segunda-feira, 30 de junho de 2008

Pérola desconhecida

A música chamou a atenção de meu colega Makoto. Ele é meu companheiro de jornadas sonoras no trabalho. Involuntário, diga-se de passagem, mas sempre atento. E quase sempre discreto sobre o que ouço. Quase sempre também omisso nessas horas. Emite raríssimas opiniões. Mas, dessa vez, trinta minutos depois da música volutear pela sala, ele se pronunciou lacônico: “Muito doido esse som”.

Esse som “muito doido” era de um cara chamado John Matthias, um amigo britânico (acredito que essa seja a sua nacionalidade) de Thom Yorke, cabeça da banda Radiohead, com quem tocou em The Bends(1995). As 12 canções de Stories from the Watercooler(2008), contudo, nem são assim tão “doidas” como definiu meu caro Makoto. Mas que o cara sai um pouco do lugar comum, isso ninguém pode negar. Mas, não se assuste, isso nada tem a ver com a praia do experimentalismo.

Matthias é um representante do folk que não se apega exclusivamente ao violão acústico. Em seu terceiro álbum, há exemplos legítimos do que há de mais tradicional nessa escola, como na tocante “Open”, com direito inclusive a uma cândida flauta, e na bela e serena “It's Not”. Mas, onde o músico, de boa voz grave, impressiona mesmo é quando insere suaves programações eletrônicas que encorpam canções já melodicamente parrudas, como são os casos de “Police Car”, com um arranjo de instrumentos incidentais enraizado no contraponto e, principalmente, em “Blind Lead the Blinder”.

A mistura equilibrada se faz ainda presente em outros grandes achados, como “King of a Small Town”, cujo andamento lembra “Clint Eastwood”, do Gorillaz, um tom mais abaixo, ou na roqueira e raçuda “Spinnaker”. Depois de três discos lançados lá fora no mercado, com esse grande Stories from the Watercooler, tá na hora de Matthias aparecer definitivamente para o mundo.

Veja se você concorda comigo:


ou

também:

por fim:

Cotação: 4