.grv.art.br
5 comentários:
Valeu, Dr. Tímpano, precisando estamos aí!
André, do Gilbertos Come Bacon
Banda bacana!!! quem toca o baixo mesmo?
Quem toca o baixo é na verdade uma menina, Camila Soato. Perdão pela minha falha na resenha. Vou inclusive nesse momento lá para consertar.
Valeu pelo toque.
Quem toca o baixo é na verdade uma menina, Camila Soato. Perdão pela minha falha na resenha. Vou inclusive nesse momento lá para consertar.
Valeu pelo toque!
Eu gostei muito da música deles quando fui num show. E gostei muito também do texto, muito bem escrito.
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