terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Santo Klaus

De quando em vez a gente se depara com algumas gratas surpresas no fértil terreno da MPB. É o caso do, até então para mim desconhecido, pernambucano Kiko Klaus. O artista lançou recentemente o superinteressante O Vivido e o Inventado(2008), um álbum mestiço onde mistura inteligentemente influências regionais e o que ele aprendeu em suas andanças pelo mundo.

O Vivido e o Inventado é daqueles trabalhos passionais e generosos no qual percebe-se claramente a entrega do seu autor. Dessa superexposição é possível ver o quanto a Espanha, onde Klaus tocou com vários artistas, deixou um lastro em sua produção. Os acordes flamencos aparecem na bela “A Hora”, com traços marcantes do maracatu de sua terra natal e uma temperatura emotiva que lembra “Corsário Negro”(Aldir Blanc/João Bosco), com sua poesia rasgada.

Diverso, o álbum se ampara ainda nos ritmos da infância de Klaus, como na ciranda “A Caminho do Mar”, com letra lúdica e intensa, onde há espaço, sem exageros, para barulhinhos eletrônicos que tornam a música ainda mais atraente. O Nordeste se faz presente ainda na linda “Varanda”, um reggae-sertão com doce infusão de sonoridades típicas daquela região pero sem perder a modernidade.

Guloso, Kiko Klaus, cujo timbre de voz é uma mistura de Gonzaguinha com Zeca Baleiro, vai ainda, sem escorregar, de trip hop, na atonal “Altar”, que lá pelo meio descamba para atabaques de candomblé mantendo a bela estranheza. E encanta com sambinhas de boas lavras, como o “Samba Chora”, com arranjo bacanérimo, e “Caminhão”, uma das melhores do disco. Enfim, um novo nome chega para marcar tento na MPB. Um gol de placa de Klaus, que sugere aos bons ouvintes acompanhar com atenção a carreira desse pernambucano.

Se ligue:

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Cotação: 4