terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sou umbigo

Sou fã do Los Hermanos. Nunca escondi isso, apesar da patrulha ideológica de alguns amigos. Mas, a banda se foi e os seus integrantes resolveram seguir, logicamente, suas carreiras solos. Marcelo Camelo é o primeiro a dar a mão à palmatória. A se desnudar, sem o apoio de um coletivo, caso de Rodrigo Amarante, que faz parte da ótima Orquestra Imperial com um CD já lançado. Por isso mesmo, Sou (2008), de Camelo, era um trabalho bastante esperado no mercado fonográfico.

O resultado dessa espera não é exatamente revigorante. Com Sou, Marcelo Camelo faz um trabalho refinado e em tom menor, sem arroubos criativos e na direção do umbigo do artista. Muito calminho o disco, que chega a remeter, em alguns momentos, a música de ninar, como é o caso das versões instrumentais de “Saudade” e “Passeando”. Trilha sonora para dias calmos e de coração aberto. Com se um filme zen passasse em frente de nosso olhos.

Sou é uma espécie de continuação, tirando todo o apelo radiofônico, do já em câmera lenta 4, último trabalho dos Los Hermanos. “Téo e a Gaivota” é, por exemplo, uma composição serena, com ecos orientais, e carregada de deliciosas obviedades na letra, como na hora em que diz que “todo ser humano pode ser humano”. A atmosfera lenta é devidamente reforçado pelo acompanhamento dos paulistanos, endeusados no underground, do Hurtmold, um dos acertos do álbum.

Desacerto foi a escolha de Mallu Magalhães, com sua vozinha miúda, para cantar a linda “Janta”, uma balada açucarada que desanda com a participação da moçinha. Mas, Camelo volta a ganhar pontos com a abolerada “Doce Solidão”, talvez a música mais encantadora de Sou, com seu pegajoso assovio no início e uma grande melodia. O disco falha, contudo, no excesso de melaconlia e intimismo, uma opção do artista, que torna a audição letárgica. Sobrou coração e faltou pulsação.

Sinta toda a história:

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Cotação: 3

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Tiro n’água

Seven Mary Three nunca conseguiu dar o seu pulo do gato. Conheci o som desses norte-americanos tardiamente, mas a partir da mesma fonte que a maioria teve, o álbum de estréia American Standard(1995), que trouxe o único sucesso do grupo, a ótima “Cumbersome”. Gostei muito do que ouvi. Voltei a ter contato com a banda com The Economy of Sound(2001), mas a magia gerada antes não era mais a mesma.

A decepção que The Economy of Sound me trouxe se repete em Day & Nightdriving (2008), o sexto disco lançado tempos depois que o Seven Mary Three colocou as barbas de molho. A parada estratégica não ajudou muito o grupo que já vinha produzindo um trabalho pífio. Em 2001, Jason Ross, o vocalista com timbre parecido ao de Eddie Vedder, o post-hippie do Pearl Jam, já não contava com o companheiro Jason Pollock, colega de universidade e parceiro de composições. O último CD parece ressentir-se dessa parceria e, pior ainda, de boas idéias.

Falta a Day & Nightdriving a jovialidade garageira que acompanhou a banda em seus trabalhos dos anos 90. Tudo bem que os músicos amadureceram, não têm as mesmas preocupações e inquietudes, mas bem que poderiam ter mantido a verve roqueira que conquistou muitos fãs, principalmente nos Estados Unidos. Sem gás, o grupo parte para um lado mais country, alt-country para ser mais honesto, como antevê a capa do disco. Caso das chatinhas “Dreaming Against Me” e da mela cueca “Strangely at Home Here”.

Mas, ainda há ecos do bom rock da banda, ainda que tímido, na boa “Last Kiss”, com seu refrão engenhoso, e na lenta e bonita “Hammer and a Stone”, que lembra a cultuada banda American Music Club. Raros momentos em que a voz abençoada de Jason Ross encontrou criações a altura de sua potência. Ainda não foi dessa vez que o Seven Mary Three voltou às graças com o seu público. A gente espera a próxima tacada.
Se quiser, vá:
Cotação: 2

domingo, 12 de outubro de 2008

Tambores de guerra

Não lembro de ter lido em algum lugar. Mas, o fato é que esse carioca da gema chamado Pedro Luís é filho de santo forte. E se seu amor pela batucada, evidenciado desde o início de sua carreira pelo feliz acompanhamento do combo A Parede percursionistas e músicos de mão cheia – é um sinal de que ele sempre teve um pezinho na África, com o lançamento do bom álbum Ponto Enredo(2008), o artista finca de vez os dois pés no inspirador continente africano.

Ponto, para quem não sabe, dentro da cultura iorubá é o batuque hipnótico presente nos rituais de terreiros de macumba. Ponto Enredo, o álbum, vai na raiz ancestral dos tambores africanos e toma um banho radical. Vira um disco conceitual nessa busca da batida perfeita, onde mistura as típicas batucadas tribais, os pontos, com o samba.

O resultado dessa mistura, talvez uma procura pelos pontos de intersecção do ponto de macumba e do samba obviamente sem qualquer intenção antropológica do artista, é interessante e revela um Pedro Luís, um de nossos mais talentosos compositores, rendido despudoradamente aos velhos tambores de guerra. Uma rendição, contudo, que não perde de vista a carga de contemporaneidade e a miscigenação de influências bem características dos músicos de sua geração.

E desde o início, na suingada “Santo Samba”, Pedro Luís e a Parede já mandam o seu recado e atacam com um batuque vibrante. “Do jeito que as coisas andam. Os santos estão pirando. Não dão conta da demanda”, alertam. Mas, nem por isso, deixam a felicidade de lado. “O samba é um santo remédio para quem quer viver”, remendam depois. A música chama para a festa misturando samba e, de uma forma mais suave, ponto de macumba.

Mas, ponto forte mesmo vem a seguir com a música que dá nome ao disco, “Ponto Enredo”. O uso da percussão e os elementos seminais do candomblé, como trovão, água de cheiro, ervas remetem ao terreiro, mas a melodia e uma guitarra sensual traz modernidade e beleza à canção. A iconografia iorubá está também em “Mandingo”, um outro “ponto samba” envolvente e que mostra um Pedro Luís completamente senhor de si em sua arte de criar composições competentes.

Competência inclusive para tocar no rádio. “Ela tem a beleza que eu Nunca Sonhei” é samba de roda, de raiz, um partido cantado junto com Zeca Pagodinho prontinho para virar sucesso. E também arriscar um rock mais à esquerda, como na ótima “Tem Juízo Mas não Usa”.

E esse é Pedro Luís, quatro discos depois da estréia e com pelo menos uma obra prima, Astronaura Tupy(1997), livre para mergulhar radicalmente na sua paixão pelos tambores mas sem medo de ser feliz em composições populares. Ponto Enredo é bola dentro, uma goleada de nossa brasilidade.

Vá de batucada:

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Cotação: 4

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Margot gosta de complexidade

Gosto de bandas pretensiosas. Independentemente do resultado de suas buscas, elas tentam pelo menos ter uma identidade própria, uma sonoridade diferenciada. A norte-americana Margot and the Nuclear So and So’s segue essa trilha. Richard Edwards, o vocalista e líder do grupo, faz assumidamente o que se convenciona chamar de art-rock. E nesse caso, leia-se arranjos complexos, melodias mais rebuscadas e pretensão.

Em Not Animal(2008), um dos álbuns do último projeto do grupo, que conta com um lado B, o vinil Animal, Margot, aprofunda sua música emocional e barroca. Antes havia lançado apenas o disco The Dust of Retreat (2006) sem muita repercussão. No meio do caminho entre o pop e o indie cabeça, o trabalho mais recente busca coesão. E quase chega lá. Excetuando as derrapadas, como nas poucas inspiradas "Hello Vagina" e "As Tall as Cliffs", o trabalho tem lá sua solidez, com composições boas de ouvir com um headphone de qualidade, para buscar os barulhinhos e detalhes dos arranjos.

A complexidade dos arranjos, bem costurados, está presente na orgástica "Cold, Kind and Lemon Eyes", que começa sussurrante, com instrumentação tímida, até ganhar contorno épico do meio em diante tirando o ouvinte do eixo. Repare na surpreendente orquestração de violinos em perfeita harmonia com uma guitarra mais pesada e no coro suave. Fascinante.

Outro bom exemplo da consistência musical de Not Animal está em "A Childrens Crusade on Acid", de melodia climática e que lembra um pouco Radiohead pré Ok Computer e na bacanuda "Page Written on a Wall", com inserção de metais com influências mexicanas, microfonia e vocal desesperado que resumem bem a inquietação criativa do grupo. Pretensões de lado, dê ouvidos a Margot. Vale a pena.

Arrisque:

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Cotação: 3

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Esquenta

Já que The Hives está no Brasil (e hoje em Brasília), nada melhor que um aperitivo do que está por vir. Supervisionado por vários produtores – entre eles, Pharrell “Neptune” Williams, The Black And White Album foi lançado em 2007 e traz algumas diferenças significativas em relação aos discos anteriores: basta ouvir as estranhas “Giddy Up” e “Puppet On A String” ou “A Stroll Through Hive Manor Corridors” (esta, uma “não-música”, que deve ser usada nos shows para deixar o público esperando por uma paulada sonora). Dessas que têm tecladinhos, as mais razoáveis são “It Wont Be Long” e “Bigger Hole To Fill”. Já “T.H.E.H.I.V.E.S” é bem funkeada e tem, inclusive, voz em falsete. Definitivamente, programações eletrônicas, barulhinhos de vídeo-game, abuso de teclados, não parecem com os The Hives anteriores. E, no geral, não funcionou muito bem.

Mas, felizmente, essa guinada para o dance/ eletrônico também suaviza os gritos do vocalista e, ao mesmo tempo, não exclui por definitivo o lado mais energético e arrebatador da banda. Prova disso é a seqüência das três primeiras faixas do disco: a matadora “Tick Tick Boom”, a excelente “Try It Again” (com seu corinho de backing vocals) e a dançante “You Got It All...Wrong”. Depois ainda tem “Hey Little World” (muito boa), “Return The Favour” (bacana), “Square One Here I Come” (com seu riff básico e eficiente de guitarra) e “You Dress Up For Armageddon” e “Well Alright” (parecem com The Fratellis).

Bom show a quem for hoje no Arena! Enquanto isso:
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Cotação: 3

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Novidade?

E lá se vão 11 (!!!) anos desde o lançamento de Urban Hymns e do grande sucesso “Bitter Sweet Symphony”... Não sei exatamente o por quê, mas sempre achei um saco essa música, e isso acabou me fazendo torcer o nariz para o Verve. Quando conheci “Sonnet”, “Lucky Man” e “The Drugs Don´t Work”, do mesmo disco, diminui minha repulsa e fui conhecer um pouco mais da banda, mas não adiantou muito, pois, pra mim, Verve vai ser sempre sinônimo de músicas enjoativas, loooongas, quase sonolentas. É o caso, por exemplo, da quase hipnótica “Numbness”, uma das faixas de Forth (2008), que marca o retorno da banda após nove anos de separação.

Apesar disso, “Valium Skies” se salva, pois termina antes que comece a ficar chata. “Rather Be” tem uma melodia interessante. Algumas músicas destoam do estilo de som da banda, como “Love Is Noise”, com sua levada meio dançante, e a pesada “Noise Epic”. Já na faixa bônus “Chic Dub”, o Verve arrisca um leve dub, que tem tudo a ver com o estilo viajandão da banda. Ah, e “Judas” vai indo bem até quase o fim. No mais, nada que me empolgue, nem que lembre as melhores do Urban Hymns, citadas anteriormente.

Boa sorte:
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Cotação: 2

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Esquentando a festa

Tá de bobeira e querendo balançar o esqueleto? Sugiro o sonzinho animado de uma banda inglesa de pop/disco punk chamada Dartz! O nome do álbum: This is My Ship(2008). O trio britânico ataca com uma sonoridade despojada, sem acelerar nas batidas como gostariam os mais radicais. Barulhinho bom, desses para dar um brilho em início de festa, quando as pessoas estão esquentando os motores.

O punk dessa turma com um jeitão, cá pra nós, meio indie está bem traduzido logo na música que abre o disco, a deliciosa “Network! Network! Network!”. Em “A Simple Hypothetical” acertam na veia e são mais fiéis ao estilo que representam, com direito a gritinhos, acordes repetitivos e bateria no talo. Ao lado de “Pregos Triangolos”, essa bem menos previsível e com um dueto vocal desleixado, é das melhores do álbum.

O trio prefere, contudo, em This is My Ship assumir um lado descaradamente pop, como fica claro em “Once, Twice, Again!”, que os aproxima, só para comparar, do Offspring, e em “Cold Holidays”, que tem a mesma fervura de bandas como a cult 311, buscando outra comparação mais acessível. Dart! fez um trabalho ok e potencialmente radiofônico. Mas, essa turma pode mais. E conto fervorosamente com isso.

Querendo, vá de:

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Cotação: 3

sábado, 16 de agosto de 2008

White Stripes ao contrário

Kleber Rocir – Especial para o Todoouvido

Quando estava garimpando na net algo para postar no Todoouvido me deparei com o Blood Red Shoes, banda inglesa que lançou em abril de 2008 seu primeiro disco, Box of Secrets. De imediato fiquei curioso com os comentários de que a banda era um “White Stripes ao contrário”, no caso uma mulher na guitarra/vocal (a gata Laura-Mary Carter) e um homem na bateria, Steven Ansell, que reveza os vocais com a beldade citada.

As comparações com os Stripes se restringem à troca de posições dos músicos – e isso faz toda a diferença: Ansell marca o ritmo das músicas, tocando sua bateria rápido e forte, algo inimaginável para a fraquinha Meg, batera dos Stripes. É só ouvir a pulsante “I Wish I Was Someone Better” (a melhor do álbum) e a ótima “Its Getting Boring By The Sea”, ambas prontinhas pra animar uma festa. Na guitarra, Laura não tem os dedos virtuosos do líder dos Stripes, Jack White, mas completa direitinho o som que o Blood Red Shoes se propõe a fazer: um indie-rock vibrante, sem baladas.

A única ressalva a fazer é quanto ao final de algumas músicas: a esperta “You Bring Me Down” e a bacana “Take The Weight” poderiam ser mais enxutas nos vocais, que acabam ficando enjoativos e chateiam um pouco no final. Já em “ADHD”, Laura poderia gritar um pouco menos - coisa que ela não faz em “This Is Not For You”, e deixa o vocal mais suave. Mas, é provável que isso seja preciosismo de minha parte, pois no geral a dupla inglesa fez uma boa estréia. Aliás, uma curiosidade sobre o nome da banda, que foi tirado de um musical de Ginger Rogers e Fred Astaire: nele, Rogers torna um par de sapatos brancos em vermelho, com sangue, resultado de sua constante prática da dança. Então, que tal ver se os Blood Red Shoes fazem jus ao nome?


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Cotação: 3

Trio de elite

Com um nome no mínimo curioso, o trio Chin Chin já vem seduzindo há algum tempo fãs por todo o planeta. Som para ouvidos mais apurados, esses americanos do Brooklyn faz uma mistura pra lá de suingada de funk e jazz. Bom pra agitar nas pistas com sua inspiração retrô que remete aos anos 70. E no que esses anos tiveram de mais elegantes. Impossível não se animar com a sonoridade setentista e os metais vibrantes do disco homônimo lançado em 2007.

O último disco do Chin Chin já começa esfuziante na fantástica “Miami”, com seus breques jazzísticos, e emenda com a cool mas não menos dançante “Apettite”. O disco continua animado com “You Can’t Hold Her”, com percussão tribal e com eco mais roqueiro na ótima "Curtis", que lembra um pouco o ótimo Daft Punk. Em poucos momentos, pendem para a eletrônica, como em “Dontchuse", mas o melhor é fica com a pegada funk vintage de “Where is my Time”.

Chin Chin bebe da mesma fonte alternativa com formação requintada de grupos como o possante TV On the Radio. A cena novaiorquina aliás sempre foi uma das mais interessantes quando se procura um som mais robusto, com referências musicais mais pesquisadas e radicais. O power trio é formado por Wilder, vocal(aliás, bem afinado), o DJ Torbitt, na bateria, e Jeremy, na guitarra. Guardem esses nomes e se deliciem com o novo petardo da turma.

Bom apetite:

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Cotação: 4

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Pausa pro barulho do mundo

Prezada galera,

Sei que o blog anda meio devagar. Na verdade, devagar quase parando. Coisas da vida. É que tou no norte, trabalhando pesado em outra frente. E isso me deixou com pouco tempo para ouvir música e escrever, enfim, meus despretensiosos textos. Nesse exato momento sinto uma imensa saudade de falar sobre música. Sem puder fazê-lo, só me resta contentar com o barulho impreciso do mundo. Ainda bem que isso também, em alguns momentos, também é música. Até a volta. Prometo me entupir de som bom e recuperar o tempo perdido.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Muito prazer, Mr. Darnielle

Não conhecia os californianos do Mountain Goats. Mas, eles já são arroz de festa para aqueles que conhecem a fundo o indie rock mais classudo. O líder do grupo, John Darnielle, está na estrada há muito tempo, desde 1991. Tem vários discos solos onde pratica com uma voz meio anasalada sua verve poética e esquisitices. Em seu último trabalho, Heretic Pride(2008), acompanhado de uma turma competente, mostra que é compositor inspirado e consistente.

Heretic Pride é um discaço. Darnielle, ao lado do baixista Peter Hughes e do baterista Jon Wurster, lembra, às vezes, Lou Reed, quando este resolve contar histórias. Caso da espetacular “In the Craters of the Moon”, introduzida por um teclado e com levada bem dançante, com o vocalista rasgando o verbo e a voz. O grupo deixa aliás o lo-fi, uma de suas marcas, de lado para fazer um álbum animado. Vide as ótimas “Lovecraft in Brooklyn”, com sua guitarra matadora, e “Sept. 15th 1983”, com tempero reggae.

O disco baixa o tom sem perder a graça com canções mais suaves e melodias extremamentes hábeis, como “San Bernardino”, toda desenvolvida com um arranjo apenas de cordas e voz, e “Autoclave”, diáfana e amansada ainda mais por uma linda e econômica voz feminina. Dizem os entendidos em Mountain Goats que essa é uma das obras mais palatáveis da banda. Para mim, Heretic Pride, meu primeiro contato com essa moçada, é um grande lançamento que abre as portas da percepção para um artista inteligente e criativo. Só tenho a dizer: muito prazer, Mr. Darnielle.

Vá à luta:

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ou:

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Cotação: 5

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Wado na cabeça

Na seqüência da postagem sobre o Kristoff Silva, resolvi pegar o embalo para falar de um outro bom cabra que está ajudando a renovar a nossa música. Dessa vez, o cara já está na estrada há uma década e sempre lançando álbuns bacanas e, infelizmente, pouco ouvidos. Pobres ouvintes brasileiros incultos. Falamos aqui do alagoano Wado, que colocou no mercado, de maneira independente, o muito legal Terceiro Mundo Festivo(2008).

Wado é desses caras antenados com o mundo moderno, que belisca aqui e ali as linguagens da música eletrônica sem nunca perder de vista a brasilidade e o batuque. E isso a ponto de criar uma música orgânica com marca e tudo. Sua marca, o piano e guitarra que pontuam as melodias e a percussão leve, bem próxima da velha batucada de arquibancada de estádios, dizem mais uma vez presente nesse seu quarto trabalho.

Menos sombrio do que o disco anterior, a Farsa do Samba Nublado(2004), este Terceiro Mundo Festivo está mais suingado, com temas mais felizes, mas sem perder o engajamento jamais. Caso da “Revolução pelo Ar”, cuja letra defende a “Reforma Agrária no Ar” via rádios comunitárias, embalada por uma melodia funkeada, outra das marcas registradas de Wado. Boa pra dançar é também a sacana e desavergonhada “Teta”, com refrão que vai fazer corar os mais pudicos: “Ta guardado pra você amor, aceite/Ta guardado pra você, amor, o leite”.

A inteligência das canções pode ser percebida nas melodias envolventes e boas sacadas poéticas da grudenta “Fortalece Aí” e “Fita Bruta”, que revelam Wado em plena forma musical. Um grande disco pra acordar aqueles que se sentem órfãos da MPB vibrante e instigante.

Vá lá:


Cotação: 4

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Língua afiada

Tenho alguns amigos que torcem peremptoriamente o nariz para a Música Popular Brasileira. Parte por colonialismo, outra por preconceito e uma pequena parcela por soberba mesmo. A maioria acha que a MPB parou no tempo nos anos 70 e 80, quando os medalhões da música produziram suas melhores obras. Ora, ora, esses perderam o bonde da história e a oportunidade de se embevecer com gente que produz com muita qualidade.

A boa produção atual de MPB é pouco conhecida. Mas, muita gente bacana vem renovando os quadros, fazendo música de respeito. Um dos bons novos nomes é o de Kristoff Silva, que lançou recentemente Em Pé no Porto(2008). Esse norte-americano que veio para o Brasil com nove anos e fixou-se me Belo Horizonte se considera brasileiríssimo. Ouvindo o álbum não há como negar isso. Melhor ainda é perceber em seu trabalho um cuidado com as composições, com as melodias e arranjos que fazer desse seu segundo disco mais do que uma gratíssima surpresa.

No transcorrer de Em Pé no Porto, Kristoff mostra sua reverência ao bom português. Aqui, leia-se letras trabalhadas, com rimas ricas e quentes. Ele reverencia a língua de Camões como também as influências que dão conteúdo e consistência à sua MPB. Gente como o parceiro Luiz Tatit, Itamar Assumpção e Zé Miguel Wisnik, bambas paulistas da área, entre outros.

A intimidade com a língua e a paixão pelas influências estão explícitas, por exemplo, em “As Sílabas”, onde Kristoff brinca deliciosamente com a musicalidade do português: “Tem sílaba com “S”, não sobe não desce/ Tem sílaba que leve oscila e cai como uma luva na canção”. O canto falado de Tatit, que participa do disco em uma das faixas, transparece na ótima “Lig”. A melodia rebuscada típica de Wisnik ecoa em canções como “Em Pé no Porto” e “O Prazer”.

Como se não bastasse, Kristoff ainda se cerca das presenças luminares das grandes Ná Ozzetti e Jussara Silveira, que participam marcantemente do disco. Um dos grandes lançamentos de MPB do ano. E o rapaz ta só começando.

Vá, sem preconceito:

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Cotação: 4

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Pérola desconhecida

A música chamou a atenção de meu colega Makoto. Ele é meu companheiro de jornadas sonoras no trabalho. Involuntário, diga-se de passagem, mas sempre atento. E quase sempre discreto sobre o que ouço. Quase sempre também omisso nessas horas. Emite raríssimas opiniões. Mas, dessa vez, trinta minutos depois da música volutear pela sala, ele se pronunciou lacônico: “Muito doido esse som”.

Esse som “muito doido” era de um cara chamado John Matthias, um amigo britânico (acredito que essa seja a sua nacionalidade) de Thom Yorke, cabeça da banda Radiohead, com quem tocou em The Bends(1995). As 12 canções de Stories from the Watercooler(2008), contudo, nem são assim tão “doidas” como definiu meu caro Makoto. Mas que o cara sai um pouco do lugar comum, isso ninguém pode negar. Mas, não se assuste, isso nada tem a ver com a praia do experimentalismo.

Matthias é um representante do folk que não se apega exclusivamente ao violão acústico. Em seu terceiro álbum, há exemplos legítimos do que há de mais tradicional nessa escola, como na tocante “Open”, com direito inclusive a uma cândida flauta, e na bela e serena “It's Not”. Mas, onde o músico, de boa voz grave, impressiona mesmo é quando insere suaves programações eletrônicas que encorpam canções já melodicamente parrudas, como são os casos de “Police Car”, com um arranjo de instrumentos incidentais enraizado no contraponto e, principalmente, em “Blind Lead the Blinder”.

A mistura equilibrada se faz ainda presente em outros grandes achados, como “King of a Small Town”, cujo andamento lembra “Clint Eastwood”, do Gorillaz, um tom mais abaixo, ou na roqueira e raçuda “Spinnaker”. Depois de três discos lançados lá fora no mercado, com esse grande Stories from the Watercooler, tá na hora de Matthias aparecer definitivamente para o mundo.

Veja se você concorda comigo:


ou

também:

por fim:

Cotação: 4

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Trilha sonora empolgante

É interessante a estratégia dos músicos quando querem praticar sonoridades diferentes daquela que sua banda oficial costuma apresentar. E ainda de quebra tiram umas férias de seus companheiros de estrada. São os chamados “projetos paralelos”. Os resultados, porém, quase sempre não são tão interessantes. Outras vezes, o produto é redondinho e instigante. Caso desse The Last Shadow Puppets e seu álbum The Age of The Understatement(2008).

Por trás do The Last Shadow Puppets estão Alex Turner, vocalista e compositor do Artic Monkeys, o amigo Miles Kayne, do The Rascals, e ainda James Ford, do Simian Mobile Disco, que assume a bateria, e Owen Pallet, do Arcade Fire, autor dos belos arranjos. Essa turma boa e talentosa partiu para um trabalho requintado, cheio de referências dos anos 60 e de trilhas sonoras, com muita orquestração e criatividade.

Pois é, quem está acostumado a Artic Monkeys vai ter um travinho ao ouvir este The Age of The Understatement. Mas, se permita mergulhar no universo proposto no disco, que passa inclusive pela grandiloqüência das trilhas assinadas por Ennio Morriconi para o gênero western spaghetti, como na ótima música que dá título ao trabalho e em “Only The Truth” com sua orquestração carregada. E por falar em filme, “In my Room” parece ter saúdo direto dos filmes de 007, daqueles que tinham ainda Sean Connery como astro principal.

Aliás, os violinos marcantes em perfeita harmonia com as guitarras e bateria marcial são um show a parte nesse disco com arranjos inteligentes e estética old fashioned. Em alguns momentos lembram até The High Llamas, como nas sofisticadas “Black Plant” e “Meeting Place”. Mais anos 60 impossível. Vale a pena ver esse filme. Sério candidato a um dos melhores do ano.

Para sentir na pele, vá:

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Glam comedido

Não sei por que cargas d’água passei batido pela notícia de que Brett Anderson havia lançado em março do ano passado seu primeiro trabalho solo. Não que o fato merecesse o toque de trombetas e rufar de tambores. Mas, para quem, como eu, era fã ardoroso dos britânicos do Suede, tinha que ter tido conhecimento do fato. Comi mosca. Por isso também resolvi resgatar Brett Anderson(2007) do turbilhão do esquecimento.

O disco do vocalista do Suede não tem aquela tintura glam e de exagero que fez deste grupo adorado na década 90 a ponto de ter o trabalho comparado ao do camaleônico David Bowie. Este solo de Anderson é mais calminho, beirando a melancolia. Está mais para, em alguns momentos, os épicos que Morrissey tentou construir depois que saiu do Smiths. É o caso por exemplo da linda “Love is Dead”, que começa com cordas em ebulição e segue com o exercício vocal emotivo do cantor.

Essa tendência ao teatral, ao grandioso pode ser visto também noutra bela canção, “The More We Possess the Less We Own of Ourselves”, com abertura que mais parece ter saído de uma ópera de Puccini. É o novo “glam” de Anderson. Tudo no disco vai no vácuo do comedido, da voz do cantor, antes mais desbragada, até as canções suaves e não tão empolgantes como “One Lazy Morning” e “Intimacy”. Ecos do Suede podem ser ouvidos na mais rocker “Dust and Rain”, com sua guitarra e andamento mais nervosos.

Mas, o belo timbre de Anderson e pérolas como a impactante “To the Winter”, uma balada que já considero clássica e quase me faz chorar, tornam esse álbum uma obra para se ter em qualquer coleção.

Vá sem medo:

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Cotação: 4

terça-feira, 24 de junho de 2008

Tempero do passado

O caldeirão musical norte-americano que gerou, na primeira metade do século passado, ritmos como o foxtrot, charleston, o ragtime e o jazz, com todas as intersecções possíveis, vez em quando ecoa na música dos novos. Esse tempero de época pode ser sentido, por exemplo, no som que faz o bem intencionado grupo The Hush Sound, que lançou recentemente o animado e interessante Goodbye Blues(2008).

O disco foi editado pela mesma gravadora que apadrinhou o Panic! at the Disco e o Fall Out Boy, o que faz muita gente pensar que o The Hush Sound soe parecido com aquelas duas bandas fraquinhas que fizeram sucesso em todo o planeta. Mas, não é bem por aí. Ainda bem. Goodbye Blues tem mais consistência e referências culturais que credenciam o quarteto de Chicago, um dos melhores palcos da música negra dos Estados Unidos, a ser ouvido com atenção.

E não é só porque flerta com uma sonoridade com tintura jazzy, como as ótimas “Honey” e “Medicine Man”, que abrem magistralmente o disco, depois da melancólica “Intro”, todas abusando de um piano pop e que descamba em certos momentos para o vintage, que essa galera se mostra uma boa promessa. É porque, também, dosam essa influência com um indie-pop mais descarado, como acontece com as boas “As You Cry” e “Hospital Bed Crawl”.

A seu favor, The Hush Sound tem principalmente a voz de Greta Salpeter, que inclusive comanda garbosamente o notável piano. De registro agudo e muito afinada, essa menina é a alma da banda. Sinta a intensidade da cantora em “Break the Sky” e tire a prova dos nove. Infelizmente, o álbum peca pela pretensão. Salpeter disse que cada música ali era para ser vista como “uma pequena obra de arte”. Bobagem. Eles podem até ter amadurecido na terceira cria, como já foi notado, mas a sensação de cansaço criativo em algumas canções e a forçação de barra em outras, como na instrumental “Six”, não os coloca , ainda, no patamar de grandes artistas.

De qualquer forma, confira:

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Se não deu, tente:

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Cotação: 3

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Em busca da inspiração perdida

Gilberto Gil estava com saudade de gravar. Também pudera. O último trabalho autoral foi o robusto Quanta, de 1997. E de lá para cá, depois de assumir o Ministério da Cultura, que lhe propiciou um travo como compositor, esperou a inspiração musical vir. Ela veio devagar e resultou em Banda Larga Cordel(2008), um álbum que traz o velho Gil com suas preocupações filosóficas e o movimento sonoro globalizante.

O lançamento de um disco de inéditas de Gilberto Gil é algo sempre a comemorar. Afinal, o bom baiano, o meu preferido entre os novos bárbaros que na década de 60 para cá deram uma boa mexida na MPB, tem sempre algo a dizer. E seus trabalhos são sempre acima da média. É o caso desse Banda Larga Cordel que, mesmo menos luminoso que o disco anterior, ainda tem boas idéias, melodias bacanas e brilho próprio.

O disco traz 16 canções em mais de uma hora de música. E temos que nos render em vários momentos ao gênio rítmico e poético do artista. Mesmo em músicas menos pretensiosas, como “Despedida de Solteira”, um forró suave e provocativo, o som seduz e encanta. O artista tenta engatar de novo sua tendência a filosofar que, quando dá certo, nos prende atenção, caso da linda “Não Tenho Medo da Morte” e embarca ainda em sensíveis declarações de amor, como a que faz a mulher Flora, na sensual “A Faca e o Queijo”, da mesma linhagem da clássica “A Linha e o Linho”.

Há que se prestar atenção também nas letras de Gil, como na mais dançante “Banda Larga Cordel”, onde brinca com as coisas da informática e o desejo do mundo inteiro de surfar nessa onda, como revela a inventiva poesia: “Diabo do menino agora quer/Um ipod e um computador novinho/O certo é que o sertão quer navegar/No micro do menino internetinho”.

Mas, o ministro se perde em composições não tão inspiradas, apesar da boa intenção, como “Canô”, em que homenageia os 100 anos da mãe de Caetano Veloso ou no forró “Não Grude, não”. A compensação vem com a bela versão de “Formosa”, de Vinícius e Baden Powell, de arranjo delicado, e em sambas com grandes harmonias como “Samba de Los Angeles” e “Amor de Carnaval”.

Por tudo isso e por ser Gil reanimado, vá lá:

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ou ainda:

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Cotação: 4

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Lo-fi surpreendente

A banda costuma ser freqüentemente comparada ao papa do indie experimental, o canônico Sonic Youth. Mas, não embarque nessa. Não é porque o guitarrista deste grupo, Thurston Moore, apadrinhou o trio Tall Firs que este tenha que soar parecido. Too Old To Die Young(2008), o segundo álbum da turma, não lembra a barulheira pós-punk dos mestres e nem mergulha na distorção. Estamos falando aqui do mais puro lo-fi.

Se tem algo que aproxima o Tall Firs do Sonic Youth é o experimentalismo. A banda criada pelos vocalistas e guitarristas Aaron Mullen e Dave Mies e pelo baterista Ryan Sawyer faz uma espécie de folk experimental, marcando pelo diálogo enviesado de cordas e baterias, como é possível perceber logo de cara com a interessante “So Messed Up” em que a guitarra dedilhada soa desencontrada da percurssão marcada.

A textura rica criada pela guitarra e violões é cama para uma bateria um pouco mais enérgica e encanta os ouvidos. E se engana quem acha que Too Old To Die Young é repetitivo. Ouça o disco com ouvido de arqueólogo, buscando a riqueza do detalhe nos arranjos bem trabalhados e recheado de surpresas. Casos da ótima “Good Intentions” em que um piano sutil chama a introspecção para ser estilhaçado no final por uma guitarra mais pesada, ou na linda “Secret & Lies”, onde a voz árida e quase sussurrante de Mullen encontra o par perfeito num dueto com Holly Miranda, da banda The Jealous Girlfriends.

O novo trabalho do Tall Firs, banda que tornou-se um dos grandes achados este ano para mim, é de difícil audição. É anti-pop e nada radiofônico, mas tem uma virtude rara na maioria das bandas: é consistente e mexe com os sentidos.

Experimente:

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ou

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Cotação: 4

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Na cola do Radiohead

Sempre resisti a comentar o lançamento de EPs. Talvez porque não façam parte de nosso cultura musical, apesar dos antigos vinis compactos(alguém lembra?) ainda boiarem em minha memória de infância. E também por esses produtos não serem considerados pelos seus autores como uma tacada oficial. Contudo, resolvi abrir uma exceção depois de ouvir Vodka Bear Matreshka(2008), do trio On Wave.

Corri atrás do EP depois de escutar na internet “Double Click”. A canção logo me chamou atenção pela pegada a la Radiohead, uma de minhas bandas preferidas. A composição tem o mesmo espírito das criações mais pops da banda inglesa presentes, por exemplo, no ótimo Hail to the Thief (2003). A seqüência de baixo e bateria hipnóticas, a voz desesperançada e eloqüente do vocalista russo(sim, a banda é daquele distante país!) Michael e a boa melodia credenciaram minha busca por outras crias dos cossacos.

O EP Vodka Bear Matreshka tem sete músicas. A primeira, chamada singelamente “Track” é apenas uma introdução, um maquiavélico esquenta para a ótima e já comentada “Double Click”. Na seqüência, a bacana “Solo” reforça que os russos aprenderam bem na cartilha de Radiohead, Muse e outras galeras que gostam de rock com melodias fortes, alma exposta e guitarras efusivas.

Soberba é o que se vê na boa “What Angel Seen”, com solo de cordas pungente e interpretação desesperada. “Matreshka” é uma vinhetinha sem-vergonha e dispensável, enquanto “Be My Killer” é a mais radiofônica delas e pesada, com suas guitarras sujas e distorcidas.

Pensei em cotar o disco com um 5 redondindo(bom pra c...), mas como não sou nenhuma Márcia de Windsor(alguém lembra desse personagem?), pisei o pé no freio. Mas, fiquem espertos com o que esses camaradas russos podem aprontar. Eles disponibilizaram o download gratuito do EP:

http://uploaded.to/?id=kpuvfi

Se não der, vá na página dos caras, onde o EP está à disposição:


Cotação: 4