segunda-feira, 23 de junho de 2008

Em busca da inspiração perdida

Gilberto Gil estava com saudade de gravar. Também pudera. O último trabalho autoral foi o robusto Quanta, de 1997. E de lá para cá, depois de assumir o Ministério da Cultura, que lhe propiciou um travo como compositor, esperou a inspiração musical vir. Ela veio devagar e resultou em Banda Larga Cordel(2008), um álbum que traz o velho Gil com suas preocupações filosóficas e o movimento sonoro globalizante.

O lançamento de um disco de inéditas de Gilberto Gil é algo sempre a comemorar. Afinal, o bom baiano, o meu preferido entre os novos bárbaros que na década de 60 para cá deram uma boa mexida na MPB, tem sempre algo a dizer. E seus trabalhos são sempre acima da média. É o caso desse Banda Larga Cordel que, mesmo menos luminoso que o disco anterior, ainda tem boas idéias, melodias bacanas e brilho próprio.

O disco traz 16 canções em mais de uma hora de música. E temos que nos render em vários momentos ao gênio rítmico e poético do artista. Mesmo em músicas menos pretensiosas, como “Despedida de Solteira”, um forró suave e provocativo, o som seduz e encanta. O artista tenta engatar de novo sua tendência a filosofar que, quando dá certo, nos prende atenção, caso da linda “Não Tenho Medo da Morte” e embarca ainda em sensíveis declarações de amor, como a que faz a mulher Flora, na sensual “A Faca e o Queijo”, da mesma linhagem da clássica “A Linha e o Linho”.

Há que se prestar atenção também nas letras de Gil, como na mais dançante “Banda Larga Cordel”, onde brinca com as coisas da informática e o desejo do mundo inteiro de surfar nessa onda, como revela a inventiva poesia: “Diabo do menino agora quer/Um ipod e um computador novinho/O certo é que o sertão quer navegar/No micro do menino internetinho”.

Mas, o ministro se perde em composições não tão inspiradas, apesar da boa intenção, como “Canô”, em que homenageia os 100 anos da mãe de Caetano Veloso ou no forró “Não Grude, não”. A compensação vem com a bela versão de “Formosa”, de Vinícius e Baden Powell, de arranjo delicado, e em sambas com grandes harmonias como “Samba de Los Angeles” e “Amor de Carnaval”.

Por tudo isso e por ser Gil reanimado, vá lá:

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Cotação: 4