segunda-feira, 9 de junho de 2008

Expressiva maturidade

The Zutons já foi considerada a melhor banda dos últimos tempos da última semana (copyright by Titãs) quando estreou, em 2004, com Who Killed the Zutons? Excesso típico da imprensa inglesa. Apesar do animado disco, os cinco músicos de Liverpool não chegaram a conquistar o mundo, como os conterrâneos mais famosos, os ícones Beatles, mas deixaram uma boa impressão.

No bom álbum seguinte, Tired Of Hanging Around(2006), o grupo manteve a chama acessa e o clima reforçado do rockão anos 70 e 80 que a banda sempre cultivou, dando um passo adiante. Influenciados por Kinks, Devo e Talking Heads, essa turma amadurece definitivamente e volta a destilar a mistura de rock básico, blues, soul, folk e indie na terceira cria, o recém-lançado You can do Anything (2008), um álbum cheio de gás e canções arrasa-quarteirão.

Pra quem curte o rock com equações musicais simples, o disco é uma bela lição. Desde a primeira música, “Harder and Harder”, cujo título traduz o espírito da mesma, The Zutons diz ao que veio, com seus solos de guitarras matadores, e melodias grudentas. “What’s your Problem” chega a seu um rock pueril de tão direto com sua alma setentista e “You Cold Make The Four Walls Cry”, com pitadas de black music, jogam o ouvinte numa outra e deliciosa época da história do rock’n’roll. Escute com atenção a guitarra endiabrada e a voz afinadíssima do vocalista Dave McCabe em "Family of Leetches", uma das grandes canções do trabalho e o saxofone correto de Abi Harding em quase todas as faixas.

E se você acha que um bom disco de rock não pode passar sem uma boa balada, The Zutons nos presenteia com a fantástica e climática “Dirty Rat”, uma das mais inspirada que já ouvi este ano. Aliás, este You can do Anything já é um dos melhores álbuns de rock de 2008 na minha humilde concepção.

Pra ouvir, experimente:

domingo, 8 de junho de 2008

Boa promessa

Rápidos no gatilho, vocais gritados, guitarras aceleradas e letras rasas, o mundo dos roqueiros de garagens tende a ser assim: urgente. É nessa toada que segue o bom grupo inglês Johnny Foreigner, power trio que lançou este mês seu debut, o pra lá de animado Waited Up 'Til it Was Light(2008), algo na linha do que faz algumas das bandas mais comentadas - no circuito alternativo - do ano, como Foals e Los Campesinos.

Explorando o contraponto dos vocais do também guitarrista Alexei Berrow, num tom que beira o desespero, e da afinada Kelly Southern, dona do baixo(o trio se completa com o baterista Junior Elvis), que vai do doce ao gritado em poucos segundos, o duelo rende bons momentos. É o caso de “Eyes Wide Terrified”, com coro dinâmico e refrão forte, e “Cranes and Cranes and Cranes and Cranes”, arquitetada em andamentos diferentes, ora relaxados ora nervosos, e que demostra que a banda, apesar de muito jovem, quis caprichar sim nos arranjos, ainda que, infelizmente, de forma irregular.

Mas, essa galera de Birminghan, que havia lançado até então um único e elogiado EP, Arcs Across the City, é fiel ao estilo garageiro, com composições rápidas e festeiras, como a ótima “Hennings Favourite” e “Yes, You Talk too Fast”, com riffs de guitarras convincentes e boas lapadas de distorção. Johnny Foreigner derrapa contudo nas raras baladas, como na dispensável “DJs Get Doubts” e em “Absolute Balance”, que exagera na microfonia. Enfim, excessos de quem está começando e se perde na vontade de abraçar o mundo. Fique com o lado mais bagaceira da banda.

O fato é que, com menos três ou quatros músicas, enxugando a parada, a banda teria feito um disco mais redondo e certeiro. Esses meninos podem dar ainda o que falar. Vamos esperar pelo equilíbrio. Enquanto isso, se tiver afim de experimentar, vá:

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ou:

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Cotação: 3

sábado, 7 de junho de 2008

Sem perder a ternura

Por alguns instantes, na década passada, quando a música eletrônica com sua radicalidade surgiu como uma novidade no mundo, cheguei a pensar que as alucinadas BPMs não passariam de mero modismo. Percebi depois que o gênero veio para ficar. Mesmo torcendo o nariz pra boa parte do que se fazia na área, principalmente no que dizia respeito aos sons mais minimalistas, aquele do tuntistum interminável, fui descobrindo algumas vertentes mais melódicas e degustáveis, como o drum’n’bass.

E fui vislumbrando ainda os grupos que buscavam misturas em suas batidas e usavam a eletrônica como meio para idéias sonoras mais robustas e emocionais. A Europa tornou-se vanguarda no segmento, apresentando grupos super interessantes como o Air, Simian Mobile Disco e o Les Rythmes Digitales. Pras bandas das Américas, o Brasil explorou seu multiculturalismo e riqueza musical, fabricando petardos de pura fusão como, entre outros, DJ Dolores, Sonic Junior e Marcelinho da Lua.

Na América de cima da linha do Equador, o cosmopolitismo de Nova Iorque deu sua contribuição com o ótimo LCD Soundsystem, apertando o play da eletrônica ligada visceralmente ao rock, e Chicago criou até uma vertente mais melódica com um ar deja vu e que se aproveitava largamente de sintetizadores. E é desse estado norte-americano, que vem Walter Meego, onde finalmente, depois de tanto blábláblá, queria chegar.

Walter Meego faz parte de uma ala da música eletrônica mais voltada à canção. Aquela com variedade melódica que faz chacoalhar os pés, mas que também mexe com os neurônios. Voyager(2008), o disco de estréia do duo de Illinois, vai na cola do dance elegante e polifônico. Abusam dos sintetizadores, filhos que são do synth pop, e que os aproximam, segundo alguns críticos, do Daft Punk e do mais recente Justice. Acho, porém, que a dupla é ainda mais pop, leve e pé no chão.

Voyager traz um som superagradável, bom de “bombar” na pista, como demonstra a deliciosa música de trabalho, “Wanna be a Star”, e “Letting Go”, que flerta com o rock e aparece como uma das melhores músicas do disco. Se a dupla se lambuza de sintetizador, espertamente, pisa no freio do vocoder, usado com moderação como em “Girls”, com um tecladinho brega, mas que funciona muito bem.

Um álbum muito bacana para as pistas e que já começa a ser bastante tocado em muitos vucovucos do planeta. E como a pista não foi feita apenas pros pulinhos, o disco oferece até uma mela cueca de responsa, a boa “In my Dreams”, talhada para dançar coladinho. Walter Meego é, sem dúvida, uma das gratas surpresas eletrônicas do ano.

Confira:

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E também:

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Ou finalmente:

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Cotação: 4

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Bons de bola

Não resisti. Quando vi o novo álbum do Coldplay, Viva La Vida(2008) circulando abertamente na ilimitada rede, resolvi escutar com interesse. Afinal, fui, no passado, um dos milhares de ouvintes no mundo que ficaram chapados com as melodias incandescentes de Parachutes(2000), o primeiro e inesquecível trabalho desses músicos danados. Gosto de canções bem feitas, com alma e RG próprios. E os londrinos capitaneados por Chris Martin conhecem o caminho das pedras, como atestaram em sua carreira de quatro discos e milhões de fãs.

Viva la Vida não veio tomar o posto de obra-prima que até hoje ainda é do Parachutes. Não procure novidades efetivas. Essa não foi provavelmente a proposta dos caras. E logo vem aquela velha pergunta: mudar pra que? Mas o álbum inegavelmente encontra o Coldplay com a mesma verve, a mesma afinada mecânica para construir belas e instigantes composições, e mais inspiradas, para mim, do que no último e mais frágil trabalho da banda, o X&Y(2005).

Pelo menos foi o que senti ouvindo as ótimas “42”, com um piano arrebatador numa canção que muda de andamento surpreendendo positivamente os ouvidos, “Reign of Love”, e na beatlesneana “Violet Hill”, com suas guitarras hipnóticas. Essas, ao lado da também envolvente “Lost”, principalmente na versão acústica, podem figurar entre as melhores já feitas pelo grupo.

Mas, há insights que mostram um pequeno passo adiante na música dos camaradas, como na poderosa “Yes”, que mostra um Coldplay menos intimista, lírico, com uma pegada pop diferente, até mesmo pela inserção de sons asiáticos e "Lovers in Japan", com uma batida de bateria marcial que lembra U2. Aliás, há em outros momentos uma instrumentação que lembra o grupo irlandês, o que pode ser um sinal de que o Coldplay talvez começe a assumir o posto de uma banda que quer ser definitivamente grande.

Mas Viva la Vida perde a força em rock insossos, como na chata “Chinese Sleep Chant, com suas guitarras nervosas e mais estridentes e ainda na dissimulada canção que dá nome ao disco, que começa bem mas se perde lá pelo meio numa melodia fraca e repetitiva.

Bom, melhor que falar é ouvir. Veja, então, o que você acha desse aguardado disco(novos links):

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ou:

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Cotação: 4

Para animar a sexta

O reggae e o dub jamaicanos surgiram no mundo para fazer um up grade na vida. Tá se sentindo meio sem graça, “como quem partiu ou morreu”, como diria Chico Buarque, ponha um “energético Jamaica” em sua vitrolinha e deixe que o som entranhe. Muitos foram os filhotes daquele gênero musical que surgiram mundo afora para espalhar “positive vibration” na cabeça esfumaçada da galera e para entortar corpos.

E foi pra pegar o pique de uma sexta-feira, este santo e iluminado dia, que ouvi Slightly Stoopid. Essa banda californiana(tinha que ser de lá, né!) até então desconhecida para mim, com claras influências da extinta e bacana Sublime, navega na maré do reggae, dub style, ska e lampejos de rap desde 1996. Fazem discos para praia, luaus e festas afins. Praticam essa velha mistura com competência, como fica claro em Chronichitis(2007). Lembrei aqui de meus bons amigos, Marcão e Triaca, amantes dos sons do gênero.

No quinto álbum de estúdio da galera, é possível encontrar o reggae leve e típico do Sublime já na primeira música, “Anywhere I Go”. Mas, o forte da turma é mesmo o dub, como nas boas “Blood of my Blood” e “Digital”. Mas, na fusão sem confusão que fazem, há espaço para misturebas com outras sonoridades, como em “Above the Clouds”, em que os metais lembram o sinuoso som da índia e em “Ocean”, na qual atacam de gaita folk e sax meloso. Os metais, aliás, aplicados sem excesso, são um dos destaques desse disco que, longe de ser espetacular, anima o dia.

Pegue a onda:

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ou

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ou ainda:

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Cotação: 3

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Solto na buraqueira

Gustavo Lamartine(o cara da foto ao lado) é um dos compositores mais talentosos da nova geração potiguar. Nova, na verdade, em termos. O caba faz música desde o final dos anos 80 do século passado. Começou com a saudosa General Junkie, um dos ícones da história do rock daquele estado, sempre ao lado do figuraça Paulo Souto, parceiros de doideiras e criação ilimitada. Duo da melhor qualidade.

Depois de alguns projetos musicais criados para incendiar a noite de Natal, Gustavo e Paulo criaram a DuSouto (http://www.dusouto.com/), atual formação(mais Joab Quental, Gabriel Souto e Júlio Castro), que faz um mix de eletrônica, rock e ritmos regionais. Depois de passarem por alguns festivais nacionais, chamando a atenção da crítica especializada, como o Humaitá pra Peixe, assinaram com a Nikita Music e botaram na roda o elogiado disco de estréia, que leva o nome da banda.

O lado da influência regional da dupla, que sempre me agradou mais e que, afinal, acaba sendo o diferencial do que se faz no Brasil inteiro, é o que salta na música “Moro na Esquina”, de Lamartine que, solo, inscreveu essa composição no simpático e boêmio festival MPBeco, no Beco da Lama, um dos pontos mais undergrounds e acolhedores de Natal. Com sua levada carimbó, ou algo parecido, a música é super-animada e tem um refrão contagiante. Deixo o link para baixar a música. Vá lá e curta:

http://mail.google.com/mail/?ui=1&attid=0.1&disp=attd&view=att&th=11a5574167b0937e

Cotação: 4

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Filhos do Pavement

Dentro do dilatado mundo do rock e seus subgêneros, o indie rock talvez seja um dos que tenha as traduções mais difusas e complexas. Afinal, não é novidade, a crítica adora rotular e as muitas variações perpetradas naquele universo permitiram a criação de novas qualificações, com fronteiras tênues, do tipo “indie pop”, “lo-fi”, “noise pop”, “college rock”, “art rock” e por aí vai.

Mas, há uma escola indie que definiu uma linha bem clara de som e que tem como ícones bandas como Guided by Voices, Hefner, Sebadoh e a grande Pavement. Indie rock por excelência, esta última surgiu como uma alternativa ao rock maisntream, marcado pelos solos de guitarra pomposos ou por baterias alucinadas. Ali, valiam mais as idéias e menos a técnica. Cordas mais displicentes, bateria mais marcada e vocais relaxados, com variações de tonalidade e afinação indisciplinadas.

Dessa escola, surgiram “trocentas” bandas. Alguns fizeram um up-grade do som de Pavement, mixando outras sonoridades. Outras seguiram o que o mestre mandou com poucas variações e teve aquelas que, mesmo com forte eco, inpuseram um pouco de personalidade na música que compunham. Nesse último caso se inclui uma banda californiana chamada Oranger que, em pleno anos 2000, patinaram deliciosamente no bom som feito na década de 90 do século passado.

Da galera, ouvi o que parece ter sido o último álbum da banda, o terceiro da carreira, chamado New Comes and Goes (2005). O disco é um pequeno achado, uma dessas jóias perdidas que, apesar de ter uma e outra bobagem, apazigua os ouvidos. A boa influência do Pavement está em músicas como "Drake" e "Sukiaki", aqui com levada mais pop, mas foge dessa onda em canções como “Outtatouch”, com um jeitão Velvet Underground(o pai de toda essa moçada) de ser. Outra boa pedida é “Crones” , um rockinho desavergonhadamente - desculpem - indie, e a balada monolítica "Haeter". Enfim, uma novidade que, infelizmente, do mesmo jeito que veio, foi.

Caia no indie:

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Cotação: 3

terça-feira, 3 de junho de 2008

Música maiúscula

O primeiro contato com Cida Moreira provocou em mim um misto de torpor e encantamento. Imberbe e estreando na grande metrópole de São Paulo, confundia-se em mim ao ouvir Abolerados Blues(1983) o espanto diante da grande cidade e a descoberta de uma música inconformada e em ebulição. Cida me escancarou as portas e janelas para a chamada vanguarda paulista. Depois dela conheci o grupo Rumo, o gênio Itamar Assumpção e Arrigo Barnabé, que apesar de ser de Londrina, fez base em Sampa.

De Abolerados Blues – onde a intérprete e atriz cantava desde música de cabaré, “Surabaya Johnny” até uma fantástica versão de Caetano Veloso para poema de Maiakovski, “O Amor” – até os dias de hoje, Cida viajou pelo universo da MPB mantendo sempre uma coerência e repertórios coesos. Seu último trabalho, Angenor(2008), traz porém a seleção mais equilibrada e refinada entre todos os trabalhos – um dos seus melhores, com certeza - já gravados pela artista.

Em Angenor, de Angenor de Oliveira, nome de batismo do ícone Cartola, Cida baila em cima de 16 canções do mestre. Foge de obviedades, como a clássica “As Rosas não Falam”, para apresentar um repertório que passa por clássicos indiscutíveis como “Cordas de Aço” e “Acontece” e vai de encontro a músicas desconhecidas e fantásticas, como a toada trágica “Feriado na Roça” e a linda “O Silêncio do Cipreste”. Tudo muito orgânico, graças a arranjos delicados, calcados em cordas de violão e piano e a voz soberba, maturada e sem os arroubos teatrais de outrora da cantora. É Cida inteira num álbum que traz à tona, com muita honestidade, a música maiúscula e atemporal de Cartola. Irrepreensível.

Vá, sem medo de ser feliz:

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Cotação: 4

Bendito tango

Só sei que sei muito pouco sobre tango. Sei muito que nós brasileiros, não se sabe porque cargas d’água, sempre vivemos de costas para os sons produzidos pelos nossos vizinhos sulamericanos. Uma tremenda burrada. Nossas antenas musicais, como Chico Buarque, Caetano e Milton Nascimento tentaram crossovers no passado visitando a praia lírica de Pablo Milanez, Victor Jara e Mercedes Sosa. Mais recentemente, bandas como Os Paralamas do Sucesso apresentaram grupos como Los Pericos e integradores como Paulinho Moska divulgaram nomes como Jorge Drexler e Luciano Supervielle . Muito pouco para o rico universo musical produzido pelos hermanos.

Às vezes fico com a consciência pesada com relação a esse desconhecimento. Se antes era difícil ter acesso à bagagem sonora da sulamérica, devido a um mercado voltado para produtos nacionais e cantores do mainstream norte-americano e europeu, com a internet a gente não tem desculpas para dar. E foi sapeando na grande rede que dei de cara com Daniel Melingo, um dos muito nomes argentinos que exercitam e renovam o mais radical e apaixonado ritmo daquele país.

De Melingo ouvi Maldito Tango(2007). Mas, o que dizer deste álbum se sei tão pouco sobre o tango? O fato é que meus ouvidos se extasiaram. A voz rouquenha e oldfashioned do argentino, que mistura a potência dos exímios e mui conhecidos intérpretes de outrora, como Carlos Gardel, ao despojamento de roqueiros subversivos como Nick Cave, impressiona pela entrega. Mas, não é isso que é o tango, pura entrega?

Melingo, um ex-roqueiro que fez sucesso em Buenos Aires na década de 80 com a banda Los Abuelos de la Nada visita a face mais tradicional do ritmo, como em “En un Bondi de Color Humo” e em “A lo Magdalena”, mas investe também em experimentações, como na estranha “Pequeno Paria”, com direito a teremin, e em profundas viagens melancólicas de tempero jazzístico e com belo arranjo de cordas, a exemplo da linda “Eco il Mondo”. Tudo sem ceder à tentação de modernizar sua música com toques de eletrônica. Mesmo assim, o tango de Melingo é moderno e subversivo, uma talentosa ponte entre tradição e contemporaneidade. Uma delícia de se ouvir.

Tangue-se:

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Cotação: 5

sábado, 31 de maio de 2008

Sem sair do quintal

My Morning Jacket é um patrimônio do rock alternativo. Nunca chegaram a fazer grande sucesso, mas se mantiveram incólumes e respeitados no coração dos fãs mais tradicionais do gênero graças ao seu country rock honesto. Durante dez anos, completados em 2008, a banda foi fiel ao som com cores setentistas, sem se bandear para novidades e “mudernices”. Ou seja, nos 4 anos produzidos naquele período os caipiras norte-americanos do Kentucky não esqueceram suas raízes.

Em Evil Urges(2008), o quinto da carreira e com lançamento previsto para o início de junho, o grupo tenta até sair do quintal do country rock, como em "Highly Suspicious”, com toques tímidos de eletrônica. Mas, essas experiências não tiram os rapazes do velho caminho. A tradição fala mais alto em "I'm Amazed", direto da fonte roqueira que os tornaram queridinhos no mundo alternativo, na boa "Thank You Too" e na excelente "Sec Walkin", com guitarra lânguida e delicioso coral feminino gospel.

Os temas também são recorrentes: amor, inocência e um cotidiano sem asperezas e filosofismo. E no tom normal, sem o falsete que emprega em algumas canções que canta ao lado dos companheiros do grupo, a voz de Jim, comparada em seu eco caipira ao registro de Neil Young, só trazem a tona impressões daquele mundo rural norte-americano distante da ansiedade e do corre-corre das grandes metrópoles. Vide as belas baladas “Librarian” e “Look at You”. Com um som explicitamente ianque, o álbum se destaca pela singeleza e poética. Para ouvir sem preconceitos.

As opções para esse passeio country rock:

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ou

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Cotação: 3

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Duo descarado

A banda The Indelicates tem sido bastante comentada nos blogs afetos ao indie rock. O nome da banda já me interessou de cara. É provocativo como o som proposto pelo duo inglês formado por Simon Clayton e Julia Clark-Lowes, ex-Pippetes. Já se imaginou você se autodenominado de “indelicado”? Mas, no fundo é o que são os dois ingleses nas letras sarcásticas e cheias de referência ao mundo efusivo dos rockstars, como em “Heroin” e “We Hate the Kids”, presentes em American Demo(2008).

O som de estréia da banda é considerado por muitos como indie rock. Mas, vai além disso, fugindo de enquadramentos mais caretas. É que os indelicados atiram para muitos lados. Tem desde o indie puro, com melodias alegrias, como em “Our Daughters will Never be Free” e “Julia We don’t Live in the 60’s”, até o rock desencanado e dançante de "The Last Significant Statement to Be Made in Rock 'n' Roll", passando pela mais hard “America”, com seu refrão ganchudo, e a delicadeza art-rock de "New Art for the People", com maravilhosa melodia.

Essa infidelidade a um gênero musical não tira, como poderia ter acontecido, a organicidade do trabalho. E isso é ajudado pela opção do duo de cantar parte das canções separadamente (em algumas delas exercitam um dueto), reforçando a graciosa diversidade sonora de American Demo, com destaque para a afinação de Julia. Sem querer ser indelicado, essa dupla, com suas melodias inteligentes e atitude musical, bota pra f...

Parta pra cima:

http://www.badongo.com/file/9586762

ou

Anestésico sonoro

Ketamine, ou cetamina, é um poderoso anestésico que já foi usado como droga alucinógeno por jovens num período da história americana. Uma irresponsável experimentação de químicos, diga-se de passagem. Lag, por sua vez, é como é conhecido um pequeno “pau”(por favor, nada a ver com a genética japonesa) que deixa os computadores mais lentos e com conexão oscilante. As duas expressões em questões tem a ver um pouco com o projeto solo Katamine e seu primeiro CD, Lag(2005), que ouvi recentemente e resolvi apresentar para meus parcos leitores.

Katamine é uma proposta musical de um israelense chamado Assaf Tiger, que diz fazer um “noise acústico”. Isso se traduz, na realidade e sem viagens umbigo adentro, em um folk acústico bem climático e minimalista. Algo parecido com o que fez, guardando as devidas proporções, Nick Drake e Ellioth Smith, este com o qual Assaf chegou a trabalhar junto. A diferença é que em Tag, violões e guitarras acústicas são mais soturnas e cerebrais como na tristíssima “No Wonder We’re Damaged” e na bela “Junior Buddha”.

Mas, o estranho mundo de Assaf abre espaço para clareiras como na mais roqueira “Pulse Song” e na lírica “Someone Came Around”, com violão arrebatador(sim, o cara também toca muito, além de mandar bem como compositor). O folk carregado do israelense é bom para relaxar e viajar, uma incursão na placidez sem provocar estupefação. Música anestésica como o ketamine e introspectiva na medida da compreensão geral que vai além do imaginário do artista.

Folke-se quem puder:

http://sharebee.com/ac45a9f8

Cotação: 3

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Rock como prato principal

Muita gente torceu o nariz para este Momofuku(2008), o novo álbum de Elvis Costello, acompanhado dos bons companheiros da excelente banda de apoio The Imposters. Tudo porque ele se desviou daquela linha mais clean e intelectual que marcaram alguns álbuns de sua versátil carreira: coisas do tipo gravar canções eruditas com o camerístico The Brodsky Quartet(The Juliet Letters - 1993), com o romântico maestro Burt Bacharach (Painted from Memory - 1998) ou, mais recentemente com o pianista e compositor Allen Toussaint(The River in Reverse - 2006). Tudo bem que todos esses são ótimos álbuns, mas eu já estava com saudade dos tempos de Costello mais rocker e raivoso dos bem legais My Aim is True(1977) e This Year’s Model (1978).

E rock and roll é o suculento prato principal de Momofuku. O rock de arena “Go Away” é descaradamente básico, com tecladinho à la anos 70 e guitarra pulsante. E o bom e velho ritmo continua comendo solto na primeira parte do álbum com a animada “No Hiding Place” e a excelente “American Gangster Time”, com instrumental despachado e vibrante. Mais adiante, Costello ataca com um som mais pesado na fantástica “Stela Hurt”, um dos pontos altos do trabalho. Mas, para quem prefere o cantor da fase mais cool, ele adoça os ouvidos com a linda "Flutter and Wow", a jazzística "Mr. Feathers" e a balada sensual "Harry Worth".

Pena que Costello não chutou o balde de vez atacando somente com seu rock matreiro e disfarçadamente despretensioso. Mas, essa cafungada no passado já faz desse um disco raro, delicioso e potente. Elvis é f...

Tente:

http://www.mediafire.com/?0j3jgwrjhum

Cotação: 4

Caminho torto

É sempre bom se deparar com bandas que buscam um caminho diferente para o rock'n roll. Os norte-americanos do Colour Revolt enveredam-se por uma trilha tortuosa, um post-grunge repleto de guitarras sujas e melodias com andamento diferenciado que não foram feitas agradar o gosto médio dos ouvintes. É o que está explícito no primeiro álbum dos caras, o interessante Plunder, Beg and Curse(2008)

“Naked and Red”, a primeira música do disco, já é sintomática. Com guitarras pesadas, bateria acelerada, a composição começa mais palatável para terminar numa apoteose raivosa do vocalista e dos instrumentos. O restante do álbum radicaliza um pouco mais em sua irruquieta excursão sonora. É recheado de tensões e distensões, com muitas cordas distorcidas e um certo inconformismo musical, o que dificulta a classificação de Plunder, Beg and Curse e o torna um trabalho que exige várias audições para se situar na mente da galera.

Não raro, os andamentos das músicas, a princípio convencionais, acabam surpreendendo lá na frente, como em “A Siren”, uma das melhores do disco, um indie mais suave que se transfigura numa canção gritada e explosiva e na não menos irrequieta “Swamp”. Em outros momentos, como em “Elegant View” e “Ageless Everytime”, o grupo se utiliza de um ritmo mais low-fi e com instrumentação dissonante para criar um clima de desolação, estranheza e desespero. Esses meninos, tenham certeza, têm algo a dizer.

Vejam se vocês concordam:

http://www.shareonall.com/Colour_gpna.rar

Cotação: 4

terça-feira, 27 de maio de 2008

Combustível para a alegria

A impressão que eu tenho das pouquíssimas bandas suecas que conheço é de que aquela galera vive num mar de rosa. E vai ver que, num país com uma elevada renda per capta, pode até ser que essa sensação não esteja muito longe da realidade. Mas, tal sentimento me vem, sobretudo, pelo som alegre e ensolarado de grupos como a adorável e subestimada The Cardigans e agora deste Pacific!

A quase dance “Number One”, música de trabalho de Reveries(2008), debut dos suecos, já anuncia a disposição dessa moçada de animar o ouvinte. Pra cima, do começo ao fim, o álbum passeia, sem medo de ser feliz, entre o dance, o synth-pop e o indie-pop. “Disappear” é um electro envolvente com direito até a castanhola no refrão. “Sunset Boulevard” é trilha sonora perfeita para manhãs ensolaradas, com sua elevada carga romântica e incurável, entendam, “brejeirice”.

Já “Runaway to Elsewhere” é uma música instrumental que aproximam Pacific! dos franceses do Air, com quem são muitas vezes comparados. Mas, não levem essa identificação muito a sério. A banda aqui em questão é menos densa e pretensiosa, apostando numa levada mais lúdica, como pode ser percebida na deliciosa “Hold Me”, um indie-pop-descarado.

Nem pensem em Pacific! para animar granes festas racha-assoalhos, mas, com certeza, o bom som que fazem cabe muito bem numa reunião como um belo combustível para um desejado e delicioso encontro alto astral entre amigos. Bem legal!

Ponto pacífico para a alegria:

http://www.mediafire.com/?iwyocgrd1m7

Cotação: 4

segunda-feira, 26 de maio de 2008

No meio do caminho

Eles já foram anunciados como a promessa britânica de 2007 pelos críticos musicais da ilha. Com o álbum Wait for Me apenas bateram no travessão, mas demonstraram um frescor, na linha de Franz Ferdinand, Strokes e Kaiser Chiefs, que fizeram com que conquistassem muitos fãs no velho continente. Do lado de cá, neste terceiro mundim, o debut da banda The Pigeon Detectives também me impressionou.

Faltava o famoso segundo álbum para confirmarem o talento. Mas, Emergency(2008), com lançamento mundial marcado para este 26 de maio de 2008, não veio com o gás ensaiado por esses ingleses aloprados em sua estréia. Uma pena. Mas, mesmo assim não é um álbum de se jogar fora. Há boas idéias e uma jovialidade que valem ser citadas.

Mais bem produzido que o primeiro trabalho da turma, Emergency até que abre empolgante. “This is an Emergency” traz guitarras vibrantes e andamento que faz os pezinhos baterem irrrequietos no chão. Strokeniana e boa de pista, a segunda música, “I’m Not Gonna Take This” parece anunciar um disco coeso e matador.

Contudo, a alegria e eletricidade se perde entre uma ou outra balada sem graça, como é o caso de “Nothing to Do with Tou”. O bom pique e inspiração retornam mais tarde com "Love you for a Day(Hate you for a Week)", uma das melhores do discos. A sensação final, contudo, é que sem os brilhos dos congêneres citados no primeiro parágrafo, os “pombos detetives” precisam abrir mais as asas para alçar um vôo realmente convincente.

Dito isso, experimente:

http://rapidshare.com/files/115370657/Tpd.E.SG.rar

Cotação: 3

Discurso afiado

Sempre admirei André Abujamra. Principalmente porque há nele uma grandeza de coração e princípios traduzidos, em sua música, no desejo de ver um mundo sem preconceitos e mais tolerante. A universalidade e a defesa de um mundo solidário, de pessoas que se entendam como irmãos, independentemente de cor, língua e religiões, estão presentes em seus trabalhos desde o tempo do saudoso Karnak, banda emblemática e que marcou o circuito alternativo na década passada.

Depois do fim do Karnak, Abujamra lançou o ótimo O Infinito de Pé(2004) e agora, de forma independente, um álbum de nome esquisito: Retransformafrikando(2008). Neste último, ele carrega as mesmas preocupações éticas e estéticas. Estão aqui o bom humor de sempre e o texto direto, como em “Pangea”, em que ele lembra, para expurgar as diferenças, que a terra era um grande continente colado : “Angola, Senegal, coladinho no Candeal”, brinca. África em nós retransformada.

No álbum, Abujamra continua buscando referências da música do planeta. Há sons indianos, como na provocativa “Melhor é Menor”; há tambores e vozes africanas que remetem ao grupo vocal Ladysmith Black Mambazo, que Paul Simon fez conhecido em todo planeta no disco Graceland. Enfim, uma miscigenação muito própria de estilos, culturas e homenagens como em “Babaloo”, na qual cita o hit da nossa Ângela Maria, que torna o trabalho uma salada sensorial.

Homem do Brasil. Homem do mundo. Esse é Abujamra. E se Retransformafrikando não tem o vigor de seu álbum solo anterior, ainda assim é uma obra para se ouvir com atenção. Afinal, pode ter certeza, com aquele bom paulista você sempre aprende algo.

Retransformafrique-se:

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Cotação: 3

sábado, 24 de maio de 2008

Lirismo acachapante

O Canadá é um país com tradição de bons cantores e compositores. Dos mestres Joni Mitchell e Leonard Cohen, até as revelações de gerações mais novas, como Rufus Wainwright(filho de pais canadenses), de quando em vez o mundo é surpreendido com um talento incandescente daquele canto do planeta. É dessa linhagem que despontou Gregory Hoskins, um intérprete e criador que me impressionou profundamente. Para o bem, é claro.

Pouco conhecido até nas rodinhas dos mais antenados, Hoskins acaba de lançar Alone In the Mayor’s House…Almost (2008), disco que pesquei em um blog bem legal intitulado “Lúcio Papeiro – Sensata”(www.luisxarope.blogspot.com), que passou a figurar entre os meus favoritos. Passional e confessional, o álbum – terceiro do cara lançado pelo selo Candyrat - me ganhou pelo acachapante lirismo das composições e a bela e afinada voz do cantor, de raro registro, que não deixa a dever ao já citado aqui Rufus.

O disco foi gravado numa casa secular em Ontário, a mansão do prefeito do título, em apenas três dias. E o clima da bucólica casa parece ter contagiado Hoskins. Intencionalmente acústico, o trabalho já me pegou de cara com a linda “Never a Stranger Kiss”, de cadência sensual reforçado pelo correto violão do cantor, e conquistou de vez com a intensa “Bittersweet” e a deliciosa “Beautiful Parade”, que remonta aos bons momentos da conterrânea Mitchell. Um álbum “cool” e sensível que o site do Lúcio traduziu mais brasileiramente como “bacanérrimo”. Concordo, amigo. Valeu pela indicação.

Encante-se:

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Cotação: 5

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Sem Hoon, mas com rumo

Quando eu soube da volta do Blind Melon, banda californiana responsável por dois grandes discos em meados da década passada, fiquei temeroso. Pensei de cara em como o grupo voltaria depois da morte do vocalista Shanoon Hoon, vítima de overdose de cocaína depois da gravação do segundo trabalho da banda, o ótimo Soup(1995). Tudo bem que os bons guitarristas Christopher Thorn e Rogers Stevens, o batera Glen Graham e o baixista Brad Smith estavam aí para responder pelo retorno treze anos depois da separação.A novidade era o vocalista Travis Warren, que também toca violão.

Conecei a ouvir o disco For my Friends(2008) e as duas primeiras músicas só frustraram minhas expectativas de um trabalho que pudesse lembrar ao menos de longe uma das boas bandas da década de 90. Estava claro, já nos primeiros acordes de “Wishing Well” a intenção do grupo de tentar continuar onde parou. Mas, o vocal de Warren pendulando entre o registro suave e o mais rouco, lembrando às vezes um Perry Farrel, do Jane’s Addiction, dopado, nos faz ter saudade de Hoon do primeiro disco (“Blind Mllon, de 1992, que reouvi saudoso esses dias), antes dele se entupir de drogas.

Mas, como a esperança é a última que morre, segui ouvindo For my Friends. E, para minha grata surpresa, a banda mostrou vigor e inspiração inesperadamente nas músicas mais lentas, na contradança dos discos básicos da galera que apostavam num rockão mais pesado e sem firulas na linha de Grateful Dead. Do meio para diante, a bela “Last Laugh”, com bons solos de guitarras, e as excelentes “Tumblin Down”, com um diálogo entre teclado e guitarras bem legal, e “Sometimes”, com refrão matador, valem o disco.

Ah, observem como o álbum abre espaço generoso para as guitarras, característica indelével da banda. Sem mais delongas, vá:

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ou

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Cotação: 3

Cabeçudos desafiadores

Nossos pobres ouvidos não estão muito acostumados a experimentações sonoras. Esse universo musical, infelizmente, fica restrito a um público que tem uma bagagem que passa, só como exemplos, pela erudição de Bach e Bruckner e a modernidade de Bartok e John Cage. Os europeus, com sua milenar história, não estranham os exercícios pouco convencionais que alguns grupos do post-rock(expressão ussada para tudo que se faz de esquisito nessa área) realizam.

Uma banda emblemática desse segmento é a dinamarquesa Efterklang. Esse coletivo cabeçudo nascido criado em Copenhaguen, lançaram recentemente o álbum Parades(2007), o terceiro da carreira. É um trabalho denso, para ouvidos que gostam de um bom desafio. Ai você pensa: a tradução disso é mais um disco chato de doer. Na verdade, a audição desse trabalho depende de uma boa dose de paciência.

Com muita calma você poderá sentir a beleza de Parades. São onze canções etéreas, viajandonas, camerísticas. O coletivo está sempre acompanhado de instrumentos poucos usuais no mundo pop, como cello, trompete, violinos, tambores para criar uma cama sonora que ousa nas tonalidades e arranjos para chegara uma música espiritual, quase celestial. Para isso, se apóiam ainda em camadas de coros com vozes masculinas e femininas bem departamentalizadas e que fazem de músicas de nomes diferentes como “Frida Found a Friend”, “Him Poe Poe” e “Mimeo” pequenos pérolas.

Para começar de leve, vá primeiro de “Cutting Ice to Snow” e “Polygyne”. Músicas delicadas para se elevar.

Desafie-se:

http://www.zshare.net/download/3470643cb2f58c/

Cotação: 3