quarta-feira, 21 de maio de 2008

Acertos aos montes

Confesso que nunca tinha ouvido falar na banda The Black Keys e muito menos que eles já tinham quatro CDs nas costas antes de lançar este Attack & Release(2008). Até porque ela nunca foi apresentada oficialmente no Brasil e também porque sempre esteve correndo por fora dos "hypes" (olha a palavrinha chata de novo!) roqueiros, a exemplo dos estilos nu metal, emocore e electro-rock da vida entre outras “novidades”.

Não sei se nos álbuns anteriores, o duo Dan Auerbach(voz e guitarra) e Patrick Carney(bateria) exercitou a mesma levada de som retrô que os aproximam de Led Zeppelin e, lembrando nomes mais recentes, The Black Crowes e Kings of Leon. O fato é que, em Attack & Release, esses norte-americanos de Ohio fazem um rock-blues competente e de alta voltagem.

Essa competência se deve em parte ao vozeirão de Auerbach e sua guitarra afiada, ao acompanhamento afinado da bateria de Carney e, muito também, pelas composições bem sacadas. As músicas transitam pelos rockões básicos, como na fantástica “I Got Mine”, com um riff que remete a "Manic Depression", da lenda Jimi Hendrix, e na lenta e hipnótica “Psychotic Girl”, com um piano e coros pra lá de sensuais, ou enveredam pelo blues rasgado, como na linda “Lies” e pelo country sofisticado em “Remember When (Side A)”.

Tudo isso, me fez acreditar que Attack & Release e seus acertos é um dos grandes álbuns do ano até este maio. Para figurar no meu Top 10. Sem pestanejar.

Confira:

Volta triunfal

A britânica e pouco conhecida no Brasil James sempre foi uma das minhas bandas preferidas. Isso desde meados dos anos 90 quando ouvi o fabuloso Laid(1993). E os caras de Manchester, que chegaram a abrir shows do The Smiths, tinham tudo para cair no gosto popular, caso a carreira não fosse marcada pela instabilidade dos álbuns lançados.

Quando ainda tentavam subir à tona e ganhar oxigênio no final da década passada, eles sucumbiram ao tentar tirar uma casquinha da onda eletrônica, patinando numa entressafra criativa, lançando o pífio Milionaires(1999) e o subestimado Pleased to Meet You(2001). A banda tirou umas longas férias, para voltar sete anos depois com o rejuvenescedor Hey Ma(2008).

Hey Ma, que causou polêmica por trazer na capa uma criança pronta para brincar com uma arma, é um retorno de James aos bons tempos de Laid. Eles trouxeram de volta melodias criativas, arranjos fortes e a variação sonora que pontuaram seus melhores momentos. “Bubbles”, por exemplo, com seu crescendo apoteótico pode figurar entre as melhores já feitas pelo grupo. “Hey Ma”, um pesado libelo contra a guerra chama atenção pelo refrão e seu coro majestoso. “Ei mãezinha, os garotos estão voltando pra casa em sacos e aos pedaços”, bombardeiam.

“Oh My Heart” é outra que revela uma banda inspiração, com uma grande melodia e a guitarra mais comportada fazendo o contraponto da bateria nervosa. Destaque também para “Of Monsters & Heroes & Men”, introduzida por cordas esquizofrênicas que ganha uma costura suntuosa de piano e trompete. Enfim, com Hey Ma, James volta para deixar claro que tem ainda muita lenha pra queimar. Sorte nossa.

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Cotação: 4