segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Faltando um pedaço

Sabe quando um disco começa e termina bem, mas o miolo é cheio de altos e baixos e recheado de inconsistência. Pois é, essa foi a minha sensação depois de ouvir algumas vezes A Brief History of Love(2009), o álbum de estréia do The Big Pink, uma das bandas londrinas mais comentadas e elogiadas pela crítica da Inglaterra este ano. Uma aposta, aliás, do bacanudo selo 4AD. Mas, essa coisa de hype, de banda da moda, é mesmo um saco. Você, de tanto ouvir falar, acaba querendo entender, mesmo desconfiado, o porque do falatório. Acaba criando uma expectativa e quando ouve, em muitos casos, como esse, fica com aquele gosto travado na boca, sentimento de meio gozo, de incompleitude.

The Big Pink é um duo vindo da capital inglesa formado pelo vocalista Robbie Furze e pelo tecladista Milo Cordell. Fazem, para alguns comentaristas, um misto de shoegaze com noise industrial. Acho a classificação chula e imprecisa. Para mim, os dois tentam algo na linha do rock industrial, com influências do indie rock dos anos 90, sem focar num gênero específico. Tentam assim algo novo? Não, são simplesmente confusos. Falta equilíbrio e o que se vê são dois caras perdidos entre fazer um pop mais acessível e um som pretensiosamente cabeça, com excesso de microfonia e programação eletrônica barulhenta.

A Brief History of Love é um disco meia boca. Ele até começa bem com a bacana “Crystal Visions”, com um bom refrão e mudança empolgante no andamento da música, saindo do arranjo contemplativo e minimalista para um noise amparada principalmente na guitarra. Já na música seguinte, começa a se desenhar a frustração com uma cansativa carga de distorção que fazem de “Too Young to Love” uma música calculadamente cerebral e moderna. Não pega. Tentam novamente o mesmo caminho em outras composições como a instável “Velvet” e a sem graça e melosa “Golden Pendulum”, que jogam o disco para baixo.

Talvez o que o duo gostaria mesmo era de ser mais popezinhos e diretos(assim como suas letras românticas), sem frescuras na onipresente programação eletrônica. É o que demonstram nas mais degustáveis e sinceras, "Dominos", de melodia fácil, assobiável e que até se aproxima do shoegaze e as mais dançantes “Frisk”, com Robbie Furze cantando num estilo meio rapper, e o eletrorock “Tonight”, feito claramente para as pistas. A última canção do CD, a balada “Count Backwards from Ten”, deixa claro ainda que Furze e Cordell podem criar melodias poderosas, fechando o disco com a esperança de que o próximo trabalho seja mais contundente e corresponda a todo o barulho que fizeram em torno deles.

Por enquanto, o que temos é uma banda mediana, ajudada por uma ótima produção (repare na mixagem e limpeza do som, apesar do noise e suas guitarra e tecladeira sujas), tentando entrar para o hall da fama pela porta da frente. Deram de cara, a meu ver, apenas com a porta dos fundos. Talvez A Brief History of Love apareça em alguma das listas de melhores do ano. De antemão, devo torcer o nariz, mas vou receber o próximo trabalho da dupla de coração aberto, esperando o convencimento. Adoraria, com toda sinceridade, que isso acontecesse, Afinal, som bom é sempre bem vindo.

Cotação: 3

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