
Sempre admirei
André Abujamra. Principalmente porque há nele uma grandeza de coração e princípios traduzidos, em sua música, no desejo de ver um mundo sem preconceitos e mais tolerante. A universalidade e a defesa de um mundo solidário, de pessoas que se entendam como irmãos, independentemente de cor, língua e religiões, estão presentes em seus trabalhos desde o tempo do saudoso
Karnak, banda emblemática e que marcou o circuito alternativo na década passada.
Depois do fim do
Karnak, Abujamra lançou o ótimo
O Infinito de Pé(2004) e agora, de forma independente, um álbum de nome esquisito:
Retransformafrikando(2008). Neste último, ele carrega as mesmas preocupações éticas e estéticas. Estão aqui o bom humor de sempre e o texto direto, como em “Pangea”, em que ele lembra, para expurgar as diferenças, que a terra era um grande continente colado : “Angola, Senegal, coladinho no Candeal”, brinca. África em nós retransformada.
No álbum, Abujamra continua buscando referências da música do planeta. Há sons indianos, como na provocativa “Melhor é Menor”; há tambores e vozes africanas que remetem ao grupo vocal
Ladysmith Black Mambazo, que Paul Simon fez conhecido em todo planeta no disco
Graceland. Enfim, uma miscigenação muito própria de estilos, culturas e homenagens como em “Babaloo”, na qual cita o hit da nossa Ângela Maria, que torna o trabalho uma salada sensorial.
Homem do Brasil. Homem do mundo. Esse é Abujamra. E se
Retransformafrikando não tem o vigor de seu álbum solo anterior, ainda assim é uma obra para se ouvir com atenção. Afinal, pode ter certeza, com aquele bom paulista você sempre aprende algo.
Retransformafrique-se:
http://rapidshare.com/files/100548492/Retransformafrikando.rarCotação: 3