terça-feira, 21 de julho de 2009

Contundência e beleza

Estão lá as músicas longas, o indubitável virtuosismo do guitarrista Omar Rodriguez-Lopez e a voz vigorosa e técnica do excelente Cedric Bixler-Zavala, pontas de lança ferozes acompanhados de uma zaga competente, formada por Thomas Pridgen (bateria), Juan Alderete de la Peña (baixo), Isaiah Ikey Owens (teclado), Marcel Rodriguez-Lopez (percussão) e Adrian Terrazas-Gonzales (flauta, sax tenor, clarinete baixo e percussão). Mas, o que se ouve em Octahedron(2009), o quinto CD do excepcional The Mars Volta, não é o mesmo e esfuziante som com o qual aquela turma costuma embebedar os fãs.

A mudança na sonoridade do último trabalho da banda pode até parecer estranha, mas nem de longe é decepcionante. Pelo menos para mim. Tentaram inclusive – os fãs e críticos mais radicais – desmerecer a obra exatamente pelo o que ela tem de melhor, a sua construção mais pop e acessível. Diferentemente do difícil e esquizofrênico, The Bedlam in Goliath(2008), álbum anterior, neste o The Mars Volta está mais lúdico, melodioso e, podemos até arriscar, afetivo.

O que não falta no disco são belas melodias, devidamente ilustradas pela guitarra matadora de Omar e encorpadas por arranjos inteligentes, levados com maestria pela banda inteira. Octahedron tem baladas definitivas, dessas que vão certamente marcar a carreira o grupo, como “Since we’ve be Wrong”, que abre o CD tensa e progressiva, com guitarra agridoce, para envolver depois com uma lancinante interpretação de Cedric em emocionantes sete minutos e meio. Tão intensa quanto “With Twilight as my Guide”, uma composição tristíssima, valorizada até a última nota pelo afinado vocalista. De corroer a alma.

Entre as viagens psicodélicas e progressivas, tão próprias do grupo, há intervenções sonoras mais pesadas, outro traço característico, mas, a exemplo das baladas, do mesmo modo bem digeríveis. São os casos de “Teflon”, um rock acelerado e com direito a falsetes de Cedric, e da curta “Cotopaxi” (3’38”, um flash dentro da prática de prolixidade da rapaziada), canção explosiva e com guitarra e percussão numa levada alucinada. Repare na transição da mudança de andamento da composição feita com extrema harmonia dentro do contexto da música.

Tudo o que foi dito aqui, essa mudança de tempero e agressividade do The Mars Volta não quer dizer que a banda perdeu seu caráter irrequieto e contemporâneo. Aqui e ali há pinceladas de experimentalismo, daquela “velha” modernidade dessa turma do Texas. Isso pode ser visto nos teclados viajandões e nas guitarras distorcidas em “Halo of Nembutals” ou no progjazz da bacana “Luciforms”, que fecha de forma magnífica o disco.Octahedron é um disco de responsa, um The Mars Volta mais careta, mas igualmente contundente.

Cotação: 4

Conheça os oito lados de Octahedron em quatro tentativas possíveis:

http://sharebee.com/e1078d2e ou

http://www.4shared.com/file/116289150/10e1bac5/The_Mars_Volta_-_Octahedron__2009_.html ou

http://rapidshare.com/files/241259625/TMVolOCt_www.baixemusicascompletas.blog.br.rar ou ainda

http://arderocker.blogspot.com/2009/06/mars-volta-2009-octahedron.html

Um comentário:

Anônimo disse...

Muito bom o seu blog, parabéns pelos textos. Até o momento li apenas a matéria sobre o Bnegão e os Seletores de Frequência e este sobre o Mars Volta e percebi que fica explícito o seu amplo conhecimento em música e nas técnicas de jornalismo cultural.

Abraços!

Johnny - SP