terça-feira, 11 de agosto de 2009

Mould no tempo certo

Mister Bob Mould é um sujeito iluminado. Cabeça de duas das bandas alternativas mais legais e elogiadas dos anos 80 e 90, respectivamente Hüsker Dü e Sugar, o carinha tem talento incomum de criar belas composições que buscam a batida pop perfeita, desenhadas com linhas melódicas robustas e arranjos que valorizam a guitarra e a objetividade. Som direto, sem meio termo. Desde 1988, quando lançou seu primeiro álbum solo, o excelente Workbook, ele vinha apurando sua veia roqueira e popular. A experiência no Sugar é uma prova disso. O ápice, depois do ensaio que foi District Line(2008), é este definitivo Life and Times (2009), uma aula de bom gosto e equilíbrio musicais.

O último do novaiorquino Mould é cheio de bons achados em sua simplicidade. Arranjos eficientes e canções inspiradas fazem de Life and Times um feliz exemplar de coesão sonora. Tudo está aqui na medida certa. O álbum tem criações roqueiras pops feitas pra dançar, com um gostinho, de leve, dos anos 90, como as bacaninhas “City Lights(Days go by)”, “Mm 17” e “The Breach”, com bom solos de guitarra e um discreto teclado criando clima para a pista. Mais acelerada e compulsiva, “Argos” traz uma energia como não se via no artista já há algum tempo. Um pouco mais calma, “Life and Times” chega a lembrar a cena grunge com o peso das cordas e o vocal urgente do artista.

Vire o disco e encontramos o compositor e guitarrista Bob Mould ainda melhor, assinando baladas arrebatadoras, sem açúcar e com muito afeto. Destaque para pelo menos duas obras-primas do artista, a inebriante “Bad Blood Better”, que começa com acordes de violinos dissonantes e emenda numa melodia deliciosa, que abre espaço generoso para uma guitarra lancinante. A outra é a sensual “Wasted World”, com tocante interpretação de Mould que parece destoar do instrumental no refrão um tanto barulhento, mas que, no fim das contas, soa totalmente adequado à composição. Vale ainda citar “Spiraling Down”, que remete a Pearl Jam em seus melhores momentos. Rock dos bons.

A lentinha “I’m Sorry, Baby, but you Can’t Stand in My Light Anymore” e a climática “Lifetime” – a que mais destoa da linha roqueira do álbum - mantem, ainda assim, o nível de um grande álbum que tem tudo para colocar Bob Mould no lugar que merece estar: na linha de frente do rock mundial. Que as novas gerações e ouvintes fiquem espertos para esse compositor talentoso e que ainda vai dar muita alegria para saudosos como eu e para aqueles que se interessam por um som honesto. Life and Times é, até agora, o melhor trabalho solo desse cara. E que venham mais desses pela frente.

Cotação: 5

Não pense duas vezes e vá:

http://www.4shared.com/account/file/100402709/8e9590ef/RobertaoMould_-_VidaAndTimes-Fukt.html

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