segunda-feira, 26 de maio de 2008

No meio do caminho

Eles já foram anunciados como a promessa britânica de 2007 pelos críticos musicais da ilha. Com o álbum Wait for Me apenas bateram no travessão, mas demonstraram um frescor, na linha de Franz Ferdinand, Strokes e Kaiser Chiefs, que fizeram com que conquistassem muitos fãs no velho continente. Do lado de cá, neste terceiro mundim, o debut da banda The Pigeon Detectives também me impressionou.

Faltava o famoso segundo álbum para confirmarem o talento. Mas, Emergency(2008), com lançamento mundial marcado para este 26 de maio de 2008, não veio com o gás ensaiado por esses ingleses aloprados em sua estréia. Uma pena. Mas, mesmo assim não é um álbum de se jogar fora. Há boas idéias e uma jovialidade que valem ser citadas.

Mais bem produzido que o primeiro trabalho da turma, Emergency até que abre empolgante. “This is an Emergency” traz guitarras vibrantes e andamento que faz os pezinhos baterem irrrequietos no chão. Strokeniana e boa de pista, a segunda música, “I’m Not Gonna Take This” parece anunciar um disco coeso e matador.

Contudo, a alegria e eletricidade se perde entre uma ou outra balada sem graça, como é o caso de “Nothing to Do with Tou”. O bom pique e inspiração retornam mais tarde com "Love you for a Day(Hate you for a Week)", uma das melhores do discos. A sensação final, contudo, é que sem os brilhos dos congêneres citados no primeiro parágrafo, os “pombos detetives” precisam abrir mais as asas para alçar um vôo realmente convincente.

Dito isso, experimente:

http://rapidshare.com/files/115370657/Tpd.E.SG.rar

Cotação: 3

Discurso afiado

Sempre admirei André Abujamra. Principalmente porque há nele uma grandeza de coração e princípios traduzidos, em sua música, no desejo de ver um mundo sem preconceitos e mais tolerante. A universalidade e a defesa de um mundo solidário, de pessoas que se entendam como irmãos, independentemente de cor, língua e religiões, estão presentes em seus trabalhos desde o tempo do saudoso Karnak, banda emblemática e que marcou o circuito alternativo na década passada.

Depois do fim do Karnak, Abujamra lançou o ótimo O Infinito de Pé(2004) e agora, de forma independente, um álbum de nome esquisito: Retransformafrikando(2008). Neste último, ele carrega as mesmas preocupações éticas e estéticas. Estão aqui o bom humor de sempre e o texto direto, como em “Pangea”, em que ele lembra, para expurgar as diferenças, que a terra era um grande continente colado : “Angola, Senegal, coladinho no Candeal”, brinca. África em nós retransformada.

No álbum, Abujamra continua buscando referências da música do planeta. Há sons indianos, como na provocativa “Melhor é Menor”; há tambores e vozes africanas que remetem ao grupo vocal Ladysmith Black Mambazo, que Paul Simon fez conhecido em todo planeta no disco Graceland. Enfim, uma miscigenação muito própria de estilos, culturas e homenagens como em “Babaloo”, na qual cita o hit da nossa Ângela Maria, que torna o trabalho uma salada sensorial.

Homem do Brasil. Homem do mundo. Esse é Abujamra. E se Retransformafrikando não tem o vigor de seu álbum solo anterior, ainda assim é uma obra para se ouvir com atenção. Afinal, pode ter certeza, com aquele bom paulista você sempre aprende algo.

Retransformafrique-se:

http://rapidshare.com/files/100548492/Retransformafrikando.rar

Cotação: 3