quarta-feira, 28 de maio de 2008

Rock como prato principal

Muita gente torceu o nariz para este Momofuku(2008), o novo álbum de Elvis Costello, acompanhado dos bons companheiros da excelente banda de apoio The Imposters. Tudo porque ele se desviou daquela linha mais clean e intelectual que marcaram alguns álbuns de sua versátil carreira: coisas do tipo gravar canções eruditas com o camerístico The Brodsky Quartet(The Juliet Letters - 1993), com o romântico maestro Burt Bacharach (Painted from Memory - 1998) ou, mais recentemente com o pianista e compositor Allen Toussaint(The River in Reverse - 2006). Tudo bem que todos esses são ótimos álbuns, mas eu já estava com saudade dos tempos de Costello mais rocker e raivoso dos bem legais My Aim is True(1977) e This Year’s Model (1978).

E rock and roll é o suculento prato principal de Momofuku. O rock de arena “Go Away” é descaradamente básico, com tecladinho à la anos 70 e guitarra pulsante. E o bom e velho ritmo continua comendo solto na primeira parte do álbum com a animada “No Hiding Place” e a excelente “American Gangster Time”, com instrumental despachado e vibrante. Mais adiante, Costello ataca com um som mais pesado na fantástica “Stela Hurt”, um dos pontos altos do trabalho. Mas, para quem prefere o cantor da fase mais cool, ele adoça os ouvidos com a linda "Flutter and Wow", a jazzística "Mr. Feathers" e a balada sensual "Harry Worth".

Pena que Costello não chutou o balde de vez atacando somente com seu rock matreiro e disfarçadamente despretensioso. Mas, essa cafungada no passado já faz desse um disco raro, delicioso e potente. Elvis é f...

Tente:

http://www.mediafire.com/?0j3jgwrjhum

Cotação: 4

Caminho torto

É sempre bom se deparar com bandas que buscam um caminho diferente para o rock'n roll. Os norte-americanos do Colour Revolt enveredam-se por uma trilha tortuosa, um post-grunge repleto de guitarras sujas e melodias com andamento diferenciado que não foram feitas agradar o gosto médio dos ouvintes. É o que está explícito no primeiro álbum dos caras, o interessante Plunder, Beg and Curse(2008)

“Naked and Red”, a primeira música do disco, já é sintomática. Com guitarras pesadas, bateria acelerada, a composição começa mais palatável para terminar numa apoteose raivosa do vocalista e dos instrumentos. O restante do álbum radicaliza um pouco mais em sua irruquieta excursão sonora. É recheado de tensões e distensões, com muitas cordas distorcidas e um certo inconformismo musical, o que dificulta a classificação de Plunder, Beg and Curse e o torna um trabalho que exige várias audições para se situar na mente da galera.

Não raro, os andamentos das músicas, a princípio convencionais, acabam surpreendendo lá na frente, como em “A Siren”, uma das melhores do disco, um indie mais suave que se transfigura numa canção gritada e explosiva e na não menos irrequieta “Swamp”. Em outros momentos, como em “Elegant View” e “Ageless Everytime”, o grupo se utiliza de um ritmo mais low-fi e com instrumentação dissonante para criar um clima de desolação, estranheza e desespero. Esses meninos, tenham certeza, têm algo a dizer.

Vejam se vocês concordam:

http://www.shareonall.com/Colour_gpna.rar

Cotação: 4