Para quem não conhece, a Eels é uma banda que desde a obra-prima Beautiful Freak (1996) faz uma mistura de folk, pop e indie (no que esse termo tem de experimental) à sombra do espírito introspectivo de Everett. O álbum citado acima tem um título que o definia à perfeição: belas melodias cercadas de estranheza por toda a parte. De lá para cá, o grupo foi tentando aparar arestas, aproximando sua música de uma sonoridade mais casual, mais comum aos ouvidos da maioria.
Mas, o pulsante Electro-shock Blues (1998) e, principalmente, o soturno Blinking Lights and Other Revelations (2005) indicavam que essa tentativa caminhava no tempo e no processo interno do líder da banda. E, aqui, o processo, como diria o rapper brasileiro B Negão, é lento. Até porque Everett passou pela barra pesada de vivenciar o suicídio de uma irmã e de acompanhar a agonia da mãe na batalha contra um câncer. Os anos sem um álbum de estúdio serviram provavelmente para expurgar um pouco essas dores.E Everett deve ter saído um pouco mais leve desse diálogo que teve com o sofrimento. E veio Hombre Lobo, provavelmente aquilo que de mais pop o Eels pode se aproximar. O lado rocker e folk está mais transparente e amigável, como em “Prizefighter”, um rock caipira à moda antiga inspirado e gostoso de ouvir. “Lilac Breeze” é rock and roll básico, com a guitarra pedindo licença para passar e a voz rouca de Everett soando urgente. E a melhor de todas, “Tremendous Dynamite” aproxima-se do blues, com baixo e bateria em conversa instigante valorizando a boa melodia.
Essa brecha aberta para o mundo pop está evidenciada ainda na música de trabalho do disco, “Fresh Blood”. Esse rock cadenciado é trilha sonora para filme de terror, daqueles blockbuster, com direito a uivo de hombre lobo, o lobisomen que dá nome ao CD. Canção movimentada e bem acabada para tocar no rádio e na MTV. “Sweet Baby, I need fresh blood”, canta um lupino Everett, no limite pop de suas criações.
A face lunar da banda dá também o ar da graça. O lo-fi que ajudou a fazer a fama da banda entre os mais antenados volta capenga em “That Look You Give That Guy”, uma baladinha downtenpo e linear com o vocalista cantando de forma propositadamente desleixada. Um recurso natural, aliás, de quem não tem lá uma voz muito atraente. Mais atonal, “Longing” é canção desesperada, aquela que apenas ensaia um retorno à tendência depressiva de Everett. Melancolia exposta como uma ferida aberta. E é nas mais lentas, uma dos pontos fortes do grupo, que o álbum derroca. Faltou apetite e inspiração para o aparentemente cansado e intenso band leader liberar seu discurso de perdedor. Quem sabe é o sinal para uma mudança mais radical na sonoridade do Eels. É aguardar para ver.Cotação: 3
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