
Esse filme leva a assinatura de um sueco, Lasse Hallström, de quem já havia visto Minha Vida de Cachorro, que garantiu sua passagem para Hollywood, e Chocolate, um longa-metragem com algumas boas idéias e uma má realização. O primeiro marcou minha memória pela extrema poesia e delicadeza com que o diretor conta a história de um menino que vai morar com os tios em uma pequena cidade do interior depois que a mãe morre. Em Sempre ao seu Lado, Hallström acerta novamente a mão e se utiliza de uma história real para trabalhar sentimentos comuns com uma sutileza e, principalmente, serenidade que termina por conquistar o público. Foi a despretensão e a poesia bruta da história de Hachiko que me pegou de cheio e me levou a nocaute.

A história de Hachiko, que aconteceu realmente no Japão, é assim simples, objetiva. O filme transcorre lento e gradual em cima de um cotidiano sem surpresas de uma família classe média igual a milhares de outras. O roteiro é coberto de veleidades, de momentos comuns, desses que recheiam o relacionamento quase maternal de quem cuida e ama bichos de estimação. É a tentativa de fazer com que o cão pegue uma bola de borracha, o companheirismo do animal naquelas horas mais bestas, enfim, o mais do mesmo. Mas, há na forma como Hallström leva o filme, uma seriedade e despretensão que ajuda o filme a fugir da pieguice. O cineasta narra a amizade sincera de um cão e seu dono, marcada pela surpreendente fidelidade, com a vantagem ainda de ter um akita expressivo dividindo o papel principal com um apenas correto Gehre.

Sempre ao seu Lado não é uma obra-prima. Diria que é um grande filme menor de Hallström, mas que se supera pelo desprezo a uma moral da história e pelas lições de vida ocultas em suas entrelinhas. Mais um longa-metragem de cachorro? Não. Seria injusto querer compará-lo, por exemplo, a dramas como Marley e Eu, blockbuster no qual a temática é parecida. Dentro de cada coração bobo, como o meu, é possível encontrar um valor diferente emaranhado nesse trabalho. E é bom acompanhar de vez em quando um roteiro simples, tratado com zelo quase oriental pelo diretor ocidental. Por isso, deixando de lado análises frias e intelectuais, vale chorar. Afinal, como disse o poeta português, tudo vale a pena se a alma não é pequena.
Cotação: 4
Veja o trailer legendado do filme: