sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Faltou gás

Existe uma saudável compulsão do ser humano em buscar seu lugar ao sol. No universo da música, essa busca eleva-se ao quadrado e se dá no meio de uma competição pra lá de acirrada. Mas, entre as zilhares de bandas de rock que povoam o mundo, pouquíssimas conseguem a consagração, a glória de serem reconhecidas e adoradas por inumeráveis e alucinados fãs. Algumas delas fazem sucesso apenas no seu próprio terreiro. Outras, com a ajuda do santo forte, vão além de seus quintais e ganham as prateleiras das lojas de CDs em todo o planeta. E tem aquelas que quase chegam lá e, para ganhar o carinho do ouvinte, parecem ser capazes de vender a própria alma ao diabo. Esse é o caso dos escoceses do Biffy Clyro, que acabam de lançar o super comercial e equivocado, menos na linda capa, Only Revolutions (2009).

Pouca gente ouviu falar de Biffy Clyro. Conheci a banda por meio do interessante Infinity Land(2004), o terceiro da carreira, um disco ruidoso e que me causou boa impressão pelas melodias bem costuradas em meio ao peso rocker produzido pelo trio. O grupo passou a ser considerado “emergente” depois do relativo sucesso do álbum Puzzle(2007), que trilhava um caminho pop, um pouco mais a direita do que faziam antes. Only Revolutions seria então a prova dos noves, a afirmação da banda de que ela poderia se firmar de vez no mainstream. E o grupo capitaneado pelo vocalista Simon Neil seguiu nessa direção apostando numa produção mais acurada e com o auxílio do produtor Garth Richardson, que ajudou a produzir trabalhos de supergrupos como o fenomenal Rage Against the Machine.

E até que o Biffy Clyro tenta mostrar algum diferencial com a excelente “The Captain”, música que abre espetacularmente a mais nova empreitada dos escoceses. Épica e com arranjos de cordas que chega a lembra a pungência do Muse – banda para quem, aliás, o grupo está abrindo os shows internacionais – essa canção é a senha para um produto tecnicamente azeitado. E Only Revolutions se resume a esse apuro. Mas até que a galera tenta acertar a mão em canções razoáveis, como a bipolar “That Golden Rule”, que alterna dinâmica hardcore com momentos chá de camomila. Ou em “Bubbles”, com marcante mudança de andamento, e a balada “Many of Horror”, de refrão mais ganchudo.

Contudo, essas tentativas de acertos só reforçam o sentimento de que o pique criativo fica restrito a espasmos. O grupo envereda por uma seqüência de melodias que não engatam e se perdem no meio de uma maquiagem sonora que forçam uma empatia com o ouvinte. E tudo começa então a soar um tanto superficial e repetitivo. E você logo pensa: eita, essa aí tá querendo o sucesso a todo custo. É o caso evidente de músicas sensaborosas como “Whorses”, com sua batida bateria marcial, e as contidas “Know your Quarry” e “God & Satan”, que parecem com tudo aquilo que as bandas pos-grunges tentaram fazer, sem sucesso, após a referência deixada por Kurt Cobain. Pode até ser que Biffy Clyro toque um dia na trilha sonora da saga Crepúsculo, mas que eles deveriam rever seu conceito de música e buscar o vigor do rock acelerado e mais descerebrado que faziam antigamente, ah bem que deveriam.

Cotação: 3

Sinta o tempero do Biffy:

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Ouça a bacanuda The Captain:

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