sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Margot gosta de complexidade

Gosto de bandas pretensiosas. Independentemente do resultado de suas buscas, elas tentam pelo menos ter uma identidade própria, uma sonoridade diferenciada. A norte-americana Margot and the Nuclear So and So’s segue essa trilha. Richard Edwards, o vocalista e líder do grupo, faz assumidamente o que se convenciona chamar de art-rock. E nesse caso, leia-se arranjos complexos, melodias mais rebuscadas e pretensão.

Em Not Animal(2008), um dos álbuns do último projeto do grupo, que conta com um lado B, o vinil Animal, Margot, aprofunda sua música emocional e barroca. Antes havia lançado apenas o disco The Dust of Retreat (2006) sem muita repercussão. No meio do caminho entre o pop e o indie cabeça, o trabalho mais recente busca coesão. E quase chega lá. Excetuando as derrapadas, como nas poucas inspiradas "Hello Vagina" e "As Tall as Cliffs", o trabalho tem lá sua solidez, com composições boas de ouvir com um headphone de qualidade, para buscar os barulhinhos e detalhes dos arranjos.

A complexidade dos arranjos, bem costurados, está presente na orgástica "Cold, Kind and Lemon Eyes", que começa sussurrante, com instrumentação tímida, até ganhar contorno épico do meio em diante tirando o ouvinte do eixo. Repare na surpreendente orquestração de violinos em perfeita harmonia com uma guitarra mais pesada e no coro suave. Fascinante.

Outro bom exemplo da consistência musical de Not Animal está em "A Childrens Crusade on Acid", de melodia climática e que lembra um pouco Radiohead pré Ok Computer e na bacanuda "Page Written on a Wall", com inserção de metais com influências mexicanas, microfonia e vocal desesperado que resumem bem a inquietação criativa do grupo. Pretensões de lado, dê ouvidos a Margot. Vale a pena.

Arrisque:

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Cotação: 3

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