sexta-feira, 23 de maio de 2008

Sem Hoon, mas com rumo

Quando eu soube da volta do Blind Melon, banda californiana responsável por dois grandes discos em meados da década passada, fiquei temeroso. Pensei de cara em como o grupo voltaria depois da morte do vocalista Shanoon Hoon, vítima de overdose de cocaína depois da gravação do segundo trabalho da banda, o ótimo Soup(1995). Tudo bem que os bons guitarristas Christopher Thorn e Rogers Stevens, o batera Glen Graham e o baixista Brad Smith estavam aí para responder pelo retorno treze anos depois da separação.A novidade era o vocalista Travis Warren, que também toca violão.

Conecei a ouvir o disco For my Friends(2008) e as duas primeiras músicas só frustraram minhas expectativas de um trabalho que pudesse lembrar ao menos de longe uma das boas bandas da década de 90. Estava claro, já nos primeiros acordes de “Wishing Well” a intenção do grupo de tentar continuar onde parou. Mas, o vocal de Warren pendulando entre o registro suave e o mais rouco, lembrando às vezes um Perry Farrel, do Jane’s Addiction, dopado, nos faz ter saudade de Hoon do primeiro disco (“Blind Mllon, de 1992, que reouvi saudoso esses dias), antes dele se entupir de drogas.

Mas, como a esperança é a última que morre, segui ouvindo For my Friends. E, para minha grata surpresa, a banda mostrou vigor e inspiração inesperadamente nas músicas mais lentas, na contradança dos discos básicos da galera que apostavam num rockão mais pesado e sem firulas na linha de Grateful Dead. Do meio para diante, a bela “Last Laugh”, com bons solos de guitarras, e as excelentes “Tumblin Down”, com um diálogo entre teclado e guitarras bem legal, e “Sometimes”, com refrão matador, valem o disco.

Ah, observem como o álbum abre espaço generoso para as guitarras, característica indelével da banda. Sem mais delongas, vá:

http://rapidshare.com/files/94736408/M_FxF.rar

ou

http://upload.com.ua/get/900198855/

Cotação: 3

Cabeçudos desafiadores

Nossos pobres ouvidos não estão muito acostumados a experimentações sonoras. Esse universo musical, infelizmente, fica restrito a um público que tem uma bagagem que passa, só como exemplos, pela erudição de Bach e Bruckner e a modernidade de Bartok e John Cage. Os europeus, com sua milenar história, não estranham os exercícios pouco convencionais que alguns grupos do post-rock(expressão ussada para tudo que se faz de esquisito nessa área) realizam.

Uma banda emblemática desse segmento é a dinamarquesa Efterklang. Esse coletivo cabeçudo nascido criado em Copenhaguen, lançaram recentemente o álbum Parades(2007), o terceiro da carreira. É um trabalho denso, para ouvidos que gostam de um bom desafio. Ai você pensa: a tradução disso é mais um disco chato de doer. Na verdade, a audição desse trabalho depende de uma boa dose de paciência.

Com muita calma você poderá sentir a beleza de Parades. São onze canções etéreas, viajandonas, camerísticas. O coletivo está sempre acompanhado de instrumentos poucos usuais no mundo pop, como cello, trompete, violinos, tambores para criar uma cama sonora que ousa nas tonalidades e arranjos para chegara uma música espiritual, quase celestial. Para isso, se apóiam ainda em camadas de coros com vozes masculinas e femininas bem departamentalizadas e que fazem de músicas de nomes diferentes como “Frida Found a Friend”, “Him Poe Poe” e “Mimeo” pequenos pérolas.

Para começar de leve, vá primeiro de “Cutting Ice to Snow” e “Polygyne”. Músicas delicadas para se elevar.

Desafie-se:

http://www.zshare.net/download/3470643cb2f58c/

Cotação: 3