segunda-feira, 19 de maio de 2008

Identidade própria

Os ingleses do Elbow aqui e ali são comparados ao Radiohead de início de carreira (leia-se Pablo Honey e The Bends). Tudo em função da devoção confessa do vocalista e líder da banda Guy Garvey pelos conterrâneos. Mas, nada que amarre o grupo negativamente a essa “sombra”, como pode ser percebido no muito interessante The Seldom Seen Kid(2008), inspirado trabalho dessa moçada de Manchester.

Os ecos da influência não são assim tão visíveis neste quarto álbum do Elbow. A banda tem talento suficiente para criar sua própria identidade musical. E ganha cada vez mais terreno com seu dream pop, estilo marcado por sons mais etéreos. Se é possível enxergar um pouco de Radiohead na linda “The Loneliness of a Tower Crane Driver” ou estilhaços de Muse na envolvente “The Bones of You”, The Seldom Seen Kid vai muito além das meras referências.

Há intensidade e alguma dramaticidade, sem derrapar no exagero, nas boas “Friends of Ours” e “Starlings”, com orquestração de cordas precisas, coros bem engendrados e a voz grave de Garvey. Em um outro momento do disco, numa levada mais pop e com arranjos sofisticados, “An Audience with the Pope” e “Fix” mostram ousadia. No meio do caminho, “Grounds for Divorce”, música de trabalho do álbum, mostra equilíbrio e qualidade que ajudam a colocar o CD entre os bons lançamentos do ano.

Para ouvir, vá em(novo link):

http://sharebee.com/fc947683

Cotação: 5

Competência de sempre

Algumas bandas ficam no Olimpo de nossa memória, no rastro da simpatia provocada pela primeira audição. Um desses casos clássicos para mim é o American Music Club. Na praia indie do sadcore e do folk, esses californianos construíram uma carreira sólida, com discos que mantiveram uma grande média de qualidade e geraram culto entre a galera mais antenada.

Mais do mesmo é The Golden Age(2008). Lançado recentemente, esse trabalho traz o AMC confortável no que sabe fazer muito bem: melodias competentes e suaves com muito violão dedilhado e um fio de melacolia, nada acachapante diga-se de passagem, que perpassa, na verdade, toda a obra do grupo.

Mesmo sem a inspiração de discos como Everclear(1991) e Mercury(1993), para mim o ápice da trajetória da banda, The Golden Age é muito digno e com certeza não desagradará aos fãs. Baladaças como “All my Love” e “The Stars”, usando uma expressão barroca, cala fundo na alma, e a mais ensolarada “Decibels and the Little Pills” estão entre as melhores criações da banda. E o que é melhor, amparadas pela maturidade de Mark Eitzel, e sua voz marcante, e os outros corretos músicos da AMC.

Delicie-se:

http://www.shareonall.com/jbmzk020_npsy.zip

Cotação: 4