quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Allen à antiga

O texto em preto e branco xerocado, tímido, grudado ao lado da porta do cinema desmerecia aquela oportunidade rara. Era o anúncio do último do Woody Allen. Uma única sessão noturna, citada num papelzinho escondido no meio da vibração colorida dos cartazes vendendo Capitão América, Lanterna Verde, Dylan Dog, heróis dos quadrinhos que ganharam versões estufadas de efeitos especiais nas telonas. E um de meus heróis da adolescência, o workaholic Allen, estava ali perdendo feio a luta no ringue do marketing. Quase passou despercebida aquela xerox com a sinopse quadrada e vazia de informações de Meia Noite em Paris(2011). Não iria me perdoar se a passagem do icônico diretor no único cinema da cidade passasse em branco, afinal exibição de filme de arte em Boa Vista é artigo de luxo, especialmente no Super K, único complexo cinematográfico de Roraima, com 8 salas de cinemas, todas tomadas normalmente pelas produções populares, regadas a muita pipoca, refrigerante e gritaria da molecada, visão do inferno para quem gosta de se concentrar no clima e luzes mágicas da sétima arte.

Trailler de Meia Noite em Paris:



Tive sorte assim de me deparar com o longa-metragem de Woody Allen. E, o que é melhor, numa privilegiada e silenciosa sessão exclusiva para esta pessoinha que escreve agora e um colega. Dois na fita. Senti-me como a solitária Cecília, personagem de A Rosa Púrpura do Cairo(1985), um dos clássicos daquele mesmo diretor, em meio às suas ritualísticas incursões em salas de exibições quase sempre vazias. Cinema pra mim é religião, lugar sagrado de interação radical com a arte, de preferência refinada, ou pelo menos sincera, de diretores, atores, fotógrafos, cenógrafos, enfim todos esses trabalhadores que suam a camisa para fazer você se sentir especial naquela poltrona dominada pela tela. Como Cecília. Ou seja, tive espaço e concentração para mergulhar em mais uma aventura elegante e mágica de Allen, que com Meia Noite em Paris, retornou ao humor inteligente e cheio de referências que marcou uma das melhores e mais palatáveis fases de sua longa e pródiga carreira.

O filme em questão se contrapõe a algumas obras marcadas pelo intelectualismo e marra psicológica, talvez uma tentativa ainda de Allen de se aproximar do universo do sueco Ingmar Begman, um dos seus maiores ídolos e influência confessa. Com Meia Noite em Paris, o diretor parece se distanciar cada vez mais de filmes severos e com conteúdo denso, bons para discussões de cineclubistas (esses seres ainda existem?), amantes empedernidos do cinema indiano e alunos de faculdade, como, em menor grau, Ponto Final – Match Point(2005) e, em maior grau, O Sonho de Cassandra(2007). É a volta a leveza, não destituída de fisiologia intelectual, presentes em antigas e charmosas produções do diretor, a exemplo da obra-prima Manhattan(1979) e no já citado A Rosa Púrpura do Cairo. O que há em comum entre essas duas e a fita atual é que Allen valoriza, com mesma intensidade, os personagens principais do filme assim como o cenário onde ele se desenrola. Paris, a cidade luz, é filmada com toda exuberância e beleza, assim como o diretor fez com boa parte dos longas rodados em sua amada Nova York.

Paris é uma personagem que dialoga febrilmente com os atores do filme. Aquele que foi e permanece como um dos centros culturais mais efervescentes do planeta é um sedutor pano de fundo e leit motiv da inteligente trama, uma deliciosa e fantástica comédia. No roteiro, Allen se aproxima de filmes como A Rosa Púrpura e Simplesmente Alice(1990), nos quais os condutores da história misturam magicamente o real à fantasia. Nela, Gil (Owen Wilson, de Marley e Eu e Uma Noite no Museu) é um roteirista de Hollywood de passagem em Paris com sua noiva Inez(Rachel Adams, de Te Amarei para Sempre e Sherlock Holmes, numa interpretação burocrática) prestes a casar. Alimenta ali dois sonhos, um possível, o de escrever um romance sério, em contraponto aos seus roteiros risíveis, e outro utópico, o de reviver pessoalmente um dos auges da cena cultural parisiense, os anos 20 do século XX. Por um desses gatilhos sem explicação, e nem precisamos dela, ele, perdido na cidade à meia noite, pega uma carona num velho Peugeot e vai parar numa festa de arromba na década na qual sempre quis viver.

As viagens de Gil ao século passado são os pontos altos do filme. Allen aproveita para resgatar alguns de seus maiores ídolos. E aqui o telespectador tem que ficar bem atento e esperto para não perder todas as referências históricas e, especialmente, as sutis piadas que gravitam em torno dos personagens ilustres. O escritor entra em contato com seus maiores mestres, ninguém menos que os romancistas norte-americanos Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, representantes da literatura moderna norte-americana, e dos poetas T.S Eliot e Gertrud Stein, esta responsável na trama por avaliar criticamente o livro com o qual Gil pretende debutar no mercado. E a plêiade não para por aqui, o roteirista dá de cara espantado com pintores do naipe de Pablo Picasso, de quem quase rouba a amante Adriana(Marion Cottilard, de Piaf e Contágio, em atuação digna de nota, talvez a melhor do filme), Manet, Degas, Toulosse-Lautrec, Gauguin. É impagável o encontro de Gil com Salvador Dali e os cineastas Luis Buñuel e Man Ray, numa conversa, claro, surreal e divertida. Dali, egocêntrico, só fala, por exemplo, em rinocerontes, animal que fez parte de seu cardápio pictórico. Belíssima homenagem de Woody Allen a esses monstros da arte.

Nos encontros e diálogos do escritor com seus ídolos não há condescendência, obviedades ou discrepâncias culturais entre passado e presente, entre amadores e profissionais. Inteligentes e ferinos, como nos melhores textos de Allen, o tête-à-tête de Gil com aqueles geniais artista é nivelado por cima, bem humorado e surpreendente. A visão da louca Zelda Fitzgerald, esposa de Scott, de um compulsivo Picasso e de um estranhíssimo e lacônico Man Ray, só como exemplo, contribui para enriquecer o imaginário coletivo em torno desses inquietos mestres. O diretor faz assim um divertido inventário daqueles que admira usando como alterego um jovem escritor, vivido com correção por Owen Wilson, que repete trejeitos e a personalidade afobada e neurótica de antigos personagens vividos pelo próprio diretor. Gil é auto-referencial, o porta-voz de Allen fazendo muito bem, e com inspiração, aquilo que mais gosta: cinema inteligente para agradar antigos fãs e, de quebra, conquistar novas gerações.

Meia Noite em Paris pode não ser o melhor filme desse diretor veterano e prolixo, mas é com certeza um longa-metragem para se ver e rever com prazer. Uma pequena grande obra, concisa e perene. Um Allen à moda antiga.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Marquinho chiclete

Meu amigo Marquinho faz arte. Da melhor qualidade e com uma técnica fantástica, segundo ele muito usada em Nova York e Europa, de nome bonito e chamoso, acho que francês: giclê. Lembra chiclete e o fato é que a danada gruda mesmo. "Estou criando essas artes em grande escala e imprimo em Canvas (tela) num processo chamado Fine Art", disse ele ainda num textinho carinhoso de facebook que me abriu o dia e os olhos. Coisa de quem entende. Tudo muito chique e impactante, com muitas referências cotidianas e culturais. E Marquinho generosamente as tem. Cabra bom de direção de vídeo, computação gráfica e pincel. Em minha amadora análise, vejo na sua fina arte reflexos da pop art de Andy Wahrol e Roy Lichtenstein, Mas, prefiro não analisar muito. Melhor é cair de cabeça na beleza e vibração de sua obra moderna e urbana.

Meu amigo Marquinho também tem blog. Gosto do blog dele, objetivo e direto. Nele, de cara limpa, a arte diz tudo, fala alto e faz refletir. Lá está o "homem sentado", de barbicha a la bode orelana, fitando o passarinho preso na gaiola, na mira do garoto armado, na mira da televisão e da mosca flutuante. Tá também a moça bonita e serena ao som de uma música qualquer, à beira de uma velha máquina fotográfica, prontinha pra voar. Marquinhos é danado mesmo. E não vou descrever o que mais o blog tem pra que você já curioso vá lá e veja tudo ao vivo, em carne e cores. E esse meu amigo avisa que faz trabalhos encomendados com uma foto sua em boa definição. Fez isso com o ótimo Seu Jorge. O resultado é de babar. Olhe aí embaixo. Bom chega de papo e acesse agora o blog do cara. Recomendadíssimo.Vá lá: http://marcosfariamiguel.blogspot.com/p/foto.html.

Cotação: 5

Seu Jorge nas ondas de seu Marquinho:









Marquinho posando de ator em um VT de 2006. Ele é o adorável bêbado:

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Reciclagem de luxo

Mal se passou um ano depois do lançamento de um dos melhores discos brasileiros do ano passado e olha eles de volta. Tudo bem que retornam num projeto sem ares de novidade e lambendo a poderosa cria que agradou a crítica e arrebanhou uma batelada de fãs. Mas, é sempre bom ouvir novas versões de composições inventivas num formato lúdico e completamente despretensioso. Estou falando da banda gaúcha Apanhador Só, que, vergonhosamente, não ganhou espaço merecido entre as resenhas que escrevi na época, mas que pelo menos entrou na lista dos discos nacionais realmente tops de 2010. Aproveito agora para me redimir comentando o divertido Acústico Sucateiro(2011), álbum que traz a reconstrução de nove músicas do debut do grupo e mais uma inédita. O quarteto de Porto Alegre segue a linha criativa dos mineiros do Pato Fu no muito bom Música de Brinquedo(2010) e se utiliza de instrumentos feitos pra crianças e muita, mais muita bugiganga e inimagináveis objetos caseiros para gravar, em ritmo de confraternização, um CD admirável.

Veja o clipe de “Prédio”:



Acústico Sucateiro impressiona primeiramente porque é um trabalho apurado de produção em cima de uma proposta com cara e levada de brincadeira. E das mais divertidas. É possível sentir nas entrelinhas e vinhetas e conversas entre uma música e outra a despretensão do grupo em recriar as músicas do seu primeiro disco. O refinamento veio palpável com a pós-produção, que nem de longe, mascara a leveza desse belo produto. E surpreende também porque, mesmo sem o peso dos instrumentos e de arranjos mais elaborados, as músicas mantêm o carisma que conquistou tanta gente em 2010. Ou seja, não há aqui douração de pílula, gatilhos ou efeitos especiais tão comuns hoje em dia na gravação de discos, mas sim uma oferta sincera do que poderíamos chamar do Produto Interno Bruto dessa moçada do Rio Grande do Sul. E é por aí, acho: o impacto do trabalho vem das boas harmonias, belas melodias e alguns achados poéticos que fazem da curta obra do Apanhador Só uma das boas revelações musicais dos últimos anos. E tudo isso, diga-se de passagem, injetado de simplicidade e muita objetividade, talvez o pulo do gato de Alexandre Kumpinski(voz e guitarra), Felipe Zancanaro(guitarra), Fernão Agra(baixo) e Martin Estevez(bateria).

A reciclagem desse Acústico Sucateiro se sustenta assim na força das canções, mas também na curiosidade provocada pela “instrumentação” utilizada nessa vigorosa brincadeira. O quarteto gaúcho muniu-se de gaiolas, facas, conduítes, latas, panelas, aro de bicicleta, piano e violão de brinquedo, aqueles baratinhos mesmo, entre outras esquisitices, para impor uma sonoridade completamente desapegada na reinvenção das músicas gravadas anteriormente. A banda não buscou a fidelidade com o registro original nessa verdadeira festa entre amigos. E as comparações entre uma e outra versão são, obviamente, inevitáveis. Se no primeiro trabalho, que leva o nome da banda, os arranjos apóiam-se num instrumental cheio, em uma trama sonora bem engendrada na qual a guitarra se sobrepõe e empresta um ar mais rocker ao trabalho, no segundo, o que vale é a experimentação e o predomínio da poesia. Explico: o som minimalista e econômico das sucatas e brinquedos utilizados trouxeram à tona, realçaram a força e a beleza das melodias e letras criadas pela banda.

Ouça a linda "Nescafé":



Ainda prefiro o álbum lançado o ano passado, porque, mais inteiro, alternava zonas de tensão a momentos de leveza trabalhados com invejável equilíbrio nos arranjos inteligentes. Mas, é muito legal ver o talento de o Apanhador Só rebatizado em versões cujo grande mérito é a tentativa de serem diferentes, de causarem novas impressões. Não há preguiça na brincadeira proposta pelo grupo, e sim uma energia vital das releituras que dá frescor à obra. A ótima, e uma de minhas preferidas, “Baião de Vira Mundo”, por exemplo, que tem no álbum de estréia um apaixonado sotaque argentino, emprestado pelo tango que marca a harmonia, ganha tons regionais e vibração na percussão enxuta criada por tambores com batidas secas. E ganha também um andamento mais ligeiro, ao contrário da fantástica “Nescafé” que perde na claustrofobia incitada pela letra e muito bem aproveitada na primeira versão, mas mantém a dramaticidade e sua dolorida carga, aumentada pela ironia e artificialidade dos toques eletrônicos, de raladores e pianinho de brinquedo. Do mesmo jeito, “Jesus, o Padeiro e o Coveiro”, mais cadenciada, menos eletrônica, permite uma melhor leitura da poesia de viés concretista.

E, realmente, retirado um pouco o véu sobre as letras, podemos perceber melhor a sutileza e simplicidade das composições. Na já citada “Nescafé”, que meu amigo Thiago Vekanandry Bala de Icekiss acha de estrutura verbal surpreendentemente estranha, a explícita incomunicabilidade está exposta em signos fortes e cotidianos: “Eu cuspo Nescafé e você chora leite de manhã/Amarro o meu sapato e tu veste o sutiã”. Em “Prédio”, uma das criações mais poéticas do grupo, a acepção de nossas ilusões de óticas emocionais diante da vida: “Não é o prédio que tá caindo/São as nuvens que tão passando/Não sou eu que não tô sorrindo. É teu olho que, lacrimejando”. E na única inédita do disco, também de bela melodia, “Na Ponta dos Pés”, outra característica das canções do grupo, o texto direto e por isso, pegador: “Ei, você: você me deixa na ponta dos pés./E eu, que não sou besta, me estico todo e tento enxergar lá longe, onde tu costuma mirar./Lá longe, onde não consigo nem ver, mesmo que na ponta dos pés”. Acústico Sucateiro é reciclagem sábia que dá sustentabilidade aquilo que já vinha sendo usado e consumido por uma parcela de gente antenada com a boa música do Apanhador Só. Uma obra que apenas sublinha o talento de uma turma que merece ser ouvida. Diversão garantida e gratuita para quem acessar o site da banda: http://www.apanhadorso.com. Ah, e dá pra baixar também o primeiro álbum lá. Se aproxime. Caia nas graças desses gaúchos.

Cotação: 4

Outras formas de baixar Acústico Sucateiro:

http://www.4shared.com/file/9aJIe2Lw/DNA_Apanhador_S__2011_-_Acstic.html

ou

http://www.mediafire.com/?f7ppketb1b9g9df

sábado, 20 de agosto de 2011

Tomou todynho

Essa postagem bem que poderia ser uma continuação da anterior tantos os pontos coincidentes entre aquela boa banda e o projeto sobre o qual escrevo agora. Poderíamos apenas trocar os nomes dos personagens e um ou outro detalhe, mas a trama seria praticamente a mesma, como nos livros de espionagem de bolso que muito fizeram sucesso nos anos 80 nas bancas de revista. Assim como a britânica Metronomy, o cara por trás da norte-americana Memory Tapes demonstra uma nítida evolução e a necessidade de ampliar seu público com um trabalho mais coeso e chegado ao pop, nesse que é também o segundo registro fonográfico do projeto, Piano Player(2011). Estamos falando aqui de um homem que ajudou a cunhar o que seria mais um subgênero da música indie, uma tal de chillwave, que não é mais do que um som lo fi que se ampara na tecladeira(olha outra característica do Metronomy!). Mas, esqueçamos o rótulo e nos prendamos ao que mais vale a pena, a proposto musical e dançante do Memory Tapes que, se não chega a empolgar, pelo mas traz algumas boas idéias.

Assista ao clipe de "Yes, I Know":



Memory Tapes veio à luz publicamente quando lançou Seek Magic(2009), álbum que teve boa repercussão junto à crítica especializada. Era o projeto de um homem só, Dayve Hawk, em elocubrações, viagens umbigo adentro, diante de seu computador e as múltiplas possibilidades musicais e matemáticas que aquela maquininha infernal oferece. Hawk mostrou talento em construções harmônicas nas quais a eletrônica estava a serviço de viagens transcendentais e certa introspecção. Nada demais, contudo, como a ponta do iceberg, era possível vislumbrar potencial no cara de New Jersey tão cheio de boas intenções. Piano Player é como peças rearranjadas da obra anterior do músico, uma correção de rumo, na qual as melodias ficam mais evidentes, os arranjos melhor elaborados porque com alma mais coletiva e um espírito inapelavelmente pop. Memory Tapes, lembrando uma velha criação publicitária, “tomou todynho”, fortaleceu suas pretensões musicais e ganhou um frescor que elevou sua sonoridade alguns níveis acima da notada estréia.

Quem ouve a primeira música do disco, a calmíssima “Music in box(out)”, que, como diz o título, imita a caixinha de música, invadida aqui por uma sonoridade oriental, nem imagina o que vem a seguir. A programação musical de Hawk(o maluco aí da foto) ganha a partir da segunda música, a marca que estará presente em praticamente todo o repertório do álbum, um synth pop solar, feito para agradar aos mais turrões e mau humorados ouvintes. “Wait in the Dark” é “fofinha” com seu teclado e a bateria no tênue limite do brega que imperou na música eletrônica dos anos 80. O músico quase acerta no alvo com essa melodia de apelo popular mas que peca pelo arranjo repetitivo. Se redime logo depois com “Today is our Life”, primeiro single do disco e uma das melhores, que começa com percussão e teclado climáticos para cair no dance. Repare no refrão ganchudo, momento em que a guitarra aparece mais, equilibrando um pouco a supremacia do piano eletrônico. O tocador de piano, volta aliás, com gana e brilho na instrumental “Humming”, na qual o teclado ganha ares celestiais, barroco, para depois cair numa viagem mais experimental, deixando claro que o músico está entupido de referências sonoras, destiladas aqui sem parcimônia.

Ouça a instrumental "Humming":



Outra composição que merece destaque é “Sun Hit”, com solo inicial que lembra a oitentista The Cure em sua fase mais alegrinha. Com um coro mais lento e atmosférico e mudanças de andamento, estética que, com certeza, faz a cabeça de Dayve Hawk, é uma das mais bacanas do disco ao lado da balada “Yes, I Know”. Aqui, a bateria sincopada convida o teclado para uma contradança onírica, realçando a beleza e suavidade da melodia. Linda canção com vestígios da música folk para fazer os mais sensíveis, entre os quais me incluo, babarem. E o que é bom vai se escasseando. Um mergulho mais profundo em Piano Player termina com o incauto mergulhador batendo a cabeça em uma zona arenosa. As boas idéias se perdem no limbo do exercício eletrônico do one man band da Memory Tapes. Apesar de impor um ar orquestral a seus arranjos, a proeminência dos teclados começa a incomodar. A atonalidade de “Fell Thru Ice II” e sua apoteose instrumental e a dançante “Trance Sisters”, na qual o solo de teclado fala alto e cala a poesia da música, são exemplos, que se repetem em outros momentos, de que Hawk precisa de alguma impulsividade emocional em contraponto ao racionalismo de seu synth pop.

Player Piano, álbum que ganhou versão nacional graças ao esperto e antenado selo Vigilante, da Deck Discos, é um passo a frente do Memory Tapes. Um álbum mediano que não esconde, contudo, o potencial de um músico de incontestável talento, que sabe utilizar muito bem suas longas horas em frente ao computador. O cara afinou sua arte nesse segundo trabalho e tem tudo para aperfeiçoá-la, sem sombra de dúvida, ainda mais em sua próxima elocubração sonora. E aí quem sabe ele seja exato e definitivo como a bela ilustração da capa do disco, do designer japonês Kazuki Takamatsu, que esbanja sensualidade em suas criações de aspecto tridimensional em acrílico e guache que privilegiam diáfanas e esbeltas mulheres. Vale conhecer os dois, Hawk (http://www.myspace.com/memorytapes) e Takamatsu (http://kazukitakamatsu.web.fc2.com). O mundo cheio do talento dos artistas é bem mais bonito e vibrante.

Cotação: 3

Toque piano com Memory Tapes:

http://www.mediafire.com/?6d9fdx5qdm8li6s

Um pouquinho da grande arte de Kazuki Takamastsu:




terça-feira, 16 de agosto de 2011

Indefectível charme

Desde que me entendo por gente sempre ouvi falar que os ingleses eram um povo mal humorado e um tanto distanciado da alma matreira e desavergonhada dos habitantes do terceiro mundo, daquelas novas e imberbes nações com pouco mais de 500 anos. Educados por tradição, parecem andar sempre com o pé no freio, cinzentos como a famosa fog que se abate sobre a cosmopolita e sisuda Londres. Gente cool de piadas comedidas, comportamento contaminado pelo passado vitoriano, mas que, incitados, soltam os bichos de maneira rancorosa como na recente onda de saques que estremeceu a capital britânica. É, eles são sim capazes de baixarias espantosas ainda que raras e temporãs. “Esses insubmissos são estrangeiros”, diria o inglês castiço de cima de seu salto alto, livrando-se de uma impensável culpa. Contudo, o clima que impera é mesmo de uma cultivada elegância que transparece nos filmes, mesmo os que falam da classe operária, e na música. Essência de bandas noventistas como Faithless, Moloko, Morcheeba, Soul II Soul, M People e em representantes da nova geração, como o hypado Metronomy, que lançou, The English Riviera(2011), um dos discos indies mais comentados do ano.

Vídeovlipe oficial de The Look:



Vou na contra-corrente e ouso dizer que o que há por trás desse álbum do grupo britânico que gerou tantos comentários apaixonados e a simpatia da crítica especializada é exatamente essa sonoridade elegante e cheia de estilo. Como acontece com os conterrâneos citados no parágrafo anterior, Metronomy foi, diferentemente dessa vez, buscar na black music o suingue e o encantamento espiritual, misturados com inteligência à modernidade do synth pop, característica mais citada da banda, formada por Joseph Mount(voz e guitarra) Gbenga Adelekan(baixo e voz), Anna Prior(bateria e voz) e Oscar Cash(sax e teclados). Com um passo no passado e o outro no futuro, The English Riviera é um belo exemplo desse som pretenciosamente lo fi, mas com alguma levada dançante, dessas de deixar mais cool(olha a palavrinha de novo) as reuniões da galera mais antenada. Esse não é bem o Metronomy dos discos anteriores, o difícil Pip Paine(2006) e o mais condescendente Nights Out(2008), mas é uma clara e escancarada evolução.

Todo o passado musical de Joseph Mount, o cara(de barba e bigode na foto) por trás do Metronomy, esteve meio que ligado umbilicalmente a eletrônica. Seu atual grupo tentou se projetar com eletronices casadas a desvairios. Errou feio. Descobriu agora que uma dose de leveza e conteúdo pop apontavam o caminho certo. Graças a essa urgente mudança de rumo do grupo, chegou inesperadamente a ser indicado este ano para o maior prêmio da música britânica, o Mercury Prize. Algo digno de nota para uma banda que até bem pouco tempo rodava apenas nas vitrolinhas de gente metida a besta. E esse apelo mais popular, but not least, carregado de um indefectível charme, aliado a melodias e arranjos bem elaborados fazem do álbum uma agradável surpresa. Um som quase delicado que tenta não ser refém da eletrônica e que já se anuncia alto astral na primeira música, a instrumental “The English Riviera”, com pios de gaivotas e violinos suaves, canção primaveril que abre a sessão para as boas criações que vem a seguir.

Escute a ótima "Corinne":



Metronomy mostra todo seu poderio sonoro a partir de “We Broke Free”, com o baixo climático de Adelekan puxando uma das melhores melodias do álbum. Aqui, já podemos sentir o suingue, elegância e delicadeza dessa hipnótica composição, temperos que irão se repetir em vários momentos do CD. Como na sensibilidade soul da bela e sensual “Trouble”, que lembra o estilo introspectivo dos conterrâneos do Style Council, ou ainda na cadenciada “Some Written”, uma new bossa marcada pela percussão, incluindo aqui uma cuíca meio que perdida na assepsia refinada da canção. Nesse grupo das músicas delicadas está ainda a ótima “Everything Goes My Way”, na qual se sobressai a voz da baterista Anna Pryor, acompanhada de Joseph Mount, e uma guitarra pra lá de doce e muito bem executada.

O lado “B” do disco, aquele mais agitado, se é que podemos classificar assim, traz as composições com um acento mais eletrônico. Os sintetizadores mostram-se aqui evidentes, definidores, sem, porém, se tornarem a tônica desse delicioso disco. Em raros momentos, os teclados revelam-se superlativos, soterrando a melodia, como na chatinha e monocórdica “Love Underline”, um deslize que logo é superado por canções que grudam no ouvido e provocam um up grade em nossos sentidos. É o caso da kraftwerkiana “The Bay”, com seu provocante refrão, e da despudorada “The Look”, com seu jeitão oitentista, uma leviana candidata para pistas de danças naquele instante pré-arrastão. E tem ainda, fora dos dois contextos citados até aqui, a bacanéssima “Corinne”, com uma pegada mais rock and roll e sua guitarrinha suja dialogando com jeito e ternura com o sintetizador. Sem dúvida uma das melhores de um álbum que veio se chegando assim meio sem querer e acabou se tornando uma obra de indiscutível valor, dessas de figurar na lista das melhores do ano. Anote esse nome: Metronomy. E quem estiver por São Paulo no dia 31 deste mês de agosto com grana no bolso, veja a banda ao vivo no festival Popload Gig, no Beco 203 pros lados da Augusta. Vá, com certeza vai valer a pena.

Cotação: 4

Conecte-se com os britânicos:

http://www.mediafire.com/?aaqybrkdj1xyrfy

ou:

http://www26.zippyshare.com/v/84710920/file.html

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Homem com "H"

Era uma figura gigante no palco, cara pintada, seminu, como um fauno, um exu, exuberante exu, destilando energia, inventando trejeitos. Contorcionista, exercitava as possibilidades infindáveis do corpo magro. Os outros dois ao seu lado, também vestidos estramboticamente, pareciam meros figurantes, molduras para a arte provocadora do astro principal. Era fevereiro de 1974. Um maracanãzinho lotado assistia extasiado ao espetáculo, trinta mil pessoas surfando no sucesso de “O Vira”, canção afoita que misturava um velho ritmo folclore português ao rock e a uma letra cheia de fantasia e figuras assombrosas. As crianças adoravam. Eu, no meio de meus sete irmãos, grudado na TV preto e branco assistia fascinado aquilo tudo. Nas linhas mal resolvidas da telinha, que nem sonhava em ser HD, um grupo revolucionava a seu jeito a música careta brasileira. “O Vira”, a mais bobinha das músicas do álbum que vendeu milhões de cópias, nem de longe representava o vigor da obra de Secos e Molhados, que não resistiu, com sua formação original, a dois discos, mas deixou magicamente para o Brasil aquele cara de corpo franzino, elétrico. Ney Matogrosso completa 70 anos esta semana e, em todas essas décadas, manteve-se o brilho de alguém que desafiou comportamentos, cantou a MPB como ninguém e foi sempre fiel ao bom gosto.

Ney cantando “Rosa de Hiroxima”, no antológico show do Maracanãzinho:



Aos 70, Ney é nossa Madonna, resistindo orgulhoso e incólume, como um alquimista, às mazelas do tempo que tudo erode. Em sete dignas décadas, foi mudando devargarzinho ao sabor de sua inquieta e inventiva personalidade. O cara tinha como prática comum surpreender o atônito público. Na época da televisão preto e branco, colorizada na periferia por uma película colorida grudada ao vidro, Ney surpreendia com seu corpo atlético, em uma coreografia só sua, homem elástico que era, e um figurino mínimo, minimalista, mas abrangente em sua tradução cultural. Cocares, queixadas, máscaras platinadas, penas de pavão, tudo se enquadrando no rosto fino do artista, tapa sexo, bugigangas, pulseiras e tornozeleiras extravagantes,tudo se equilibrava elegante, sobrevivendo à dança frenética, aos rodopios, pulos, braços que giravam ininterruptos em todas as direções. E eu conseguia ver tudo colorido em minha descolorida TV de baixa, rasteira definição, querendo entender que figura era aquela, tão diferente de tudo que vira até então. Na época da televisão colorida, Ney foi perdendo as cores e encarnou um certo tipo, um cara sóbrio, sem pintura no rosto, mas sem perder a ternura jamais nem o rebolado, cantando como ninguém pérolas do MPB com sua voz única, inconfundível, perene.

O cantor ao lado do grande Raphael Rabello em “Negue”:



Ney resistiu ao tempo como resistia aos achincalhes dos militares que tentaram proibi-lo de aparecer em público daquele seu jeito econômico, estilo hai-kai, de se vestir. Enfrentou homofóbicos e outras espécimes burras de preconceituosos assumindo sua natural bissexualidade. Transou com mulheres. Transou com homens fascinantes, como Cazuza. Transou com a liberdade. Transou corajosamente com a vida, expondo sua sexualidade numa época em que os tabus, mais do que hoje, eram monstros a assustar os moralistas enfileirados atrás de carapaças quase intransponíveis. Falsa moral tão bem revelada nos textos ferozes de Nélson Rodrigues. Provocava os carrancudos conservadores algumas vezes com jogadas de marketing geniais e divertidas, como quando resgatou “Homem com H”, de Antônio Barros, um forró do cancioneiro popular em que assumia uma irônica masculinidade: “Com H sou muito homem”, dizia a letra. Ou quando, vestido com paletó branco e elegância sem par, seduzia homens e mulheres, sem distinção: “Me diz que sou seu tipo”, sussurrava entre uma e outra reboladinha sensual. Tipo homem da melhor estirpe, pleno de cidadania e boas intenções, daqueles que fazem o mundo melhor.

Veja vídeo num show mais recente de Ney cantando “Homem com H”:



Aos 70 anos muito bem vividos, Ney não precisa provar mais nada, nem brigar com os moralistas de plantão, já que escancarou com sua arte as portas para que os mais novos sigam com a batalha, munidos de muita argumentação e um exemplo magnífico. Aos 70, muito bem cuidados, o cara continua fazendo álbuns prenhes de beleza que marcaram uma vasta discografia de 31 discos, contando só a sua fase solo. Como, só para citar alguns, Pescador de Pérolas (1986), À Flor da Pele(1990), Olhos de Farol(1999), Vagabundo(2004), Canto em Qualquer Canto(2005) e o recente Beijo Bandido(2009). Ney manda bem com sua invejável juventude e uma fórmula sábia de encarar o mundo. Aos 70, muito bem engendrados, fica a certeza de que mais 70 não lhe fariam mal. Se se fizesse uma improvável justiça divina , só faria bem, com toda certeza, a todos nós. Parabéns, Ney. E para finalizar, fica um bela poesia, que traduz um pouco a alma generosa desse baita artista: “Se canto sou ave, se choro sou homem. Se planto me basto, valho mais que dois. Quando a água corre, a vida multiplica. O que ninguém explica é o que vem depois”.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Brincando no campo dos Kaisers

A proposta era divertida e marcava um diferencial entre aquelas bandas que tentavam colocar o ingovernável império da internet a seu favor. Como o grupo inglês Radiohead fez há quatro anos, os conterrâneos do Kaiser Chiefs resolveu disponibilizar na rede suas músicas mais recentes para que os interessados pudessem comprar de um jeito maleável. E escolheu uma forma bem diferente e lúdica para isso. Os malucos da banda ofereceram nada mais nada menos que 20 composições para que cada um dos internautas montasse seu próprio disco, com 10 faixas. E ainda, vejam só, poderia vender a sua própria versão e faturar algum trocado. Tava tudo lá, explicadinho, programinha no jeito, no site do grupo, www.kaiserchiefs.co.uk . O grande azar de toda essa história é que o festivo marketing acabou revelando uma fragilidade percebida por todos que tentaram se refestelar com tanta generosidade: nem tudo naquele banquete oferecido pelos britânicos cheirava bem. Três anos depois de terem lançado o quase leviano Off Their Heads(2008), o Kaiser Chiefs não estava, de acordo com o sentimento da crítica, muito preparado para tamanho carnaval.

Relembre “I Predict a Riot”, do ótimo Employment:



Antes de comentar o marketing e enveredar pela vasta trilha sonora apresentada em The Future is Medieval(2011), título do disco em questão, vamos remontar um pouco ao passado. Quando o futuro não parecia tão medieval assim, o Kaiser Chiefs surpreendeu a crítica e os ouvintes com um álbum que já nascia clássico. Employment(2005) tinha um vigor rocker desses de deixar os amantes do gênero catando estrelas. E, como sempre acontece com a imprensa entusiasta, a banda foi aplaudida, incensada, devido, principalmente, a músicas sensacionais como “I Predict a Riot” e “Everyday I Love You Less and Less”. O disco seguinte Yours Truly, Angry Mob(2007) não repetiu a magia do anterior, apesar de “Ruby”, a única música de sucesso do trabalho, ter sido uma arrasa quarteirão. Off Their Heads, o terceiro, na minha visão, não disse muito a que veio. E aí, os Kaisers passaram a dever uma obra que apagasse todo o passado de incertezas e dúvidas. O grupo se organizou por três anos, criou 20 canções para que chegasse ao álbum ideal. Não acertou, infelizmente o alvo, e parte da crítica vociferante caiu de pau. “Bons de marketing, ruins de música” era o tom de quase todas as resenhas maldosas, das bem escritas às escalafobéticas. Mas, nem só de rainha vermelha vive o reino de Alice.

Veja o vídeo da animada “Little Shocks”:



The Future is Medieval pode ser montado, sim, agradavelmente, com um mínimo de consistência e, vá lá, decência. Basta ter um pouco de boa vontade e alguma imaginação. Tudo bem que as vinte composições oferecidas para a dezena definitiva não apresentam uma unidade e algumas realmente poderiam fazer parte daquelas coletâneas “lados B esquecidos” das bandas. E nem trazem a afiação e brilho que o Kaiser Chiefs mostrou nos dois primeiros trabalhos. É fácil pinçar músicas completamente descartáveis, como “Problem Solved”, um rock com cara dos anos 80 bem mal resolvido, “Saying Something”, inspirada como um adolescente imberbe diante de uma equação de segundo grau, ou “Things Change”, uma tentativa vã de fazer algo parecido com o Bowie da fase mais eletrônica. Erram também na falsa candura de “Coming Up for Air”, com seu teclado e coro açucarado, apesar do bom arranjo cheio de vozes e barulhinhos inesperados. “Heard it Break”, um eletrorock pouco inspirado e sem vergonha bem que poderia ficar por sua vez no limbo das canções que nunca deveriam chegar à luz de nossos ouvidos.

Ouça a balada “If You Will Have Me”:



Mas é possível enxergar dignidade em um punhado de composições. E aqui, começo a construir meu próprio e humilde track list de The Future is Medieval. “Back in December” pende para o soturno e surpreende com seu ritmo cadenciado e refrão bem construído. Reparem na guitarra ferina e nos bons vocais. “Can’t Mind my Own Business” é a música oitentista mais redondinha do disco e uma de minhas preferidas, outra com melodia cheia e lampejos do Kaiser Chiefs que conhecemos, com direito à guitarrada mais solta e marcante. “Child of the Jago” traz um bom riff de guitarra iniciando uma canção lenta e minimalista, com lindo solo de guitarra. “Cousin in the Bronx” é uma sinfonia urbana com muito barulho de transito, buzinas, uma bela tradução musical da loucura de um bairro cosmopolita. Trilha inspirada para cidades cinzentas. Chega a ser quase um apêndice dentro do conjunto da obra. Tanto quanto a agitada “Dead or in the serious trouble”, tão cheia de pompa e arroubos com seu teclado urgente e característico dos anos 70 que me lembrou os momentos mais trepidantes de “Tommy”, a opera rock composta por Roger Daltrey e The Who.

Não perca as contas. Devo mais cinco entre as quinze restantes compostas pelos britânicos. “I Dare You” tem melodia convincente, talvez uma das mais inteligentes do disco, e baixo e guitarra trabalhando verdadeiramente em equipe. “Little Shocks", com ar deja vu e alguma agressividade, casa eletrônica e rock resultando em um final feliz. “Long Way for Celebrating”, que também está entre as minhas preferidas, é a mais roqueira da lista. O refrão é irresistivelmente dançante. Uma verdadeira celebração. Deixo para o fim duas baladinhas, boazinhas para encantar aqueles anjos que teimam em não dormir, vigias incansáveis dos roqueiros boêmios. “When All is Quiet” é preciosa em sua simplicidade, pequena gema lapidada com gosto pela banda. A segunda é “If You Will Have Me”, que vai na mesma linda da anterior, um lamento amoroso de arrepiar embalada por lindo arranjo de cordas. Taí, no final das contas, o meu “The Future is Medieval”, que não traz um Kaiser Chiefs intenso e iluminado, mas que funciona como um afago de um grupo que ainda fica devendo aos fãs um trabalho de peso. Ah, essa aí em cima é a capa que escolhi entre as opções propostas no site dos britânicos(veja as outras possibilidades mais embaixo). E aqui a versão que os Kaisers apontaram como a deles, ou seja, o álbum em sua versão oficial, que conta espertamente com três músicas a mais:

01. Little Shocks
02. Things Change
03. Long Way From Celebrating
04. Starts With Nothing
05. Out Of Focus
06. Dead Or In Serious Trouble
07. When All Is Quiet
08. Kinda Girl You Are
09. Man On Mars
10. Child Of The Jago
11. Heard It Break
12. Coming Up For Air
13. If You Will Have Me

Cotação: 3

Se link com o disco:

http://www.filesonic.com/file/1415236351/www.NewAlbumReleases.net_Kaiser%20Chiefs%20-%20The%20Future%20is%20Medieval%20%282011%29.rar

ou:

http://www.mediafire.com/?r2vvkcsh6y06m13

Outras opções de capa para The Future is Medieval: