segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Esquentando a festa

Tá de bobeira e querendo balançar o esqueleto? Sugiro o sonzinho animado de uma banda inglesa de pop/disco punk chamada Dartz! O nome do álbum: This is My Ship(2008). O trio britânico ataca com uma sonoridade despojada, sem acelerar nas batidas como gostariam os mais radicais. Barulhinho bom, desses para dar um brilho em início de festa, quando as pessoas estão esquentando os motores.

O punk dessa turma com um jeitão, cá pra nós, meio indie está bem traduzido logo na música que abre o disco, a deliciosa “Network! Network! Network!”. Em “A Simple Hypothetical” acertam na veia e são mais fiéis ao estilo que representam, com direito a gritinhos, acordes repetitivos e bateria no talo. Ao lado de “Pregos Triangolos”, essa bem menos previsível e com um dueto vocal desleixado, é das melhores do álbum.

O trio prefere, contudo, em This is My Ship assumir um lado descaradamente pop, como fica claro em “Once, Twice, Again!”, que os aproxima, só para comparar, do Offspring, e em “Cold Holidays”, que tem a mesma fervura de bandas como a cult 311, buscando outra comparação mais acessível. Dart! fez um trabalho ok e potencialmente radiofônico. Mas, essa turma pode mais. E conto fervorosamente com isso.

Querendo, vá de:

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Cotação: 3

sábado, 16 de agosto de 2008

White Stripes ao contrário

Kleber Rocir – Especial para o Todoouvido

Quando estava garimpando na net algo para postar no Todoouvido me deparei com o Blood Red Shoes, banda inglesa que lançou em abril de 2008 seu primeiro disco, Box of Secrets. De imediato fiquei curioso com os comentários de que a banda era um “White Stripes ao contrário”, no caso uma mulher na guitarra/vocal (a gata Laura-Mary Carter) e um homem na bateria, Steven Ansell, que reveza os vocais com a beldade citada.

As comparações com os Stripes se restringem à troca de posições dos músicos – e isso faz toda a diferença: Ansell marca o ritmo das músicas, tocando sua bateria rápido e forte, algo inimaginável para a fraquinha Meg, batera dos Stripes. É só ouvir a pulsante “I Wish I Was Someone Better” (a melhor do álbum) e a ótima “Its Getting Boring By The Sea”, ambas prontinhas pra animar uma festa. Na guitarra, Laura não tem os dedos virtuosos do líder dos Stripes, Jack White, mas completa direitinho o som que o Blood Red Shoes se propõe a fazer: um indie-rock vibrante, sem baladas.

A única ressalva a fazer é quanto ao final de algumas músicas: a esperta “You Bring Me Down” e a bacana “Take The Weight” poderiam ser mais enxutas nos vocais, que acabam ficando enjoativos e chateiam um pouco no final. Já em “ADHD”, Laura poderia gritar um pouco menos - coisa que ela não faz em “This Is Not For You”, e deixa o vocal mais suave. Mas, é provável que isso seja preciosismo de minha parte, pois no geral a dupla inglesa fez uma boa estréia. Aliás, uma curiosidade sobre o nome da banda, que foi tirado de um musical de Ginger Rogers e Fred Astaire: nele, Rogers torna um par de sapatos brancos em vermelho, com sangue, resultado de sua constante prática da dança. Então, que tal ver se os Blood Red Shoes fazem jus ao nome?


http://www.mediafire.com//?sharekey=10264b26e89b42d6ab1eab3e9fa335ca67ba8cfd3ec86006

Cotação: 3

Trio de elite

Com um nome no mínimo curioso, o trio Chin Chin já vem seduzindo há algum tempo fãs por todo o planeta. Som para ouvidos mais apurados, esses americanos do Brooklyn faz uma mistura pra lá de suingada de funk e jazz. Bom pra agitar nas pistas com sua inspiração retrô que remete aos anos 70. E no que esses anos tiveram de mais elegantes. Impossível não se animar com a sonoridade setentista e os metais vibrantes do disco homônimo lançado em 2007.

O último disco do Chin Chin já começa esfuziante na fantástica “Miami”, com seus breques jazzísticos, e emenda com a cool mas não menos dançante “Apettite”. O disco continua animado com “You Can’t Hold Her”, com percussão tribal e com eco mais roqueiro na ótima "Curtis", que lembra um pouco o ótimo Daft Punk. Em poucos momentos, pendem para a eletrônica, como em “Dontchuse", mas o melhor é fica com a pegada funk vintage de “Where is my Time”.

Chin Chin bebe da mesma fonte alternativa com formação requintada de grupos como o possante TV On the Radio. A cena novaiorquina aliás sempre foi uma das mais interessantes quando se procura um som mais robusto, com referências musicais mais pesquisadas e radicais. O power trio é formado por Wilder, vocal(aliás, bem afinado), o DJ Torbitt, na bateria, e Jeremy, na guitarra. Guardem esses nomes e se deliciem com o novo petardo da turma.

Bom apetite:

http://rapidshare.com/files/52305807/ChChCC07.rar (obs: copiem colem este link que funciona!)

Cotação: 4

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Pausa pro barulho do mundo

Prezada galera,

Sei que o blog anda meio devagar. Na verdade, devagar quase parando. Coisas da vida. É que tou no norte, trabalhando pesado em outra frente. E isso me deixou com pouco tempo para ouvir música e escrever, enfim, meus despretensiosos textos. Nesse exato momento sinto uma imensa saudade de falar sobre música. Sem puder fazê-lo, só me resta contentar com o barulho impreciso do mundo. Ainda bem que isso também, em alguns momentos, também é música. Até a volta. Prometo me entupir de som bom e recuperar o tempo perdido.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Muito prazer, Mr. Darnielle

Não conhecia os californianos do Mountain Goats. Mas, eles já são arroz de festa para aqueles que conhecem a fundo o indie rock mais classudo. O líder do grupo, John Darnielle, está na estrada há muito tempo, desde 1991. Tem vários discos solos onde pratica com uma voz meio anasalada sua verve poética e esquisitices. Em seu último trabalho, Heretic Pride(2008), acompanhado de uma turma competente, mostra que é compositor inspirado e consistente.

Heretic Pride é um discaço. Darnielle, ao lado do baixista Peter Hughes e do baterista Jon Wurster, lembra, às vezes, Lou Reed, quando este resolve contar histórias. Caso da espetacular “In the Craters of the Moon”, introduzida por um teclado e com levada bem dançante, com o vocalista rasgando o verbo e a voz. O grupo deixa aliás o lo-fi, uma de suas marcas, de lado para fazer um álbum animado. Vide as ótimas “Lovecraft in Brooklyn”, com sua guitarra matadora, e “Sept. 15th 1983”, com tempero reggae.

O disco baixa o tom sem perder a graça com canções mais suaves e melodias extremamentes hábeis, como “San Bernardino”, toda desenvolvida com um arranjo apenas de cordas e voz, e “Autoclave”, diáfana e amansada ainda mais por uma linda e econômica voz feminina. Dizem os entendidos em Mountain Goats que essa é uma das obras mais palatáveis da banda. Para mim, Heretic Pride, meu primeiro contato com essa moçada, é um grande lançamento que abre as portas da percepção para um artista inteligente e criativo. Só tenho a dizer: muito prazer, Mr. Darnielle.

Vá à luta:

http://www.mediafire.com/?bm4in012aoy

ou:

http://www.mediafire.com/download.php?4wwokzb3xjt

Cotação: 5

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Wado na cabeça

Na seqüência da postagem sobre o Kristoff Silva, resolvi pegar o embalo para falar de um outro bom cabra que está ajudando a renovar a nossa música. Dessa vez, o cara já está na estrada há uma década e sempre lançando álbuns bacanas e, infelizmente, pouco ouvidos. Pobres ouvintes brasileiros incultos. Falamos aqui do alagoano Wado, que colocou no mercado, de maneira independente, o muito legal Terceiro Mundo Festivo(2008).

Wado é desses caras antenados com o mundo moderno, que belisca aqui e ali as linguagens da música eletrônica sem nunca perder de vista a brasilidade e o batuque. E isso a ponto de criar uma música orgânica com marca e tudo. Sua marca, o piano e guitarra que pontuam as melodias e a percussão leve, bem próxima da velha batucada de arquibancada de estádios, dizem mais uma vez presente nesse seu quarto trabalho.

Menos sombrio do que o disco anterior, a Farsa do Samba Nublado(2004), este Terceiro Mundo Festivo está mais suingado, com temas mais felizes, mas sem perder o engajamento jamais. Caso da “Revolução pelo Ar”, cuja letra defende a “Reforma Agrária no Ar” via rádios comunitárias, embalada por uma melodia funkeada, outra das marcas registradas de Wado. Boa pra dançar é também a sacana e desavergonhada “Teta”, com refrão que vai fazer corar os mais pudicos: “Ta guardado pra você amor, aceite/Ta guardado pra você, amor, o leite”.

A inteligência das canções pode ser percebida nas melodias envolventes e boas sacadas poéticas da grudenta “Fortalece Aí” e “Fita Bruta”, que revelam Wado em plena forma musical. Um grande disco pra acordar aqueles que se sentem órfãos da MPB vibrante e instigante.

Vá lá:


Cotação: 4

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Língua afiada

Tenho alguns amigos que torcem peremptoriamente o nariz para a Música Popular Brasileira. Parte por colonialismo, outra por preconceito e uma pequena parcela por soberba mesmo. A maioria acha que a MPB parou no tempo nos anos 70 e 80, quando os medalhões da música produziram suas melhores obras. Ora, ora, esses perderam o bonde da história e a oportunidade de se embevecer com gente que produz com muita qualidade.

A boa produção atual de MPB é pouco conhecida. Mas, muita gente bacana vem renovando os quadros, fazendo música de respeito. Um dos bons novos nomes é o de Kristoff Silva, que lançou recentemente Em Pé no Porto(2008). Esse norte-americano que veio para o Brasil com nove anos e fixou-se me Belo Horizonte se considera brasileiríssimo. Ouvindo o álbum não há como negar isso. Melhor ainda é perceber em seu trabalho um cuidado com as composições, com as melodias e arranjos que fazer desse seu segundo disco mais do que uma gratíssima surpresa.

No transcorrer de Em Pé no Porto, Kristoff mostra sua reverência ao bom português. Aqui, leia-se letras trabalhadas, com rimas ricas e quentes. Ele reverencia a língua de Camões como também as influências que dão conteúdo e consistência à sua MPB. Gente como o parceiro Luiz Tatit, Itamar Assumpção e Zé Miguel Wisnik, bambas paulistas da área, entre outros.

A intimidade com a língua e a paixão pelas influências estão explícitas, por exemplo, em “As Sílabas”, onde Kristoff brinca deliciosamente com a musicalidade do português: “Tem sílaba com “S”, não sobe não desce/ Tem sílaba que leve oscila e cai como uma luva na canção”. O canto falado de Tatit, que participa do disco em uma das faixas, transparece na ótima “Lig”. A melodia rebuscada típica de Wisnik ecoa em canções como “Em Pé no Porto” e “O Prazer”.

Como se não bastasse, Kristoff ainda se cerca das presenças luminares das grandes Ná Ozzetti e Jussara Silveira, que participam marcantemente do disco. Um dos grandes lançamentos de MPB do ano. E o rapaz ta só começando.

Vá, sem preconceito:

http://lix.in/5f7ae425

Cotação: 4

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Pérola desconhecida

A música chamou a atenção de meu colega Makoto. Ele é meu companheiro de jornadas sonoras no trabalho. Involuntário, diga-se de passagem, mas sempre atento. E quase sempre discreto sobre o que ouço. Quase sempre também omisso nessas horas. Emite raríssimas opiniões. Mas, dessa vez, trinta minutos depois da música volutear pela sala, ele se pronunciou lacônico: “Muito doido esse som”.

Esse som “muito doido” era de um cara chamado John Matthias, um amigo britânico (acredito que essa seja a sua nacionalidade) de Thom Yorke, cabeça da banda Radiohead, com quem tocou em The Bends(1995). As 12 canções de Stories from the Watercooler(2008), contudo, nem são assim tão “doidas” como definiu meu caro Makoto. Mas que o cara sai um pouco do lugar comum, isso ninguém pode negar. Mas, não se assuste, isso nada tem a ver com a praia do experimentalismo.

Matthias é um representante do folk que não se apega exclusivamente ao violão acústico. Em seu terceiro álbum, há exemplos legítimos do que há de mais tradicional nessa escola, como na tocante “Open”, com direito inclusive a uma cândida flauta, e na bela e serena “It's Not”. Mas, onde o músico, de boa voz grave, impressiona mesmo é quando insere suaves programações eletrônicas que encorpam canções já melodicamente parrudas, como são os casos de “Police Car”, com um arranjo de instrumentos incidentais enraizado no contraponto e, principalmente, em “Blind Lead the Blinder”.

A mistura equilibrada se faz ainda presente em outros grandes achados, como “King of a Small Town”, cujo andamento lembra “Clint Eastwood”, do Gorillaz, um tom mais abaixo, ou na roqueira e raçuda “Spinnaker”. Depois de três discos lançados lá fora no mercado, com esse grande Stories from the Watercooler, tá na hora de Matthias aparecer definitivamente para o mundo.

Veja se você concorda comigo:


ou

também:

por fim:

Cotação: 4

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Trilha sonora empolgante

É interessante a estratégia dos músicos quando querem praticar sonoridades diferentes daquela que sua banda oficial costuma apresentar. E ainda de quebra tiram umas férias de seus companheiros de estrada. São os chamados “projetos paralelos”. Os resultados, porém, quase sempre não são tão interessantes. Outras vezes, o produto é redondinho e instigante. Caso desse The Last Shadow Puppets e seu álbum The Age of The Understatement(2008).

Por trás do The Last Shadow Puppets estão Alex Turner, vocalista e compositor do Artic Monkeys, o amigo Miles Kayne, do The Rascals, e ainda James Ford, do Simian Mobile Disco, que assume a bateria, e Owen Pallet, do Arcade Fire, autor dos belos arranjos. Essa turma boa e talentosa partiu para um trabalho requintado, cheio de referências dos anos 60 e de trilhas sonoras, com muita orquestração e criatividade.

Pois é, quem está acostumado a Artic Monkeys vai ter um travinho ao ouvir este The Age of The Understatement. Mas, se permita mergulhar no universo proposto no disco, que passa inclusive pela grandiloqüência das trilhas assinadas por Ennio Morriconi para o gênero western spaghetti, como na ótima música que dá título ao trabalho e em “Only The Truth” com sua orquestração carregada. E por falar em filme, “In my Room” parece ter saúdo direto dos filmes de 007, daqueles que tinham ainda Sean Connery como astro principal.

Aliás, os violinos marcantes em perfeita harmonia com as guitarras e bateria marcial são um show a parte nesse disco com arranjos inteligentes e estética old fashioned. Em alguns momentos lembram até The High Llamas, como nas sofisticadas “Black Plant” e “Meeting Place”. Mais anos 60 impossível. Vale a pena ver esse filme. Sério candidato a um dos melhores do ano.

Para sentir na pele, vá:

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Glam comedido

Não sei por que cargas d’água passei batido pela notícia de que Brett Anderson havia lançado em março do ano passado seu primeiro trabalho solo. Não que o fato merecesse o toque de trombetas e rufar de tambores. Mas, para quem, como eu, era fã ardoroso dos britânicos do Suede, tinha que ter tido conhecimento do fato. Comi mosca. Por isso também resolvi resgatar Brett Anderson(2007) do turbilhão do esquecimento.

O disco do vocalista do Suede não tem aquela tintura glam e de exagero que fez deste grupo adorado na década 90 a ponto de ter o trabalho comparado ao do camaleônico David Bowie. Este solo de Anderson é mais calminho, beirando a melancolia. Está mais para, em alguns momentos, os épicos que Morrissey tentou construir depois que saiu do Smiths. É o caso por exemplo da linda “Love is Dead”, que começa com cordas em ebulição e segue com o exercício vocal emotivo do cantor.

Essa tendência ao teatral, ao grandioso pode ser visto também noutra bela canção, “The More We Possess the Less We Own of Ourselves”, com abertura que mais parece ter saído de uma ópera de Puccini. É o novo “glam” de Anderson. Tudo no disco vai no vácuo do comedido, da voz do cantor, antes mais desbragada, até as canções suaves e não tão empolgantes como “One Lazy Morning” e “Intimacy”. Ecos do Suede podem ser ouvidos na mais rocker “Dust and Rain”, com sua guitarra e andamento mais nervosos.

Mas, o belo timbre de Anderson e pérolas como a impactante “To the Winter”, uma balada que já considero clássica e quase me faz chorar, tornam esse álbum uma obra para se ter em qualquer coleção.

Vá sem medo:

http://www.4shared.com/file/46408098/375ce037/2007.html

Cotação: 4

terça-feira, 24 de junho de 2008

Tempero do passado

O caldeirão musical norte-americano que gerou, na primeira metade do século passado, ritmos como o foxtrot, charleston, o ragtime e o jazz, com todas as intersecções possíveis, vez em quando ecoa na música dos novos. Esse tempero de época pode ser sentido, por exemplo, no som que faz o bem intencionado grupo The Hush Sound, que lançou recentemente o animado e interessante Goodbye Blues(2008).

O disco foi editado pela mesma gravadora que apadrinhou o Panic! at the Disco e o Fall Out Boy, o que faz muita gente pensar que o The Hush Sound soe parecido com aquelas duas bandas fraquinhas que fizeram sucesso em todo o planeta. Mas, não é bem por aí. Ainda bem. Goodbye Blues tem mais consistência e referências culturais que credenciam o quarteto de Chicago, um dos melhores palcos da música negra dos Estados Unidos, a ser ouvido com atenção.

E não é só porque flerta com uma sonoridade com tintura jazzy, como as ótimas “Honey” e “Medicine Man”, que abrem magistralmente o disco, depois da melancólica “Intro”, todas abusando de um piano pop e que descamba em certos momentos para o vintage, que essa galera se mostra uma boa promessa. É porque, também, dosam essa influência com um indie-pop mais descarado, como acontece com as boas “As You Cry” e “Hospital Bed Crawl”.

A seu favor, The Hush Sound tem principalmente a voz de Greta Salpeter, que inclusive comanda garbosamente o notável piano. De registro agudo e muito afinada, essa menina é a alma da banda. Sinta a intensidade da cantora em “Break the Sky” e tire a prova dos nove. Infelizmente, o álbum peca pela pretensão. Salpeter disse que cada música ali era para ser vista como “uma pequena obra de arte”. Bobagem. Eles podem até ter amadurecido na terceira cria, como já foi notado, mas a sensação de cansaço criativo em algumas canções e a forçação de barra em outras, como na instrumental “Six”, não os coloca , ainda, no patamar de grandes artistas.

De qualquer forma, confira:

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Se não deu, tente:

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Cotação: 3

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Em busca da inspiração perdida

Gilberto Gil estava com saudade de gravar. Também pudera. O último trabalho autoral foi o robusto Quanta, de 1997. E de lá para cá, depois de assumir o Ministério da Cultura, que lhe propiciou um travo como compositor, esperou a inspiração musical vir. Ela veio devagar e resultou em Banda Larga Cordel(2008), um álbum que traz o velho Gil com suas preocupações filosóficas e o movimento sonoro globalizante.

O lançamento de um disco de inéditas de Gilberto Gil é algo sempre a comemorar. Afinal, o bom baiano, o meu preferido entre os novos bárbaros que na década de 60 para cá deram uma boa mexida na MPB, tem sempre algo a dizer. E seus trabalhos são sempre acima da média. É o caso desse Banda Larga Cordel que, mesmo menos luminoso que o disco anterior, ainda tem boas idéias, melodias bacanas e brilho próprio.

O disco traz 16 canções em mais de uma hora de música. E temos que nos render em vários momentos ao gênio rítmico e poético do artista. Mesmo em músicas menos pretensiosas, como “Despedida de Solteira”, um forró suave e provocativo, o som seduz e encanta. O artista tenta engatar de novo sua tendência a filosofar que, quando dá certo, nos prende atenção, caso da linda “Não Tenho Medo da Morte” e embarca ainda em sensíveis declarações de amor, como a que faz a mulher Flora, na sensual “A Faca e o Queijo”, da mesma linhagem da clássica “A Linha e o Linho”.

Há que se prestar atenção também nas letras de Gil, como na mais dançante “Banda Larga Cordel”, onde brinca com as coisas da informática e o desejo do mundo inteiro de surfar nessa onda, como revela a inventiva poesia: “Diabo do menino agora quer/Um ipod e um computador novinho/O certo é que o sertão quer navegar/No micro do menino internetinho”.

Mas, o ministro se perde em composições não tão inspiradas, apesar da boa intenção, como “Canô”, em que homenageia os 100 anos da mãe de Caetano Veloso ou no forró “Não Grude, não”. A compensação vem com a bela versão de “Formosa”, de Vinícius e Baden Powell, de arranjo delicado, e em sambas com grandes harmonias como “Samba de Los Angeles” e “Amor de Carnaval”.

Por tudo isso e por ser Gil reanimado, vá lá:

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ou ainda:

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Cotação: 4

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Lo-fi surpreendente

A banda costuma ser freqüentemente comparada ao papa do indie experimental, o canônico Sonic Youth. Mas, não embarque nessa. Não é porque o guitarrista deste grupo, Thurston Moore, apadrinhou o trio Tall Firs que este tenha que soar parecido. Too Old To Die Young(2008), o segundo álbum da turma, não lembra a barulheira pós-punk dos mestres e nem mergulha na distorção. Estamos falando aqui do mais puro lo-fi.

Se tem algo que aproxima o Tall Firs do Sonic Youth é o experimentalismo. A banda criada pelos vocalistas e guitarristas Aaron Mullen e Dave Mies e pelo baterista Ryan Sawyer faz uma espécie de folk experimental, marcando pelo diálogo enviesado de cordas e baterias, como é possível perceber logo de cara com a interessante “So Messed Up” em que a guitarra dedilhada soa desencontrada da percurssão marcada.

A textura rica criada pela guitarra e violões é cama para uma bateria um pouco mais enérgica e encanta os ouvidos. E se engana quem acha que Too Old To Die Young é repetitivo. Ouça o disco com ouvido de arqueólogo, buscando a riqueza do detalhe nos arranjos bem trabalhados e recheado de surpresas. Casos da ótima “Good Intentions” em que um piano sutil chama a introspecção para ser estilhaçado no final por uma guitarra mais pesada, ou na linda “Secret & Lies”, onde a voz árida e quase sussurrante de Mullen encontra o par perfeito num dueto com Holly Miranda, da banda The Jealous Girlfriends.

O novo trabalho do Tall Firs, banda que tornou-se um dos grandes achados este ano para mim, é de difícil audição. É anti-pop e nada radiofônico, mas tem uma virtude rara na maioria das bandas: é consistente e mexe com os sentidos.

Experimente:

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ou

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Cotação: 4

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Na cola do Radiohead

Sempre resisti a comentar o lançamento de EPs. Talvez porque não façam parte de nosso cultura musical, apesar dos antigos vinis compactos(alguém lembra?) ainda boiarem em minha memória de infância. E também por esses produtos não serem considerados pelos seus autores como uma tacada oficial. Contudo, resolvi abrir uma exceção depois de ouvir Vodka Bear Matreshka(2008), do trio On Wave.

Corri atrás do EP depois de escutar na internet “Double Click”. A canção logo me chamou atenção pela pegada a la Radiohead, uma de minhas bandas preferidas. A composição tem o mesmo espírito das criações mais pops da banda inglesa presentes, por exemplo, no ótimo Hail to the Thief (2003). A seqüência de baixo e bateria hipnóticas, a voz desesperançada e eloqüente do vocalista russo(sim, a banda é daquele distante país!) Michael e a boa melodia credenciaram minha busca por outras crias dos cossacos.

O EP Vodka Bear Matreshka tem sete músicas. A primeira, chamada singelamente “Track” é apenas uma introdução, um maquiavélico esquenta para a ótima e já comentada “Double Click”. Na seqüência, a bacana “Solo” reforça que os russos aprenderam bem na cartilha de Radiohead, Muse e outras galeras que gostam de rock com melodias fortes, alma exposta e guitarras efusivas.

Soberba é o que se vê na boa “What Angel Seen”, com solo de cordas pungente e interpretação desesperada. “Matreshka” é uma vinhetinha sem-vergonha e dispensável, enquanto “Be My Killer” é a mais radiofônica delas e pesada, com suas guitarras sujas e distorcidas.

Pensei em cotar o disco com um 5 redondindo(bom pra c...), mas como não sou nenhuma Márcia de Windsor(alguém lembra desse personagem?), pisei o pé no freio. Mas, fiquem espertos com o que esses camaradas russos podem aprontar. Eles disponibilizaram o download gratuito do EP:

http://uploaded.to/?id=kpuvfi

Se não der, vá na página dos caras, onde o EP está à disposição:


Cotação: 4

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Celestial grandeza

No clip da música "Gobbledigook"(procure o filme no lado direito do blog) , um bando de homens e mulheres peladinhos da silva brincam serelepes no meio de uma floresta. Dançam ao som de uma bateria tribal, palmas e coro minimalista que se contrapõem a uma melodia quente e alegre. A sonoridade lembra tudo, menos a banda islandesa Sigur Rós, autora dessa composição estranha ao universo do cultuado grupo.

Aquela música é o primeiro single do disco Með Suð í Eyrum Við Spilum Endalaust(2008). É também a sua primeira faixa, o que fez muita gente pensar que a banda, autora do belo clássico Ágætis Byrjun (1999), estaria dando uma guinada na carreira, partindo para um som mais pop e fácil. Ledo engano. A audição do restante do álbum mostra que a galera capitaneada por Jón þór Birgisson (vocal e guitarra) continua fazendo um rock experimental, numa seara entre o psicodelismo e o folk completamente etéreos.

O novo álbum, que tem uma grandeza próxima ao citado Ágætis Byrjun sem, contudo, superá-lo, investe em coros angelicais e na instrumentação e arranjos delicados tanto quanto complexos. Casos de “Inní Mér Syngur Vitleysingur” e “Ara Batur”, onde um piano suave é cama para melodias envolventes que terminam apoteóticas com a entrada de cordas e metais suntuosos.

E assim a banda vai viajando. Ora entre canções mais soturnas e melancólicas como a longa “Festival”, lentíssima, quase uma oração com seu órgão e voz bem casados, ora pesando menos a mão com músicas mais solares, como “Ilgresi”, uma grande melodia, uma das melhores do disco, com seu violão acústico e jeitão folk e a terna e celestial “Goddan Daginn”, que remete um pouco a leveza dos “fofos” escoceses Belle and Sebastian. Enfim, um disco difícil para muitos, mas excelente e extremamente respeitável.

Faça essa viagem:

http://rapidshare.com/files/121016247/Sigur_R_s_-_Me__su____eyrum_vi__spilum_endalaust_-_2008.rar

ou:

http://rapidshare.com/files/121732690/SR-MSIEVSE08.rar

Cotação: 5

terça-feira, 17 de junho de 2008

Caldeirão mágico

Quando a maioria ouve falar de uma banda vinda de Olinda e ainda com um nome pomposo como Orquestra Contemporânea, já pensa: lá vem frevo do brabo. E essa é a primeira surpresa que se tem depois da audição do primeiro disco lançado pelo combo reunido por Gilson Filho, ex-Bonsucesso Samba Clube. Ouve-se tudo, uma fusão espertíssima de ritmos, menos o tal do frevo.

Mas, quem está acostumado às boas invenções da música pernambucana não vai estranhar. A Orquestra Contemporânea de Olinda mostra no CD, lançado em 2008 e que traz o nome da banda, um som fortemente autoral, fincado em ritmos brasileiros do passado e na black music. Estão lá no caldeirão mágico, o afrobeat, funk, jazz, samba e até o brega, aquele brega que fez a cabeça de toda uma geração nordestina nos anos 70 do século passado.

A banda já adianta no melancólico samba “Ladeira” as influências de um período em que a música brasileira era mais presente em nossos dials: “Vou correndo atrás da vida/Vou levando na bagagem um gosto de coisa do passado”. Ponto para eles. Tiné e Maciel Salu, os dois vocalistas que comandam no palco os outros dez músicos do grupo, trazem na grande bagagem o passado com toques contemporâneos.

Nesse mix de passado e presente, é possível visualizar o futuro. Músicas como a brega “Brigitti” aponta, podem anotar isso, uma tendência. Antes, a ótima Cidadão Instigado, do cerense Catatau, já havia cantado a pedra sobre a potencialidade ainda mal explorada do brega. Mas, esse é só um detalhe no baú de boas composições apresentado pela banda.

Qualquer dúvida, cole no ritmo funkeado de “Tá Falado”, no reggae suave de “Saúde II” ou na ótima “Canto da Sereia”, resgatado do cancioneiro de Oswaldo Nunes, que começa com um ritmo amaxixado para cair na fervura dos naipes de metais. Aliás, os metais são a alma desse bom disco de música brasileira. Pra balançar, vá lá:

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ou

http://www.4shared.com/dir/6554549/73f92966/Orquestra_Contemporanea_de_Olinda.html

Cotação: 4

segunda-feira, 16 de junho de 2008

No caminho certo

Esse é mais um daqueles casos do teste do segundo disco. The Fratellis haviam lançado em 2006 Costello Music, álbum bem recebido pela crítica. Foram incensados e definidos como uma das grandes promessas do rock do Reino Unido. O blábláblá ajudou a criar aquele climão em torno do segundo trabalho do power trio formado pelos falsos irmãos, pelo menos no sobrenome, Jon Fratelli (guitarra e vocal) Barry Fratelli (baixo) e Mince Fratelli (bateria e backing).

Here We Stand(2008) tenta ampliar o público da banda, de forma instável, com seu rock básico. Diferente do álbum anterior, explicitamente cru e visceral, o segundo trabalho dos escoceses de Glascow é mais produzido e orgânico. As guitarras afiadas e a bateria pulsante dão as caras já na abertura, na bacana “My Friend John” e continua, chamando festa, com a inclusão de um piano nervoso e coro no estilo rockabilly de “A Heady Tale”.

Mais desacelerados, contudo mais consistentes, principalmente na marcação mais pesada e criativa da guitarra, os Fratellis presenteiam os ouvintes com boas composições, a exemplo da envolvente “Shameless” com sua pitada bluezeira, e a sedutora melodia de “Stragglers Moon”, que os aproxima da verve dos conterrâneos do Franz Ferdinand. Mas derrapam, porém, em bobagens, com a pouco inspirada “Mistress Mabel” e a dissimulada “Tell me a Lie”, entre outras.

A impressão que fica no final de tudo, 12 músicas depois, é que esses camaradas estão no caminho certo, precisando encontrar apenas o equilíbrio entre o talento de criar hits e a energia descontrolada, presentes no primeiro trabalho e o desejo de agradar o mundo inteiro, sensação deixada pelo segundo. Quer experimentar? Então vá em:

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sexta-feira, 13 de junho de 2008

Ela é quente mesmo

Ela começa a virar figurinha fácil nas passarelas de moda, já foi citada nas colunas de jornalistas “descolados” e já apareceu até num conhecido site da maior empresa de comunicação do país. A moça em questão é negra, turbinada, talentosa e atende pelo singular nome de Santi White, que é na verdade a voz e a força que está por trás de um grupo que mistura rock, punk, ragga e música eletrônica chamado Santogold.

Já tem uns meses que o Santogold circula pela internet como uma das boa novidades do segmento eletrônico no ano. Com o lançamento do primeiro álbum, que leva o nome da banda, confirma-se o nascimento de uma estrela. E, tenha certeza, o frisson em torno dela não é armação do mercado fonográfico. Santi White é realmente boa e carismática, com sua voz aguda e afinada, que encaixa perfeitamente em canções eletrônicas pop e eficientes, que tem tudo para fazer a alegria dos amantes das pistas.

Santogold(2008) é um dos álbuns mais quentes do ano. É música eletrônica sem perder de visto a energia roqueira, como na boa “Say Aha”, com pegada punk, uma das influências da artista, e na contagiante “You’ll Find a Way”. O bicho pega também no território do dub e reggae como nas matadoras “Shove It” e “Creator”, esta com loops alucinados e em diversas velocidades, no estilo “Créu”, mas, obviamente, com toda a criatividade que falta a este funk oco.

Mas, se você resistir ainda ao balanço contagiante de Santogold, tente ficar parado diante de “Unstoppable”, um dub hipnótico com refrão pra lá de lúdico, ou escutando “L.E.S. Artistes”, outro dos destaques desse bem engendrado e bacanudo trabalho.

Sinta o calor:

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Cotação: 5

quinta-feira, 12 de junho de 2008

Ninando anjos

Do início do ano até este meado de junho de 2008 quando a Fleet Foxes lançou um primeiro balão de ensaio, os blogs e sites especializados em indie rock comentaram muito a respeito dessa banda de Seattle, a terra do grungie. A maioria tecia comentários elogiosos e criava expectativas para o disco completo prometido para esse meio de ano.

O burburinho surgiu depois que a turma lançou o cristalino EP Sun Giant(2008), num quadrante sonoro bem distante do barulhento e deseperado rock que levou, por exemplo, os conterrâneos do Nirvana e Mudhoney a marcarem época. No trabalho de apresentação, a molecada norte-americana nadava de braçadas num folk psicodélico e melancólico, que remetia a Van Morrison de Astral Weeks(1968) e às viagens mais experimentais dos Beach Boys.

O primeiro álbum de músicas inteiras, que leva o mesmo nome da banda, é uma continuação do EP. E com a mesma inspiração melódica que chamou a atenção da crítica. Abusando de corais afinadíssimos, Robin Pecknold (vocal e guitarra) e sua turma fazem pequenas canções de ninar para anjos, que eles próprios definem acertadamente como “barrocas”, caso das emocionantes “White Winter Hymnal”, com um arrepiante arranjo vocal, e na sessentista “Sun it Rises” e seu climático e onipresente violão acústico.

Impossível não voltar no tempo com essa formidável estréia do Fleet Foxes. A animada “Ragged Wood” poderia muito bem substituir “Let’s the Sunshine In”, na clássica cena do filme Hair em que a galera está na estrada em um conversível, cantando a citada música, a caminho do resgate de um amigo do exército à beira da ameaçadora viagem para a guerra do Vietnã.

Mas, não torçam o nariz. A música em questão aqui não cheira a naftalina. É apenas um revival, com cores modernas e muita personalidade, de um psicodelismo sem delírios e atolado até o pescoço no lirismo. Até os corações mais duros vão estremecer diante de pérolas como a épica “Your Protector” e a acalentadora “Meadowlarks”. Uma revelação e definitivamente um dos grandes álbuns lançados em 2008.

Cheque:

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e os links para o EP Sun Giant:

http://www.badongo.com/file/8253362
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Cotação: 5

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Sobrado do samba

O renascimento do samba vivido pela cidade do Rio de Janeiro nos últimos anos tem produzido talentos que bebem direto naquilo que o gênero tem de mais tradicional, reproduzindo a arte de Cartola, Zé Keti, Paulinho da Viola e outros bambas. Contudo, esse bom momento tem feito surgir também alguns grupos que tomam o samba como base, mas aglutinam a ele ritmos universais.

É o caso de Sobrado112, uma turma que morava no bairro da Glória, perto da emblemática Lapa, e resolveu se juntar para fazer uma fusão musical onde exercita, sem medo de ser feliz, todas suas influências sonoras. O resultado está no primeiro álbum da galera, Desmanche(2008), uma carta de intenções desigual, mas com algumas boas idéias que têm tudo para evoluir mais lá na frente.

Onde mais o grupo acerta a mão é na parte do bolo em que os músicos demonstram a paixão pelo samba e pelo jazz. Esse namoro ora é personificado em sambinhas puros, como na simpática “Sem Par” e no delicioso e arrastado sambão “Acionista da Boemia”, com poesia inteligente e participação especial do grande Aldir Blanc, ou na mistura do gênero com o jazz, a exemplo da fantástica “A Tira Gosto”, onde o trompete de Leandro Joaquim faz a diferença.

O jazz se diz presente também magicamente na bela introdução de “Sampranfant”, para se perder adiante quando a música vira um rap cantado em francês. Dispensável salada que pode ser vista ainda no ska-reggae instrumental “Juliana”, que parece deslocado no álbum. São pequenos tropeços que tiram um pouco a força de Desmanche, mas não o sentimento de que a banda pode fazer história. Vá de música brasileira:

outra opção:


Cotação: 3