sábado, 7 de junho de 2008

Sem perder a ternura

Por alguns instantes, na década passada, quando a música eletrônica com sua radicalidade surgiu como uma novidade no mundo, cheguei a pensar que as alucinadas BPMs não passariam de mero modismo. Percebi depois que o gênero veio para ficar. Mesmo torcendo o nariz pra boa parte do que se fazia na área, principalmente no que dizia respeito aos sons mais minimalistas, aquele do tuntistum interminável, fui descobrindo algumas vertentes mais melódicas e degustáveis, como o drum’n’bass.

E fui vislumbrando ainda os grupos que buscavam misturas em suas batidas e usavam a eletrônica como meio para idéias sonoras mais robustas e emocionais. A Europa tornou-se vanguarda no segmento, apresentando grupos super interessantes como o Air, Simian Mobile Disco e o Les Rythmes Digitales. Pras bandas das Américas, o Brasil explorou seu multiculturalismo e riqueza musical, fabricando petardos de pura fusão como, entre outros, DJ Dolores, Sonic Junior e Marcelinho da Lua.

Na América de cima da linha do Equador, o cosmopolitismo de Nova Iorque deu sua contribuição com o ótimo LCD Soundsystem, apertando o play da eletrônica ligada visceralmente ao rock, e Chicago criou até uma vertente mais melódica com um ar deja vu e que se aproveitava largamente de sintetizadores. E é desse estado norte-americano, que vem Walter Meego, onde finalmente, depois de tanto blábláblá, queria chegar.

Walter Meego faz parte de uma ala da música eletrônica mais voltada à canção. Aquela com variedade melódica que faz chacoalhar os pés, mas que também mexe com os neurônios. Voyager(2008), o disco de estréia do duo de Illinois, vai na cola do dance elegante e polifônico. Abusam dos sintetizadores, filhos que são do synth pop, e que os aproximam, segundo alguns críticos, do Daft Punk e do mais recente Justice. Acho, porém, que a dupla é ainda mais pop, leve e pé no chão.

Voyager traz um som superagradável, bom de “bombar” na pista, como demonstra a deliciosa música de trabalho, “Wanna be a Star”, e “Letting Go”, que flerta com o rock e aparece como uma das melhores músicas do disco. Se a dupla se lambuza de sintetizador, espertamente, pisa no freio do vocoder, usado com moderação como em “Girls”, com um tecladinho brega, mas que funciona muito bem.

Um álbum muito bacana para as pistas e que já começa a ser bastante tocado em muitos vucovucos do planeta. E como a pista não foi feita apenas pros pulinhos, o disco oferece até uma mela cueca de responsa, a boa “In my Dreams”, talhada para dançar coladinho. Walter Meego é, sem dúvida, uma das gratas surpresas eletrônicas do ano.

Confira:

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E também:

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Ou finalmente:

http://www.mediafire.com/?yjon2geewdy

Cotação: 4

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